Assef Shawkat, vice-ministro da Defesa, outro cargo que lhe permitiu exercer o poder fora dos holofotes

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Assef Shawkat, o pulso oculto da repressão

Assef Shawkat (Tartus, Síria, 15 de janeiro de 1950 – Damasco, 18 de julho de 2012), cunhado do presidente Bashar al-Assad era um dos pilares do regime da família Assad. 

 

Apesar da dificuldade para entrar no clã, Shawkat era considerado um membro do círculo próximo ao ditador sírio. Depois de anos como vice-presidente e depois presidente do serviço de inteligência, ele se tornou vice-ministro da Defesa, outro cargo que lhe permitiu exercer o poder fora dos holofotes.

 

Telegramas diplomáticos dos EUA publicados pelo Wikileaks descrevem Shawkat como um oficial inteligente, bem instruído e parte do “problema de mortes” na Síria. Washington impôs sanções a Shawkat em 2006, por causa de suspeitas de que ele teria orquestrado a morte do ex-premier libanês Rafik al-Hariri.

 

Ativistas anti-Assad viam Shawkat como o pulso de ferro na repressão contra o levante antigovernista, mas fontes da segurança libanesa dizem que o cunhado de Assad atuava mais nas decisões políticas.

 

– Shawkat preferia a força, mas ele é apenas parte do grupo que toma as decisões. Este regime é como uma rede – disse uma fonte libanesa.

 

Shawkat era casado com a única filha de Hafez al-Assad – pai e antecessor de Bashar. Depois da morte do sogro, em 2000, Shawkat foi visto como uma das pessoas que ajudou a administrar o país até a posse de Bashar. Durante a campanha eleitoral de Bashar, era possível ver vários cartazes no país com a foto dos dois juntos de Maher – irmão do ditador. A legenda dizia: “Pela primeira vez na Síria: vote para um presidente e ganhe dois absolutamente de graça”.

 

Segundo os opositores, Shawkat apareceu em público só duas vezes desde que o levante popular ganhou contornos de insurgência armada na Síria. Ele teria estado em Homs e Zabadani, quando o Exército cercou as duas cidades.

 

– Nas duas vezes, foi a mesma coisa. Ele se encontrou com alguns rebeldes e disse: “Saiam, e ligaremos a luz e a água de volta” – disse um ativista. – Nas duas vezes, os rebeldes recuaram, a luz e a água foram religadas e cercos começaram no dia seguinte.

 

Desafetos dentro da família

 

 

Assim como os Assad, Shawkat era alauíta, um braço do Islã xiita que desde Hafez domina o poder no país. Mas, além da religião, Shawkat cresceu com muito pouco em comum com o ditador e seus parentes. Nascido na cidade de Tartus, Shawkat deixou sua casa humilde para entrar para o Exército. Mas a grande virada de sua vida foi seu casamente com Bushra, irmã mais velha de Bashar.

 

Ele precisou de coragem e paciência, já que a família Assad não aprovava a união. Eles achavam que Shawkat tinha os requisitos suficientes para entrar no clã e o general chegou a ser preso em 1993, só para ficar afastado de Bushra, mas um ano depois os dois finalmente se casaram.

 

Hafez transformou Shawkat em vice-presidente de inteligência militar e, em 2005, ele foi indicado por Bashar para chefiar unidade. Mas a relação do general, de 62 anos, com a nova geração Assad parece ter sido conturbada. Diplomatas dizem Maher, o caçula dos Assad, já chegou a atirar em Shawkat. Alguns ainda afirmam que o próprio Bashar teria ressentimentos com o cunhado e com a irmã, a preferida do pai Hafez.


Assef Shawkat faleceu em 18 de julho de 2012.

 

(Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo/assef-shawkat-pulso-oculto-da-repressao-5509286 – POR REUTERS – BEIRUTE – 18/07/2012)

 

 

 

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