Yasunari Kawabata, laureado com o prêmio Nobel de Literatura com o livro Nuvens de Pássaros Brancos

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Kawabata (1899-1972)

Yasunari Kawabata (Osaka, 11 de junho de 1899 – Zushi, Japão, 16 de abril de 1972), escritor japonês, o primeiro de seu país a ser laureado com o prêmio Nobel de Literatura de 1968 com o livro “Nuvens de Pássaros Brancos”. Mesmo sem aceitar o suicídio do grande romancista Yuko Mishima, Kawabata admitia na oração fúnebre diante do túmulo de seu amigo: “Mas, entre os que pensam, existirá alguém que não pense no suicídio?” Criador de uma “literatura Kawabata” – de toques clássicos como descrições estéticas de cerimônias do chá, da textura de tecidos e de assimétricos jardins japoneses -, o mestre da “escola neo-sensualista” do pós-guerra isolava-se cada vez mais de um Japão de altas taxas de crescimento do Produto Nacional Bruto e decrescente fidelidade às suas tradições religiosas e culturais.

O progresso do Japão era “o fim do meu velho mundo e a perda de uma graça inefável”, o velho Japão lírico, arrasado pela poluição, pelas demonstrações violentas dos estudantes esquerdistas, pela neurose de uma Tóquio de 14 milhões de habitantes. Da sua infância triste só ficara a lembrança de um avô bom que degenerava na senilidade ao morrer delirante e em lenta agonia. Outro autor, de um total de treze suicidaram-se no pós-guerra da derrota japonesa: Ryunosuke – autor de “Rashomon” -, deixando um relato patético em que explicava seu haraquiri porque sentia a vida e os sentidos esvairem-se em meio ao esplendor da primavera.

Para Kawabata, insuperável criador de personagens femininas de melancólica fragilidade e beleza, “os mortos”, como diz um dos personagens de seu romance “Nuvens de Pássaros Brancos”, “pertencem apenas aos sentimentos profundos do nosso coração”. Antevendo “os horríveis achaques da velhice, a limitação da vitalidade, a tortura de depender mais e mais dos outros”, Kawabata foi fiel ao código de honra nipônico: morrer é um refinamento estético quando se morre com honra, lucidez e coragem.
Kawabata morreu dia 16 de abril de 1972, aos 72 anos de idade, aspirando gás pela boca, através de um tubo, na estância de Zushi, no Japão.

(Fonte: Veja, 26 de abril, 1972 – Edição 190 -– DATAS – Pág; 78)

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