Carlos Zara, atuou na regravação da novela Mulheres de Areia, que o tinha consagrado na Tupi na década de 70

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O ator diretor de tevê e teatro

Deixa sua marca em 30 novelas, 26 peças e quatro filmes

 

 

Carlos Zara atuou na regravação da novela Mulheres de Areia, que o tinha consagrado na Tupi na década de 70

Atuou na regravação da novela Mulheres de Areia, que o tinha consagrado na Tupi na década de 70

 

 

Antônio Carlos Zarattini, mais conhecido como Carlos Zara (Campinas, 14 de fevereiro de 1930 – São Paulo, 11 de dezembro de 2002), fez mais de 40 trabalhos na televisão, entre novelas e seriados.

O ator era casado com Eva Wilma, com quem viveu durante 22 anos. Seu último papel na televisão foi Otávio, no seriado ‘Mulher’, marido da personagem Marta, interpretada pela própria esposa. Em 50 anos de carreira, foram 30 novelas, 26 peças e 4 filmes.

Foi por intermédio da engenharia que Carlos Zara decidiu mudar de profissão e investir no ofício de ator. Durante o curso da Escola Politécnica de São Paulo, o jovem nascido em Campinas em 14 de fevereiro de 1930 participou de um espetáculo amador e chamou a atenção do ator Sérgio Cardoso, que estava na plateia do auditório da faculdade e o convidou para integrar sua companhia.

Depois de se dividir por oito anos entre a engenharia e o palco, Zara recebeu um convite para trabalhar na recém-fundada TV Record e tomou a decisão que sempre considerou a mais acertada de sua vida. “Apostei no novo veículo e fiz parte de uma geração que levou para a tevê um pouco do brilho do teatro”, dizia o artista.

Com 30 novelas, várias delas também como diretor, 26 peças e quatro filmes, Carlos Zara construiu umas das carreiras mais sólidas da dramaturgia brasileira. Sem nunca deixar o palco, ele ainda dirigiu teleteatro na Record, integrou o elenco de estrelas da Excelsior na década de 60 e foi galã da Tupi, onde protagonizou a primeira versão da novela Mulheres de Areia, em 1973, ao lado de Eva Wilma, com quem se casaria quatro anos mais tarde.

Com a falência da Tupi, transferiu-se para a Globo em 1979, estreando em Pai Herói e fazendo outras 13 novelas, entre elas a nova versão de Mulheres de Areia, em 1993, como o comerciante Zé Pedro. Seu último trabalho foi o Otávio do seriado Mulher, contracenando com a esposa Eva Wilma, exibido entre 1998 e 1999.

 

Em vida – Antônio Carlos Zarattini nasceu em 14 de fevereiro de 1930, em Campinas, no interior de São Paulo. Mudou-se para a capital para estudar Engenharia, tendo sido colega do político Mário Covas (que no ano passado morreu de câncer). Formou-se, mas acabou trocando os livros pelos palcos, onde se consagrou.

Sua estréia profissional aconteceu em 1953, na peça ‘Cama para Três’. A montagem lhe trouxe reconhecimento e o ajudou a entrar para a prestigiada companhia de teatro de Nídia Lícia (1926-2015) e Sérgio Cardoso. Em 1956, ao lado da ainda companheira de trabalho Eva Wilma, ingressa na TV Record, com o seriado ‘Alô Doçura’. Aqueles eram os primeiros anos da televisão brasileira. Em 1960, dirige e encena adaptações de clássicos da literatura para o ‘Grande Teatro Record’.

Em 1963, muda-se para a antiga TV Excelsior, que reunia um elenco de peso, com nomes como Chico Anysio, Jô Soares, Daniel Filho, Tarcísio Meira e Glória Menezes. Zara chegou a dirigir o núcleo de teledramaturgia da emissora. Foi lá, em 1967, que o ator viveu um de seus papéis mais marcantes, o Capitão Rodrigo, adaptação para a TV do romance ‘O Tempo e o Vento’, de Érico Veríssimo. O sucesso do personagem o tirou do sufoco quando ele ficou desempregado, em 1980, após a emissora fechar as portas. Durante sete meses, Zara conseguiu se sustentar graças a convites para bailes de debutantes.

Zara e Eva contracenaram, em 1973, na novela Mulheres de Areia. Zara como o galã Marcos, e Eva, as gêmeas Ruth e Raquel, vividas anos depois (1993) por Glória Pires. Os dois casaram-se quatro anos depois, em 1977, após Eva separar-se do ator John Herbert. Desde então, formaram uma parceria profissional e amorosa invejável.

De lá pra cá, Zara atuou em dezenas de novelas e minisséries da Rede Globo entre elas ‘Por amor’, ‘Anjos rebeldes’, ‘Pátria minha’, ‘Cara ou coroa’, ‘Sassaricando’, ‘Sangue do meu sangue’, entre muitas outras. O último trabalho de Zara na TV foi ao lado da esposa, no seriado ‘Mulher’ (1998/1999). Carlos interpretou o personagem Otávio, marido da Dr. Martha (papel de Eva Wilma). Foi com a ajuda de uma bengala e usando duas próteses nos tornozelos que Zara fez suas participações no seriado.

‘Nessa época o Zara já estava um pouco limitado por conta da doença (polineurite inflamatória crônica), mas ele fazia questão de gravar. Nunca faltou e nem criou problemas. Até mesmo quando propomos que ele saísse, ele quis ficar. A Eva mostrava um carinho extraordinário com ele’, lembra emocionado o autor Antônio Calmon que escreveu alguns episódios da famosa série. Atualmente escrevendo os capítulos de ‘O Beijo do Vampiro’, o autor lamenta profundamente a perda ‘desse grande ator e principalmente da doce pessoa que ele é’.

Seus problemas de saúde começaram em 1992. Zara tinha uma polineurite inflamatória crônica, doença degenerativa que afeta as pernas, limitando os movimentos. Em 2001, o ator descobriu que sofria de câncer de esôfago e começou um tratamento de quimioterapia. Apesar da saúde debilitada, o ator continuou a interpretar até quando p. Em entrevista ao site médico Instituto Day Care Center, o ator comentou a doença. ‘Na vida, nada é muito bom ou muito ruim. Tudo isso tem de ser levado de uma maneira tranqüila e sabendo-se que a vida é assim mesmo’.

Ano que vem ele faria 50 anos de carreira junto com sua esposa Eva Wilma, que ingressou no mundo artístico aos 15 anos.

 

Carlos Zara morreu, aos 72 anos, em 11 de dezembro, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde estava internado por causa de uma broncopneumonia. Zara morreu em decorrência da falência de múltiplos órgãos. Foi o último capítulo da briga que travava contra um câncer de esôfago.

Repercussão

“Por trás de sua postura de homem durão e bravo, encontra-se um humanista liberal, afetuoso e permanentemente interessado nas questões sociais e políticas de seu país”
Eva Wilma, atriz e viúva do ator

“Comecei minha carreira na TV sob o comando do Zara, no final da década de 70. Ele já era um grande ator e uma pessoa extremamente doce e inteligente”
Cláudia Alencar, atriz

“Foi um excelente ator, grande colega e amigo”
Paulo Autran, ator

“A TV está cada vez mais pobre. Ele deixará uma lacuna enorme”
Silvio de Abreu, autor

“Foi um dos homens mais importantes da televisão e um amigo de bons papos. Deve estar fazendo teatro lá em cima”
John Herbert, ator e ex-marido de Eva Wilma

“Além de grande amigo e uma grande personalidade, Zara era um companheiro de lutas políticas no Teatro de Arena”
Lima Duarte, ator

(Fonte: https://www.terra.com.br/istoegente/176/aconteceu – ACONTECEU – TRIBUTO/ por Dirceu Alves Jr. – 16/12/2002)

(Fonte: http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem – REVISTA ÉPOCA – 16.12.2002)

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