A primeira mulher guitarrista do Brasil

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A primeira mulher guitarrista do Brasil

 

Lucinha Turnbull, a primeira guitarrista mulher do Brasil

 

No início da década de 70, Lucinha Turnbull formou com Rita Lee o duo Cilibrinas do Éden, que viria a se tornar a banda Rita Lee e Tutti Frutti. Lucinha tocava guitarra base no projeto.

 

Ela é considerada a primeira mulher a assumir uma guitarra no Brasil. Sofreu preconceito e boicote, mas escreveu uma bonita carreira na música brasileira. A cantora, compositora e guitarrista Lucinha Turnbull tocou ao lado de Rita Lee na banda Tutti Frutti, foi parceira de Paulo Leminski e participou como instrumentista de importantes discos como “Refavela”, de Gilberto Gil, além de ter acompanhado Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Luiz Melodia, entre outros.

 

Entre indas e vindas, a musicista, hoje com 65 anos, já tocou com nomes como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Moraes Moreira, além de seu projeto solo.

 

Considerada a primeira mulher a tocar guitarra profissionalmente no Brasil, a paulistana de sangue escocês Lucinha Turnbull escolheu um caminho um pouco mais obscuro. De tiete do auditório de Ronnie Von e Mutantes aos palcos com Gilberto Gil, passando pela histórica parceria com Rita Lee na dupla Cilibrinas e na banda Tutti Frutti, poderia viver atualmente colhendo os louros da fama nos anos 1970 e 80, mas acabou levando uma vida mais low profile.

 

 

Lucinha Turnbull, nota da Revista Pop. “Lucinha Turnbull saiu do Tutti Frutti” (abril de 1975) (Crédito: Reprodução)

 

 

Tpm encontrou a artista em uma tarde de sexta-feira em São Paulo, no Alto da Lapa, o bairro onde mora, e bateu um longo papo com ela:

Tpm. Como foi seu primeiro contato com um instrumento musical?
Lucinha. Eu tinha 13 anos, foi um violão, de 1966. Minha mãe que me deu, até hoje eu tenho. Ah, mas não tenho muitas lembranças desse momento. Você vai ficando mais velha, e as pessoas passam a contar sua história por você. [risos]. Você faz e fala muita coisa que não lembra. Depois desse violão, eu passei a andar com uns amigos cariocas que moravam no prédio. Eles tinham uma banda, chamada Capops – Cagando e andando pra opinião pública. Eu tinha 14, e começamos a tocar nas festinhas do prédio. Eu cantava e tocava pandeiro, não violão. [risos]

E quais eram seus ídolos na música nessa época? Beatles, com certeza, os maiores. Foram a grande referência da minha formação. Mas eu sempre os considerei companheiros de estrada também, sabe? Do tipo: eles estão bem, vou ficar também. Ir pra Londres foi incrível por isso também. Me sentia cheia de energia lá. Cheguei a entrar no fã clube oficial da banda. Lembro que quando John Lenon morreu, em 1982, minha mãe achou que eu me jogaria pela janela.

 

 

E você chegou a ficar amiga do Ronnie Von, né? Como e quando foi isso? Sim! Eu frequentava a casa do Ronnie. Conversávamos sobre música. Cheguei a encontrar artistas por lá. Mas né, eu era só uma menina, uma fã deslumbrada. Não lembro como cheguei até lá, fui invadindo, eu acho. Mas o Ronnie sempre um querido. Imagina uma menina te enchendo o saco sempre?!

Do Ronnie para “Lucinha Beatle, minha menininha”

Falar da Lucinha é voltar a minha juventude. É como uma devolução da minha juventude, na verdade. Nós nos ligamos pela música, pelo amor pelo rock and roll. Foi assim, o meu programa na época era dedicado ao rock inglês. A Lúcia frequentava a plateia, e aos poucos ela foi se aproximando, até o ponto de chegar a tocar com os Mutantes, que eram uma grande atração do meu programa. Aí, meu pai era diplomata em Londres, e trazia todos os discos em primeira mão. Eu era fã de Beatles, Lucinha era mais que fã, era louca por eles. Começamos a nos reunir na minha casa pra ouvir os álbuns dos Beatles. A primeira vez que ouvi Revolver, eu estava com a Lucinha e com a Rita também, na sala da minha casa. Eu sou 8 anos mais velho que a Lúcia, e lembro dela como minha menininha, e era assim que eu a chamava “minha menininha Lucinha Beatle”. E outra coisa, com certeza a primeira mulher que vi tocar guitarra foi ela. Muito antes da Rita, muito antes das artistas da TV, ela já tocava, e tocava muito bem. Ela é parte da minha vida. Parte fundamental e inesquecível da minha carreira.

 

 

E você frequentava o programa dele também. Foi lá que conheceu os Mutantes? Não saía do programa por nada. Meu pai me levava a todos. Até achavam que meu pai era pai do Ronnie. Eu era muito fã dos Mutantes. Isso em 1966, mais ou menos. Meu pai representava a revista inglesa Rave, eu pegava a revista e ficava da plateia mostrando ela pros Mutantes, desconcentrando eles. Em 1970, bem mais tarde já, eu andava pela Alameda Campinas, parou um Jaguar verde musgo, baixou a janela e era o Ronnie: “Lúcia tudo bem? Como vai você, como vai seu pai? Posso te levar a algum lugar?”. Ele é muito educado, o admiro muito, é um gentleman. Nunca vou esquecê-lo.

 

 

E você foi com o seu pai, pra Londres, certo? Aos 16. Isso. Comecei a estudar inglês lá, tinha uma professora canadense e um inglês. Um casal que tinha um grupo folk, ela tinha 22 e ele 20 anos. Tinha o Mike também, com 26, ele trabalhava em um antiquário. Os três tinham essa banda, a Solid British Hat Band. Tocavam músicas de protesto e me chamaram pra fazer parte do grupo. Na minha segunda vez em Londres, quando fui com a Rita, o Liminha e a Leila, namorada dele na época, gravei com o Mike em uma nova banda, a Everyone Involved. Fizemos um dos primeiros discos independentes, Either or. O Ritchie estava na banda, tocamos em um parque, lembro. Toquei baixo, eu acho.

 

 

Tem uma história que você estava em Londres, e enviou uma carta pro Arnaldo Baptista. Isso. Arrumei o endereço dele no Brasil e enviei. Queria ficar em contato com os Mutantes. Não tinha contato nenhum além do de tiete, mas não queria que me esquecessem.

 

 

E o que ele respondeu? Se eu conhecia a Janis Joplin. Eu respondi perguntando se isso era homem ou mulher. Ele nunca mais me respondeu [risos].

 

 

E como foi o primeiro contato com os Mutantes? Um show no Clube Tietê, em 1970. Cheguei e perguntei se eles lembravam de mim da plateia do Ronnie Von. Disse que estava chegando de Londres. E daí aquela coisa, você esteve em Londres, você era alguma coisa. Podia estar fazendo nada, estava em Londres, pronto. A partir daí comecei a andar com eles. Tocava um pouco com o Sérgio, ele ficava me desafiando pra ver se eu perdia o ritmo no violão.

 

 

“Nunca liguei pra essa coisa de ser a primeira guitarrista brasileira. Eu só queria tocar”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Fonte: http://culturabrasil.cmais.com.br/colunas – COLUNAS / RÁDIO CULTURA BRASIL / TV Cultura / Por Alexandre Ingrevallo – 10/03/16)

(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/musica/videos – DIVERSÃO / MÚSICA / VÍDEOS – 29 mar 2019)

(Fonte: https://revistatrip.uol.com.br/tpm – TPM / MÚSICA / POR NATACHA CORTÊZ – 22.04.2013)

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