Zuza Homem de Mello, jornalista, se especializou na história da música popular brasileira (MPB), foi o mais importante pesquisador de música do País

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Musicólogo e jornalista, um dos nomes mais importantes da música brasileira

 

 

 

Zuza Homem de Mello participa da abertura da Tarrafa Literária, em Santos — (Foto: José Bassif)

 

 

José Eduardo Homem de Mello (São Paulo, 20 de setembro de 1933 – São Paulo, 4 de outubro de 2020), músico, escritor, jornalista, crítico e pesquisador, contrabaixista e técnico de som, mais conhecido como Zuza Homem de Mello, foi o mais importante pesquisador de música do País.

 

Zuza esteve à frente dos grandes festivais da MPB nos anos 60 e apresentava programas do gênero, inclusive na Record TV.

 

Zuza marcou a história da música brasileira por trabalhos com nomes como Elis Regina, Milton Nascimento e Gilberto Gil. Dirigiu festivais como O Fino da Música e o Festival de Verão do Guarujá, e apresentou o programa “Jazz Brasil”, na TV Cultura.

 

Biografia

José Eduardo Homem de Mello, mais conhecido como Zuza Homem de Mello, nasceu no dia 20 de setembro de 1933. Jornalista, ele se especializou na história da música popular brasileira (MPB).

Zuza atuou como baixista na noite até que, em 1955, abandonou o curso de engenharia para se dedicar à música. No ano seguinte, iniciou-se no jornalismo, assinando colunas sobre música para os jornais Folha da Noite e Folha da Manhã.

Em 1957, foi estudar música na School of Jazz, em Tanglewood, nos Estados Unidos, onde teve aulas com Ray Brown e outros músicos. Entre 1957 e 1958, estudou musicologia na Juilliard School of Music, de Nova York.

 

Zuza Homem de Mello, em foto de agosto de 2013 — (Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo/Arquivo)

 

 

De volta ao Brasil, em 1959, Zuza ingressou na TV Record, onde permaneceu por cerca de dez anos trabalhando como engenheiro de som nos programas de MPB e festivais, além de atuar como booker na contratação de astros internacionais.

Entre 1977 e 1988, Zuza concentrou suas atividades no rádio e na imprensa, produzindo e apresentando programas e fazendo crítica de música popular para o jornal O Estado de S. Paulo, além de outras publicações no Brasil e no exterior.

Em 1997, Zuza coordenou a Enciclopédia da Música Brasileira.

Desde 1958, Zuza realizou palestras e cursos sobre Música Popular Brasileira e jazz no Brasil e no exterior, tendo sido também jurado de alguns do mais importantes festivais de música no Brasil.

Desde 2018, Zuza ocupava a cadeira 17 da Academia Paulista de Letras.

Zuza Homem de Mello, a quem Elis Regina gostava de chamar apenas José Eduardo, seus primeiros nomes, deixou o Brasil nos anos 1950 para estudar música na Juilliard School, em Nova York, assim que os pais entenderam que não valia a pena insistir para que ele seguisse outro caminho. A música já havia tomado o garoto. “Ok, percebemos que você tem trabalhado com música”, disseram depois que ele chegou em casa às 2h15 da manhã pela décima quinta vez com o instrumento. “Se é assim, prepare-se. Você vai estudar.”

 

A música não apenas definiu seus mais de 60 anos seguintes como também foi definida por ele. Zuza fazia audições em casa, ao lado da mulher Ercília, todas as noites. Sentava-se na poltrona, escolhia um LP e ficavam ali, degustando arranjos e gravações de Charlie Parker, Miles Davis e Duke Ellington, seu grande ídolo. Dos mais atuantes mestres no ensino musical, Zuza tinha uma frase que levava para a vida: “Ensinar as pessoas a aprender a ouvir.” Para ele, ouvir bem uma música, com tudo o que ela tinha a oferecer, era um ato que poderia salvar um dia, uma história, uma vida.

 

Sua temporada em Nova York nos anos 50 o havia colocado no lugar certo e no tempo ideal. Duke Ellington, Thelonious Monk, John Coltrane, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, ele pode ver todos atuarem ao vivo, em clubes de Nova York. Ao voltar ao Brasil, seguiu na música, mas não mais como instrumentista tocando contrabaixo pelos bares da noite. Agora, lançava-se como técnico de som, mas com um pensamento de captar também a alma dos programas e das plateias em um momento único da TV Record, em produções como O Fino da Bossa, Jovem Guarda e Bossaudade.

 

Dentre seus livros referencias, estão A Era dos Festivais – Uma Parábola, de 2003; Eis Aqui os Bossa Nova, de 2008; Um filme fica como registro do quanto o respeito a Zuza era poderoso, dentro e fora do país. Concebido por Ercília Lobo, com direção de Janaína Dalri, coordenação de conteúdo do próprio Zuza e realização do Canal Curta!, o documentário Zuza Homem de Jazz, de 90 minutos, o mostra em ação e como ‘coadjuvante principal’ de uma vida de serviços à música. Busca seu passado nos Estados Unidos e encontra velhos amigos do jazz, como Bob Dorough, Gary Giddins, Steve Ross, Eric Comstock, Wynton Marsalis e Maria Schneider.

 

Em 2018, uma matéria do Estadão feita para anunciar o documentário dava espaço a artistas que o conheciam e que diziam sobre ele essas frases: “Zuza é das grandes figuras do meu Brasil. Eu o visitava em Sampa pra conversar e ouvir música e ele me mostrava tudo. É um conhecedor da música, apaixonado por jazz e íntimo da MPB. E que homem elegante, educado, civilizado!”, Caetano Veloso.

 

 

Zuza Homem de Mello, em foto de outubro de 2018 — (Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo/Arquivo)

 

 

Zuza Homem de Mello faleceu aos 87 anos de infarto agudo do miocárdio enquanto dormia em seu apartamento, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.

 

“É estaca guardiã, solitária e feliz diante da preservação e respeito a nossa música, nossos músicos, nossos cantores e cantoras, compositores, arranhadores, cantadores de repentes, tocadores de pife, de sanfona, de tarol, de prato e faca raspada”, Egberto Gismonti.

 

“Zuza, sempre atento aos movimentos musicais antes mesmo que eles tivessem reconhecimento do público e da mídia. É um farejador craque”, Roberto Menescal.

 

“Um dos maiores gentlemen que conheci, das testemunhas mais presentes e atentas na história. Zuza é zuzu de bom!”, Nelson Motta.

 

“Invejo no Zuza a quantidade de grandes músicos e cantores, brasileiros e internacionais, que ele viu em cena e com quem se relacionou. Por sorte para nós, ele a transforma suas histórias em livros e assim podemos, vicariamente, vivê-las também”, Ruy Castro.

 

“Um país cujo canto é respeitado até no exterior, precisa de homens munidos de melos, porque sem uma crítica rigorosa e Zuzalina, a panaceia se instala em desmelodias na estrutura do homem”, Tom Zé.

(Fonte: https://istoe.com.br – EDIÇÃO Nº 2647 – CULTURA / por Estadão Conteúdo – 04/10/20)

(Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/10/04 – SÃO PAULO / NOTÍCIA / Por Bárbara Muniz Vieira, G1 SP — São Paulo – 04/10/2020)

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