DE ABSOLUTA A ACESSÓRIA
Para encontrar aceitação, a monarquia precisou rever seu papel com o passar dos séculos
25 de dezembro de 1066 – 9 de setembro de 1087
William, o Conquistador
Desde a invasão normanda por William, o conquistador, a figura do monarca passou de absoluta a ornamental – a Magna Carta e a Declaração de Direitos, em 1689, concederam a maior parte do poder político ao parlamento – e sofreu contestação. No entanto, o único episódio de deposição da família real, sob Charles I, em 1642, resultou na catastrófica Guerra Civil Inglesa e na instauração de uma república ditatorial, a do “lorde protetor” Oliver Cromwell, e a rápida retomada do regime monárquico.
William (Castelo de Falaise, Falaise, Normandia, 1028 – Ruão, Normandia, 9 de setembro de 1087), duque da Normandia, conquistou a Inglaterra e é o primeiro monarca inglês registrado pela história. Absolutista, organizou as fronteiras do reino e mandou realizar o primeiro censo de que se tem notícia, o Domesday Book, para saber, de forma geral, quem era o povo que ele governava e como cobrar impostos pelas terras.
1199
JOHN E A CARTA MAGNA
A Primeira Guerra dos Barões no final do seu reinado levou à selagem da Magna Carta, em 1215, documento que restringia a monarquia absoluta e, segundo a qual, John deveria respeitar procedimentos legais, bem como reconhecer que a vontade do rei estaria sujeita à lei. A aceitação da Carta Magna pelo monarca foi o primeiro passo rumo a uma Constituição.
1558
ELIZABETH I, A RAINHA VIRGEM
Fomentou as artes, a filosofia, as grandes navegações e evitou uma invasão espanhola à Inglaterra. Seu discurso às tropas de Tilbury, em que diz “sei que tenho o corpo de uma mulher fraca e falível, mas tenho o coração e o estômago de um rei”, tornou-a respeitada e admirada entre os militares e os súditos.
1625
O REINADO PESSOAL DE CHARLES I
Defensor dos direitos divinos do rei, dissolveu o parlamento duas vezes e abriu espaço para a Guerra Civil inglesa, que resultou na única tentativa de um Estado republicano no país, liderada por Oliver Cromwell.
1837
A AVÓ DE TODA A EUROPA
A influência da rainha Victoria na vida familiar do país demonstra o potencial da monarquia como norte moral. Embora seja mais conhecida como a primeira imperatriz da Índia, Victoria também popularizou o parto com anestesia (“o clorofórmio, o abençoado clorofórmio!”, teria dito após o nascimento de seu oitavo filho), as férias em família e as festas de Natal em casa – até então, o costume era passar o Natal em grandes celebrações com vizinhos e amigos.
1910
O MONARCA LOUCO, GEORGE V
Conhecido pelos problemas neurológicos causados pela porfíria, doença que afeta a hemoglobina, reinou durante a ascensão mundial do socialismo, do comunismo, do fascismo, do republicanismo irlandês e do movimento de independência da Índia. Reconheceu, com o Estatuto de Westminster, os domínios do Império como reinos separados e independentes dentro de uma aliança.
1936
DISCURSO PARA TEMPOS DE GUERRA
Pouco cotado para assumir o trono, enfrentou a abdicação de seu irmão, Edward, monarca celebrado pela nação e que decidiu, em 1936, desistir da coroa para se casar com a mulher que amava, Wallis Simpson, socialite americana já divorciada duas vezes. O escândalo, que causou uma crise entre os monarquistas, alçou ao trono o inicialmente contestado George VI, que sofria de gagueira e não havia sido preparado para ser rei, bem à época da II Guerra Mundial. Com a ajuda de um fonoaudiólogo, a superou as dificuldades, recusou-se a deixar Londres em meio aos bombardeios do eixo e deu discursos inspiradores que fortaleceram a moral britânica em uma de suas épocas mais sombrias.
DEVOÇÃO E REINVENÇÃO DO REINO
1952
A realeza britânica, mesmo despojada da maior parte de seu poder político desde a Magna Carta, em 1215, nunca foi tão popular.
Aos 21 anos, a então princesa Elizabeth II prometeu ao país que toda a sua vida, “seja longa ou curta, será devotada a seu serviço e ao serviço da grande família imperial à qual todos pertencemos”. E cumpre a promessa. Em 2015, superará a rainha Victoria como a soberana a passar mais tempo no poder – e abdicar não está em seus planos.
– Na Grã-Bretanha, “abdicação” é um palavrão, é negligência com o poder.
Em tempos de crise econômica, cortes de gastos e medidas de austeridade, a rainha Elizabeth II foi a primeira monarca a declarar impostos, além de abrir as residências reais ao público mediante ingresso para arcar com sua manutenção. Aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo e aboliu a primogenitura – abrindo caminho para que as herdeiras mulheres tenham o mesmo direito ao trono que seus pares homens.
(Fonte: Zero Hora – ANO 50 – N° 17.459 – 28 de julho de 2013 – MUNDO – SALVE A RAINHA/ Por Marlene Koenig – Pág; 18/19)
Rainha Matilde, mulher de Guilherme, o Conquistador, duque da Normandia, cujos triunfos foi à invasão da Inglaterra, em 1066.
(Fonte: Veja, 16 de outubro de 1974 – Edição 319 – – ARTE/ Por Olívio Tavares de Araújo – Pág; 136/137/138)