Vladimir Horowitz, célebre pianista, genial representante do romantismo no piano do século XX

0
Powered by Rock Convert

O grande romântico

Horowitz: liberdade com respeito à partitura

 

Vladimir Horowitz (Kiev, Ucrânia, 1º de outubro de 1903 – Nova York, 5 de novembro de 1989), célebre pianista, genial representante do romantismo no piano do século XX

Horowitz, num dos seus frequentes interlúdios depressivos, afastou-se das salas de concerto e dos estúdios de gravação entre 1953 e 1962. O seu isolamento de nove anos foi interrompido graças aos esforços da gravadora Columbia Masterworks, que convenceu o pianista a assinar um contrato exclusivo de gravações a longo prazo, entre 1962 e 1973.

Vladimir Horowitz Outside Hill Auditorium

Vladimir Horowitz no Outside Hill Auditorium

Originalmente lançadas em LP, são produtos iniciais desse contrato, as gravações de estúdio de 1962-1963 e as sonatas de Domenico Scarlatti (1685-1757), uma das especialidades do pianista, todas feitas em Nova York, de abril a setembro de 1964. Horowitz animou-se e resolveu voltar às salas de concerto. Sua reestreia triunfal no Carnegie Hall, em 1965, e os concertos de 1966, e o seu primeiro concerto transmitido por televisão, em 1968, tornaram-no numa lenda.

Suas gravações de compositores como, Beethoven, Schumann, Chopin, Scriabin, Rachmaninoff que combinavam gravações de estúdio de todo o período com gravações ao vivo entre 1967 e 1968, o tornaram em estrela de primeira grandeza no Olimpo dos pianistas românticos do século XX, junto com Sergei Rachmaninoff (1873-1943) e Arthur Rubinstein (1887-1982).

O primeiro requisito para essa canonização foi seu domínio técnico impecável da arte do teclado. O segundo foi sua capacidade especial para individualizar a leitura das entrelinhas da partitura sem destruir a sua estrutura arquiteônica, predicado das mercadorias preciosas.

Nesse sentido, o pianista romântico, se expôs a dois grandes riscos: o de procurar efeitos sem causas e o de deformar as partituras que interpretou. Conseguiu ter a recompensa reservada aos artistas de gênio.

A genialidade de Horowitz estava em ser um pianista romântico por excelência, a ponto de duas interpretações suas da mesma obra sempre soarem diferentes, mas sem nunca perder o senso de proporção.

Essa marca de qualidade teve um preço em termos de quantidade: o repertório de Horowitz sempre foi bastante restrito, para um pianista de sua estatura. Tome-se o exemplo das 32 sonatas de Beethoven, das quais existem gravações integrais com Wilhelm Backhaus, Wilhelm Kempff, Claudio Arrau, Artur Schnabel, Daniel Barenboim, Alfred Brendel e tantos outros.

Horowitz gravou apenas cinco dessas sonatas, todas as quais incluídas na coleção que são belas leituras, particularmente a da sonata Opus 101, obra de transição entre o segundo e o terceiro período do compositor.

Curiosa, se não contraditória, era a paixão do grande pianista romântico pela música de Domenico Scarlatti, que, em princípio, deveria ser o campo de um Glenn Gould. Horowitz como sempre, se limitou a uma amostra da obra do compositor italiano: gravou dezoito das suas  cerca de 600 sonatas, pequenas peças binárias para piano. Mas as interpretações são notáveis, revelando a extraordinária adaptabilidade do pianista ao estilo clássico-barroco.

(Fonte: Veja, 15 de novembro, 1989 – Edição 1105 – DATAS – Pág; 129)

(Fonte: Veja, 26 de outubro de 1994 – ANO 27 – Nº 43 – Edição 1363 – MÚSICA/ Por Mário Henrique Simonsen – Pág: 114/115)

Powered by Rock Convert
Share.