Franca Sozzani, editora da Vogue, grande maestrina da moda italiana

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Grande maestrina da moda italiana

Franca Sozzani (Foto: Reflex Amsterdam/Reprodução)

Editora da Vogue Itália há 28 anos

Franca Sozzani (Mântua, Itália, 20 de janeiro de 1950 – Milão, 22 de dezembro de 2016), editora-chefe da edição italiana da revista “Vogue”, diretora do braço italiano da editora Condé Nast desde 1994 e editora-chefe da Vogue Itália há 28 anos, uma das mentes mais criativas e poderosas do setor.

Sua carreira foi dominada pela grande transformação que empreendeu nas publicações de moda, por meio de editoriais polêmicos que iam muito além das roupas. Sob seu comando, a Vogue italiana trouxe fortes imagens que questionavam a loucura por cirurgias plásticas, os desastres ambientais, direitos dos gays, racismo (fez uma edição em 2008 só com modelos negras) e o novo papel da mulher na sociedade.

Depois de um editorial sobre violência doméstica, recebeu críticas por ter colocado créditos nas roupas das modelos. “Na Itália, a cada três dias, uma mulher morre assassinada por um parente, pelo marido ou pelo namorado. A ferramenta que eu tenho [para protestar contra isso]é uma revista de moda”, justificou. Além de se engajar em campanhas pela cura da aids, Franca era, desde 2013, presidente honorária do Instituto Europeu de Oncologia.

Quando assumiu a Vogue italiana, em 1988, Franca decidiu apostar em grandes nomes da fotografia (“Afinal, ninguém lê em italiano, só os italianos”), como Herb Ritts, Bruce Weber, Peter Lindbergh e Steven Meisel, estimulando-os a ultrapassar todos os tabus. “Não quero só que gostem da revista. Quando não gostarem, também teremos feito nosso trabalho”, dizia. No recém-lançado documentário Franca: caos e criação, dirigido por seu filho, Francesco, o CEO da Condé Nast Internacional Jonathan Newhouse contou que chegou a pensar em demiti-la, porque seu trabalho estava chocando o público.

Felizmente, não demitiu, e Franca se afirmou como uma das grandes maestrinas do mundo fashion, propondo reflexões importantes sobre as mudanças na sociedade nas últimas três décadas. Com Anna Wintour, da Vogue americana, ela formava a dupla de editoras de moda mais poderosa da atualidade, descobridora de novos talentos e capaz de mudar a carreira de qualquer profissional do setor – para o bem (quando elas o recrutavam para suas páginas) e para o mal (se elas o ignoravam). “Esqueçam, por favor, O Diabo Veste Prada. Miranda não existe! Prepotência e caprichos? Não haveria sequer tempo para isso. Além disso, não consigo imaginar que me suportaria”, avisou ela, referindo-se ao personagem de Meryl Streep no famoso filme de Hollywood.

Franca Sozzani, que tinha 66 anos, lutava contra um câncer havia um ano e fez sua última aparição pública em Londres no dia 5 para receber um prêmio sobre sua trajetória. Dias antes, estivera em Paris para assistir ao desfile da Chanel no Hotel Ritz.
(Fonte: http://epoca.globo.com/sociedade/bruno-astuto/noticia/2016/12 – SOCIEDADE/ Por BRUNO ASTUTO – 22/12/2016)
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