Um dos primeiros expoentes violonistas paulistas

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Canhoto: um dos primeiros responsáveis pelo enobrecimento do violão

“Nascido em São Paulo, em 12 de fevereiro de 1889, Américo Jacomino cresceu num ambiente bastante cosmopolita. Filhos de imigrantes italianos, Jacomino começou a tocar violão influenciado por seu irmão mais velho, Ernesto, que também lhe deu aulas de bandolim. Américo recebeu o apelido que o deixaria célebre, CANHOTO, por tocar violão com a mão esquerda sem inverter as cordas do instrumento. Em 1912 Américo Jacomino começou a gravar pela Odeon em São Paulo e Rio de Janeiro, tocando violão solo ou com seu Grupo do Canhoto, um tipo de grupo seresteiro. Em 1916 ele debutou no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, recebendo a primeira aclamação de público e crítica.

Junto ao violonista paraguaio Agustín Barrios e da espanhola Josefina Robledo, Jacomino foi a figura definitiva nos primeiros passos para o estabelecimento do violão nos currículos da sociedade cultural Brasileira, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Na década de 1920 Jacomino compôs muitas canções carnavalescas e peças para violão que foram impressas em partitura para piano, provavelmente pela falta de violonistas que sabiam ler partituras no Brasil.

Em 1926 Jacomino realizou suas mais importantes gravações, incluindo Abismo de Rosas e Marcha Triunfal Brasileira. No primeiro concurso musical em que o violão tomou parte no Brasil, intitulado “O Que é Nosso”, realizado no Rio de Janeiro, Jacomino recebeu o principal prêmio, sendo então chamado “O Rei do Violão Brasileiro” pela imprensa. Américo Jacomino morreu no dia 7 de setembro (dia da Independência do Brasil) de 1928, aos 39 anos de idade, em São Paulo.

Américo Jacomino foi um tipo de músico popular com gosto romântico. Ele não sabia ler música e sua maior influência foram as canções populares italianas que escutava em casa durante a infância. O violão para ele era como uma orquestra ou banda marcial, repleta de tímbres diferentes a serem explorados.Sua carreira como violonista era a razão principal de sua existência, assim como o amor à pátria. As gravações de Américo Jacomino (mais de 90) podem ser colocadas entre as mais significativas do começo das gravações do gênero, lembrando que ele morreu apenas um ano após as primeiras gravações de Andrés Segóvia para a RCA.

Os títulos das composições são bastante sugestivos: Abismos de Rosas, Marcha Triunfal Brasileira, Delírios, Alvorada de Estrelas, A Menina do Sorisso Triste, Guitarra de mi Tierra, Tempo Antigo, etc…refletindo um tipo de influência que perduraria por décadas no Brasil, infelizmente sendo esquecida ou ignorada por recentes gerações de violonistas brasileiros da época mais romântica da nossa história”. Américo Jacomino foi patriota até no dia de sua morte, ocorrida em 7 de setembro de 1928, em São Paulo, aos 39 anos de idade.

(Fonte: Gilson Antunes, VIOLONISTA, PROFESSOR, ESCRITOR E PESQUISADOR DA OBRA DE AMÉRICO JACOMINO – Por Laura Macedo em 30 agosto 2008)
(Fonte: Veja, 14 de janeiro, 1976 – Edição 384 – DATAS – Pág; 53)

Um dos primeiros expoentes violonistas paulistas

Américo Jacomino (1889-1928), o Canhoto. Violonista, figura definitiva nos primeiros passos para o estabelecimento do violão nos currículos da sociedade cultural Brasileira
No final do século XIX, o violão era considerado um instrumento de malandros e boêmios. Coube a Américo Jacomino, o Canhoto, elevar o violão aos degraus mais altos da música.

Surge então nesta época um dos primeiros expoentes violonistas paulistas: Américo
Jacomino, o Canhoto. Realizou um de seus primeiros recitais na cidade de Ribeirão Preto em 1907.

Canhoto era considerado um bom violonista já em 1913 e seguia, pelos bairros de São
Paulo, ganhando fama e prestígio em serenatas e desafios.

Atuou também como professor. Foi mestre da filha de Carlos de Campos, governador do
Estado na época e também da esposa e da filha de Júlio Prestes.

Além de professor e instrumentista, Canhoto também era compositor. Compunha, além
do violão, para piano e orquestra.
Em setembro de 1916, Canhoto realiza o seu primeiro grande recital para um grande
público no salão nobre do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.

A importância desse recital é grande. Paulo Castagna considera, pela sua importância
e repercussão, um evento comparado aos concertos dos violonistas Augustin Barrios e
Josefina Robledo. Principalmente por ser realizado em um dos principais palcos da
música erudita paulistana.

É através deste concerto que Américo Jacomino conquista a elite paulistana e assim,
possibilitando o início da dissolução do preconceito que freava o desenvolvimento
da música para violão.

Em junho de 1916, Manuel Leiroz escreve sobre o Canhoto:

“É preciso porém vê-lo, para se poder fazer uma idéia nítida do artista. Vê-lo com
disposição de espirito, como nós o vimos. Não há a maçada da afinação, os mil altos
e baixos, até acertar.”

Em 1918 acontece o seu primeiro grande sucesso: “Nhá Maruca foi s’embora”.
Com o sucesso crescente ele apresenta, em 4 de dezembro de 1919, um recital no
teatro lírico do Rio de Janeiro.
Em 1922 outro grande sucesso: “Triste Carnaval” em parceria com Arlindo Real.
Mas seu maior sucesso (talvez o maior de todos os tempos) veio em 1925, a valsa
“Abismo de Rosas”.

Segundo Jairo Severiano, Canhoto a compôs em 1905 quando tinha apenas 16 anos. Era
fruto de uma decepção amorosa pois ele teria sido abandonado pela namorada.
Realizou uma gravação anterior, em 1916, com o nome de “Acordes do Violão”.

Realizou ainda em 1927 dois programas chamados “Noites Brasileiras”, um no teatro
Boa Vista e outra no Municipal de São Paulo nos quais se apresentou também o
conjunto denominado “Os Turunas Paulistas” – que seguia a mesma linha dos “Turunas
da Mauricéia”, um grande sucesso de então. Este conjunto, que ele organizara, era
formado por 4 violões, flauta, saxofone, 2 cavaquinhos, reco-reco, maracaxá e pandeiro.
Durante uma serenata no alto da Moóca em 1907, Canhoto conheceu o violonista e cantor Paraguassú.

(Fonte: http://www.violaomandriao.mus.br – As referências bibliográficas deste texto podem ser encontradas no trabalho completo disponível na página “Empório”, “O Violão Paulistano na Década de 30” de Cláudio Sant´Ana)

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