Vital Farias, cantor e compositor do interior paraibano
Compositor e poeta das sagas brasileiras, lega belas canções
Vital Farias foi o compositor das canções ‘Veja (Margarida)’ e ‘Ai que saudade d’ocê’, lançadas em 1975 e 1982 — (Foto: Reprodução / Capa da coletânea ‘Do jeito natural’, de 1985)
Vital Farias (nasceu em 23 de janeiro de 1943, em Taperoá, no interior da Paraíba – faleceu em 6 de fevereiro de 2025 em hospital de João Pessoa, PB), cantor e compositor paraibano.
Nascido na zona rural de Taperoá, no interior da Paraíba, Farias foi morar no Rio de Janeiro nos anos 1970, onde se formou em música. Seu primeiro disco, intitulado a partir de seu próprio nome, trazia uma música em parceria com Livardo Alves e Ari Toledo, “Ê Mãe”.
Em pouco tempo, o músico ficaria conhecido em todo o país por canções como “Canção em Dois Tempos”. Suas composições traziam uma carga cômica no ritmo e em suas letras, além da atmosfera nordestina.
Em 1975, recém-chegado ao Rio de Janeiro (RJ), o paraibano Vital Farias compôs uma canção para a trilha sonora da peça Lampião no inferno, encenada naquele ano de 1975 em palcos cariocas pelo Grupo Chegança, sob a batuta do diretor Luiz Mendonça (1931 – 1995).
Intitulada Veja (Margarida), a canção atravessou 50 anos na memória popular, a ponto de ser uma das músicas mais lembradas e gravadas do cancioneiro de Vital Farias, cantor, compositor e violeiro paraibano que ao longo de sua carreira firmou parcerias com nomes como Geraldo Azevedo, Xangai e Elba Ramalho. Foi na voz de Azevedo que a canção “Veja” ficou conhecido, enquanto Ramalho popularizou “Ai, que Saudade D’Ocê”, outro sucesso do artista paraibano.
Gravada pelo autor no segundo álbum, Taperoá, lançado em 1980, mesmo ano em que ganhou registro de Elba Ramalho, a canção Veja (Margarida) é – ao lado de Ai que saudade d’ocê (1982), música amplificada na voz da mesma Elba em gravação de 1983 – as duas composições que imortalizam o artista nascido na zona rural da cidade de Taperoá (PB), no Cariri da Paraíba, em 1943.
Vital Farias fez parte da corrente migratória que deslocou cantores e compositores nordestinos para o eixo Rio-São Paulo ao longo da década de 1970 em busca de visibilidade nacional na cena musical brasileira.
Vital começou a aparecer como compositor em 1976, ano em que a cantora Marilia Barbosa gravou a canção Caso você case para a trilha sonora da novela Saramandaia, exibida pela TV Globo. O autor gravaria Caso você case no primeiro álbum, Vital Farias, lançado em 1978. Nesse álbum inicial, o cantador deu voz à Canção em dois tempos (Era casa era jardim), música que se tornaria uma das preferidas da obra autoral do artista nas plataformas de streaming.
Vital Farias manteve nos anos 1980 o sucesso e a relevância da década anterior. Em 1984, no embalo do sucesso da canção Ai que saudade d’ocê, o artista se juntou com Elomar, Geraldo Azevedo e Xangai no show Cantoria, que percorreu o Brasil e gerou dois discos ao vivo editados em 1984 e 1988.
Parte do cancioneiro de Vital Farias foi ouvido pelo Brasil na voz da conterrânea Elba Ramalho, que também gravou Sete cantigas para voar no mesmo ano de 1982 em que o autor registrou a música no terceiro álbum, Sagas brasileiras.
A partir dos anos 1990, Vital Farias pouco gravou discos e saiu dos holofotes, migrando para a política nos anos 2000, após lançar em 2002 o disco Uyraplural – assinado com a filha, Giovanna Farias – e o álbum Vital Farias ao vivo e aos mortos vivos. Mas permaneceu sendo um ícone musical para o povo da Paraíba.
Os conterrâneos sempre celebraram o poeta alfabetizado com a literatura de cordel que aprendeu sozinho a tocar violão e a fazer canções que traduziram em letra e música as sagas brasileiras.
Vital Farias morreu na quinta-feira (6) aos 82 anos. Ele estava internado o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em decorrência de uma complicação cardíaca, e a informação foi confirmada por familiares próximos.
Segundo um comunicado emitido à imprensa pelo hospital, ele foi internado nesta quarta-feira (5) por conta de um infarto agudo do miocárdio. Embora tenha sido submetido a exames e outras medidas emergenciais, o músico não resistiu.
Em homenagem ao legado deixado por Farias, a Secretaria do Estado da Cultura da Paraíba (Secult-PB) fez uma publicação em seu perfil no Instagram.
“A Paraíba perdeu hoje uma de suas vozes mais marcantes, um de seus poetas mais sensíveis. Vital Farias é o compositor de músicas que marcaram época, que foram gravadas e regravadas por cantores de todo o Brasil e que deixaram mensagens profundas, duradouras e fortes ao longo das décadas.”
(Direitos autorais reservados: https://www.msn.com/pt-br/musica/noticias – Folha de S.Paulo/ MÚSICA/ NOTÍCIAS/ SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – 06/02/2025)
(Direitos autorais reservados: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/02/06 – Globo Notícias/ POP & ARTE/ MÚSICA/ Por Mauro Ferreira – 06/02/2025)
Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em ‘O Globo’ e ‘Bizz’.
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