Agnès Varda, figura pioneira e excência do cinema francês, dirigiu filmes como ‘Os Renegados’ e foi indicada ao Oscar em 2018

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Agnès Varda, cineasta francesa, figura pioneira e excência do cinema francês

A diretora Agnes Varda na première do filme “Dheepan” (Foto: JEAN-PIERRE AMET / REUTERS)

 

 

Uma das vozes da nouvelle vague, ela dirigiu filmes como ‘Os Renegados’ e foi indicada ao Oscar em 2018.

 

Ícone da nouvelle vague, diretora integrou grupo mais engajado politicamente dentro do movimento

 

Agnès Varda (Bruxelas, 30 de maio de 1928 – França, 28 de março de 2019), cineasta belga radicada na França, foi uma das grandes forças do audiovisual francês, foi pioneira do movimento Nouvelle Vague.

 

Entre os filmes mais conhecidos que fez na extensa carreira estão “Os renegados” (1985), Leão de Ouro em Veneza; “As duas faces da felicidade” (1965), Prêmio do Júri em Berlim; e “Cléo das 5 às 7” (1962), indicado à Palma de Ouro em Cannes.

 

Seus trabalhos foram marcados por estruturas e narrativas ousadas. “La Pointe-Courte” (1955), seu longa de estreia, por exemplo, tinha narração dupla, enquanto acompanhava histórias distintas de uma vila. Vários críticos citam este trabalho como um precursor da Nouvelle Vague, o movimento que se propunha a se desprender das convenções narrativas e estéticas na França. Alguns de seus integrantes mais célebres, além de Agnès Varda, são François Truffaut, Jean-Luc Godard, Alain Resnais, Claude Chabrol, Jacques Rivette, Chris Marker e Eric Rohmer.

 

“Cléo das 5 às 7” era praticamente narrado em tempo real, como indica o título. O filme acompanha a jornada de uma cantora hipocondríaca que enfrenta a ansiedade enquanto aguarda os resultados de exames médicos. O longa é considerado uma dos melhores já feitos, tendo sido incluído na lista de “Grandes Filmes” do crítico Roger Ebert.

Em ‘Cléo das 5 às 7’ (1962), o segundo longa-metragem da carreira de Agnés, Corinne Marchand vive uma cantora que aguarda o resultado de uma biópsia (Foto: Divulgação)

 

Ela cunhou o termo “cinecritura” (cinecriture, no original) para denominar o domínio autoral sobre seus trabalhos, que frequentemente dirigia, roteirizava, montava, escolhia locações, fotografava e determinava os movimentos de câmera. Ou seja, era uma artista completa.

 

Ela cunhou o termo “cinecritura” (cinecriture, no original) para denominar o domínio autoral sobre seus trabalhos, que frequentemente dirigia, roteirizava, montava, escolhia locações, fotografava e determinava os movimentos de câmera. Ou seja, era uma artista completa.

 

Arlette Varda nasceu em Bruxelas, na Bélgica, em 30 de maio, filha de uma francesa e um engenheiro de uma família de refugiados gregos vindos da Ásia. Era irmã de quatro. Aos 18 anos, trocou seu nome para Agnès. Durante a Segunda Guerra, viveu num barco na França com o resto da família. E, em Paris, estudou Literatura e Psicologia.

 

Creditada como diretora em mais de 50 trabalhos, ela foi indicada ao Oscar pelo documentário “Visages Villages” (2017), quando se tornou a pessoa mais velha a competir à estatueta numa categoria competitiva. No mesmo ano, foi homenageada com um troféu honorário, pelo conjunto da obra.

 

A cineasta pioneira da Nouvelle Vague francesa, Agnès Varda, inspiradora de gerações de artistas, construiu uma obra original, muitas vezes pioneira, na fronteira entre o documentário e a ficção.

 

Mulher de fortes convicções, Varda foi autora de “Cléo das 5 à 7” (1962), “Os Renegados” (1985), “Os Catadores e eu” (2000), “As Praias de Agnès” (2009) e “Visages, Villages” (2017).

 

Premiada com um Leão de Ouro em Veneza em 1985 por “Os Renegados” e com um César de melhor documentário em 2009 por “As praias de Agnès”, Agnès Varda deixa uma obra onírica, humanista, radical, mas também visionária e engraçada.

Varda foi uma das vozes da nouvelle vague, movimento que marcou o cinema francês contestatório dos anos 1960 e influenciou gerações que viriam depois.

A filmografia da diretora inclui títulos como “Cléo das 5 às 7” (1962), “As Duas Faces da Felicidade” (1965) e “Os Renegados” (1985), pelo qual ganhou um Leão de Ouro no Festival de Veneza.

Companheira do cineasta Jacques Demy de 1962 até sua morte em 1990, feminista comprometida, Agnès Varda, que liderou com a atriz Cate Blanchett uma marcha das mulheres pela igualdade no último Festival de Cannes, também era uma diretora engajada socialmente, muitas vezes concentrando o seu trabalho no destino dos excluídos.

 

Também fotógrafa e artista plástica, começou como diretora em 1954 com seu primeiro longa-metragem “La Pointe courte”.

Ela também foi indicada ao Oscar em 2018 pelo documentário “Visages villages”, sobre sua jornada pelo interior da França, ao lado do artista JR, para fazer retratos e colher histórias de moradores de vilarejos.

Varda perdeu para “Ícaro”, investigação sobre o sistema antidoping na Rússia, mas ganhou um prêmio honorário da Academia.

Na França, acumulou premiações: um César honorário em 2001 e uma Palma honorária no Festival de Cannes de 2015. Também recebeu um Oscar honorário em 2017 pelo conjunto de sua carreira.

A cineasta era figura frequente no Festival de Cannes, onde apresentou mais de uma dúzia de filmes entre 1958 e 2018. Ela participou duas vezes do júri da mostra e ganhou uma Palma de Ouro em 2015, pelo conjunto da obra.

Seu último trabalho, o documentário “Varda por Agnès” foi apresentado em fevereiro no Festival de Berlim.

 

Neste filme introspectivo em duas partes em forma de lição de cinema e balanço de uma carreira de mais de sessenta anos, ela fala sobre suas inspirações e seu trabalho, principalmente depois dos anos 2000.

 

A cineasta disse então, durante uma longa e emocionante coletiva de imprensa em Berlim, que estava “desacelerando” e “se preparando para se despedir, para partir”.

Seu trabalho mais recente foi a série em documentário “Varda par Agnès”, que a mostra discutindo sua obra diante de um público ao vivo.

Ao promover o filme no Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro deste ano, ela não descartou fazer mais filmes. Disse que poderia não trabalhar até os 102 anos de idade. “Mas até agora tudo bem”, falou na ocasião.

Sua primeira filha, Rosalie, foi fruto do relacionamento com o ator Antoine Bourseiller. Em 1962, ela se cansou com o consagrado cineasta francês Jacques Demy, e tiveram o filho Mahieu. Demy morreu por complicações da Aids em 1990, mas o amor continuou.

No ano seguinte, ela fez “Jacquot de Nantes”, uma dramatização da infância do ex-marido. E, quando foi homenageada pela Academia de Hollywood, em 2017, carregou consigo um grande retrato de Demy.

 

“Precisamos extrair força de artistas como Agnes”, disse a atriz Angelina Jolie, na ocasião. “As mulheres que largaram na frente e tomaram o primeiro passo abriram o caminho para todas nós.”

 

Varda, então, respondeu: “Não tem nenhum homem nessa sala que me ama, não?”.

Agnès Varda morreu em 29 de março de 2019, aos 90 anos, em sua casa na França. A causa foi um câncer.

“É uma grande dama do cinema e uma enorme dama que está nos deixando. Por 90 anos, ela acompanhou a história do cinema. Sempre estava muito à frente de todos. Foi a primeira para fazer filmes que influenciaram a Nouvelle Vague”, reagiu à AFP o diretor Claude Lelouch.

 

“Generosa, alegre, profundamente humana, Agnès Varda iluminou nossas vidas através de seus filmes de uma inventividade louca”, reagiu nesta sexta-feira o presidente do Centro Nacional do Cinema (CNC) Frédérique Bredin, acrescentando que “trouxe através de suas obras, seus combates pela condição das mulheres”.

“Varda partiu, mas Agnes sempre estará presente. Inteligente, alegre, doce, espirituosa, engraçada, surpreendente como a sua obra. Seus filmes são nosso tesouro”, escreveu no Twitter o ex-presidente do Festival de Cinema de Cannes, Gilles Jacob.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/filmes – CULTURA / FILMES / Por O Globo – 29/03/2019)

(Fonte: https://istoe.com.br – Edição nº2570 – CULTURA / Por AFP – 29/03/19)

(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2019/03/29 – POP & ARTE / CINEMA / NOTÍCIA / Por G1 – 29/03/2019)

(Fonte: Veja, 10 de abril de 2019 – ANO 52 – Nº 15 – Edição 2629 – DATAS – Pág: 27)

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