Magda Renner, ativista ambiental, considerada a “primeira-dama da ecologia”

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Considerada ‘primeira-dama da ecologia’

Ela esteve à frente de grandes causas ambientais desde os anos 1960.

Porto-alegrense conhecida como a primeira-dama da ecologia, ela integrava a geração de ativistas capitaneada por José Lutzenberger

Magda Renner (Foto: Júlio Cordeiro / Agencia RBS)

Magda Renner (Foto: Júlio Cordeiro / Agencia RBS)

Magda Renner (Porto Alegre, 1926 – Porto Alegre, 11 de outubro de 2016), ambientalista, considerada a “primeira-dama da ecologia” Natural de Porto Alegre, a ecologista esteve à frente de grandes causas ambientais desde a década de 1960. 

A geração de ouro da ecologia, capitaneada por José Lutzenberger, que morreu em 2002, Magda foi uma de suas ativistas mais influentes.

Magda Elisabeth Nygaard Renner morreu em casa, em Porto Alegre — cidade onde nasceu, construiu família e esteve à frente de importantes causas ambientais desde a década de 1960, após ter ingressado na Ação Democrática Feminina Gaúcha (ADFG), grupo criado por mulheres que não se satisfaziam em apenas serem donas de casa.

A ativista ambiental Magda Renner (Foto: Divulgação)

A ativista ambiental Magda Renner (Foto: Divulgação)

O fascínio em observar a mãe, Irma, a cuidar do jardim despertou uma ambição maior do que aprender a enterrar uma latinha para que a ferrugem do metal influenciasse na tonalidade das flores. Foi em casa, com a mãe, quem dizia ser uma “ecologista por natureza”, que ela entendeu a importância de reutilizar materiais e de não desperdiçar alimentos. Magda contaria histórias como essa décadas depois, quando ficaria conhecida como a primeira-dama da ecologia, com direito a uma homenagem do governo federal em 2003, em Brasília. A data não poderia ser diferente: 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.

Viúva desde 1998 do empresário Otto Renner e nora de Antônio Jacob Renner, fundador da empresa gaúcha que leva seu sobrenome, Magda agitou desde as primeiras iniciativas de reciclagem na Capital até conferências internacionais sobre ameaças e regulamentação de substâncias químicas.

Em entrevista a Zero Hora, em 2003, a amiga Giselda Castro, uma das fundadoras da ADFG, que morreu em 2012, descreveu a ecologista como uma mulher discreta e reservada, mas que se transformava quando pegava um megafone. “A Magda tem um carisma especial, é mais coração e mente”, disse Gisela, à época.

Magde Renner e Giselda Castro

Magde Renner e Giselda Castro

Mas a personalidade imponente da gaúcha não se destacava apenas em episódios como a luta contra a maré vermelha que atingiu o litoral gaúcho nos anos 1970. Apaixonada pela altivez dos cavalos, saltava em provas hípicas. Em uma época em que a maioria das mulheres se dedicava a novos pontos de crochê, Magda ganhou um cavalo que batizou de Guarani, em homenagem aos índios que legaram a erva-mate.

Magda começou a atuar na luta ambiental em 1972, após conhecer José Lutzenberger. Atuava junto à Ação Democrática Feminina Gaúcha. A ADFG voltou-se fortemente à luta ambiental criticando fortemente as políticas de desenvolvimento adotadas sem sustentação ecológica ou social. A entidade promoveu o primeiro projeto de separação do lixo em Porto Alegre e passou a atuar em foros internacionais contra a pobreza e a favor das questões ambientais.

O escritório da ADFG em Porto Alegre transformou-se em centro de articulação nacional e mundial. Com Giselda Castro como vice-presidente, a ADFG se tornou o braço brasileiro da Friends of the Earth (Amigos da Terra). A organização internacional de proteção ao Meio Ambiente tem representações em mais de 70 países. A partir de então, as duas percorreram o mundo em conferências internacionais, na ONU e no Banco Mundial.

Atuou em inúmeros episódios na luta ambiental do Rio Grande do Sul e durante a Constituinte de 1987/1988. Participou de inúmeros colegiados em nome da entidade, como na luta contra os agrotóxicos e a criação da legislação estadual, entre 1982 e 1984. Apoiou a organização dos Encontros Estaduais das Entidades Ecológicas, promovendo alguns deles. Apoiou a criação da federação das entidades ecologistas por meio da APEDEMA-RS, sediando por muitos anos sua Coordenação, viabilizando seu funcionamento.

Nos anos 1980, engrossou passeatas que alertavam sobre os problemas decorrentes da instalação do III Polo Petroquímico, em Triunfo. Antes havia atuado fortemente para denunciar a tragédia da Praia de Hermenegildo, no Sul do Rio Grande do Sul, poluída por dejetos químicos lançados ao mar.

Substantivo feminino Substantivo Feminino é o título de um longa-metragem documental produzido pela Daniela Sallet Produções que resgata a história de duas mulheres pioneiras para a militância ambiental no Rio Grande do Sul e no Brasil: Giselda Castro e Magda Renner. Substantivo Feminino tem depoimentos de ativistas brasileiros e de estrangeiros que conviveram com Magda e Giselda nas mobilizações internacionais.

Diagnosticada com Alzheimer havia 13 anos, Magda Renner morreu em casa, na capital, aos 90 anos.

Paulo Nuhrich, afirmou que com a morte de Magda Renner, que se acrescenta às de José Lutzenberger, Hilda Zimmermann, Giselda Escosteguy Castro, Flavio Lewgoy e Augusto Carneiro, fecha-se um tempo que não voltará mais. Lembrou que em 1982, quando trabalhava com o deputado estadual Antenor Ferrari, autor da lei dos Agrotóxicos (7747/82), as três, Magda, Giselda e a Hilda, eram sempre as  primeiras a chegar às dezenas de reuniões, afora os contatos feitos durante todo o tempo, que culminaram na lei.

(Fonte: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/10 – RIO GRANDE DO SUL – Do G1 RS – 12/10/2016) (Fonte: http://www.sul21.com.br – 13/out/2016) (Fonte: Zero Hora – ANO 53 – Nº 18.593 – 12 de outubro de 2016 – TRIBUTO – Pág: 34)

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