Waldick Soriano (1933-2008), músico baiano da sertaneja Caetité, um fenômeno da cultura popular.

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Waldick Soriano (1933-2008), músico baiano da sertaneja Caetité, um fenômeno da cultura popular. O artista que o Brasil perdeu, não era exatamente uma referencia musical. Era antes um fenômeno da cultura popular. Foi talvez o nome maior da chamada canção brega, aquela que viveu seus anos de glória na década de 1970 e que o próprio cantor e compositor preferia denominar de “romântica”.
Celebrado nos anos 70, disputadíssimo por programas de TV como O Cassino do Chacrinha e Silvio Santos, presença constante nas rádios AM e em shows que arrebanhavam multidões, Waldick viu sua carreira despencar a partir da segunda metade dos anos 1980. Aposentou os óculos escuros e os trajes de caubói, que eram sua marca registrada, e passou longa temporada no ostracismo. De 2007 para cá, vinha ganhando nova projeção.
A atriz Patrícia Pillar dirigiu o documentário Sempre no meu Coração, em que recupera não somente os grandes momentos do artista como cenas de sua vida privada – incluindo seus 14 casamentos e o uso irreprimido de álcool e drogas. O longa foi exibido com sucesso na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Cine Ceará, em Fortaleza. Em 2007, a gravadora Som Livre lançou o álbum Waldick Soriano – Ao Vivo em versão para CD e DVD.
Nascido no sertão da Bahia, Waldick – cujo primeiro nome era Eurípedes – trabalhou como lavrador ainda na infância. Foi também peão, motorista de caminhão e garimpeiro de ametista. Em 1958, como tantos outros nordestinos, decidiu-se a tentar a vida em São Paulo. Já falava em ser cantor ou artista de cinema. Para sobreviver, teve de trabalhar como faxineiro, servente de pedreiro, motorista de caminhão e engraxate.
Assinou seu primeiro contrato em 1960, com a gravadora Chantecler. Em seu primeiro disco, cantava os boleros Quem És Tu e Só Você. O reconhecimento veio na década seguinte. Estourou nacionalmente com a música Eu Não Sou Cachorro, Não, do disco Ele Também Precisa de Carinho, de 1972. A repercussão foi tamanha que o título da canção acabou se tornando uma expressão popular. A pessoa que se sentia desconsiderada por alguém tascava:
– Eu não sou cachorro, não.
Um livro lançado em 2005 com esse mesmo título, Eu Não Sou Cachorro, Não – Música Popular Cafona e Ditadura, contesta o senso comum de que músicos bregas como Waldick teriam aderido sem reserva aos governos militares. O autor, o historiador e jornalista Paulo César de Araújo, lembra que uma das canções do músico baiano, Tortura de Amor, chegou a ser censurada pelo regime em 1974 (os censores entenderam na época que não se podia usar em hipótese alguma a palavra “tortura”, mesmo em se tratando de metáfora amorosa).

(Fonte: Zero Hora – Ano 45 – N° 15.712 – sexta-feira, 5 de setembro de 2008 – Geral Segundo Caderno – Memória – Pág; 4)

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