Ulrike Meinhof, terrorista alemã, uma das líderes da Fração do Exército Vermelho.

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1976: Ulrike Meinhof é encontrada morta na prisão

Em 9 de maio de 1976, a terrorista alemã Ulrike Maria Meinhof é encontrada morta na cela de número 719 na prisão de Stuttgart-Stammheim. Ela havia sido condenada como uma das líderes da Fração do Exército Vermelho.

Era Dia das Mães e 31º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial quando Ulrike Meinhof foi encontrada morta na cela 719 da prisão de Stuttgart-Stammheim, na manhã de 9 de maio de 1976. A jornalista que se tornara a inimiga número um do Estado alemão enforcara-se na grade da janela com tiras feitas de uma toalha.

Mãe de duas adolescentes, ela parecia ter optado pelo suicídio nesse dia, com a intenção de chamar a atenção, pela última vez, para sua luta contra a guerra, o fascismo, os velhos nazistas, o sistema político da República Federal da Alemanha, e em defesa dos direitos humanos.

Meinhof não deixou nenhuma carta de despedida a suas filhas ou a seus companheiros de prisão, os militantes da Facção do Exército Vermelho (RAF) Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Jan-Carl Raspe e Irmgard Möller.

O fato foi interpretado por uma comissão internacional de inquérito como um indício de que a morte não teria sido suicídio. No enterro, em 16 de maio de 1976 no bairro de Mariendorf (então Berlim Ocidental), o editor Klaus Wagenbach disse que ela “sucumbiu às circunstâncias alemãs”.

Vida entre dois mundos

Ulrike Maria Meinhof ganhara fama nacional em 1961, durante um processo contra o então ministro da Defesa, Franz-Josef Strauss. Ela era porta-voz da ala antinuclear do movimento socialista estudantil, filiada ao clandestino Partido Comunista Alemão (KPD), e redatora-chefe da revista Konkret, financiada pelo partido. “Assim como os nossos pais são questionados a respeito de Hitler, um dia nós seremos questionados a respeito de Strauss”, escreveu num editorial.

Nazismo, rearmamento, perigo nuclear e pacifismo foram palavras-chave na vida e obra de Meinhof. Órfã desde 1948, casou-se com o editor de Konkret, Klaus Rainer Röhl, em 1962. Em meados da década de 60, ambos viviam entre dois mundos: circulavam na alta sociedade de Hamburgo e, ao mesmo tempo, apoiavam grupos socialmente marginalizados.

De início jornalista burguesa-esquerdista, o caminho de Meinhof para tornar-se cofundadora e ideóloga radical da Facção do Exército Vermelho começou com a morte do estudante Benno Ohnesorg, baleado por um policial durante uma manifestação, em 2 de junho de 1967. E reforçou-se com o atentado contra o líder estudantil Rudi Dutschke, em 11 de abril de 1968.

A chamada Oposição Extraparlamentar (APO) e os grupos de esquerda viam a Alemanha Ocidental a caminho de se tornar um Estado policial. Eles responsabilizavam o governo do chanceler federal Kurt Kiesinger e os jornais do grupo editorial Springer pelos atos de truculência da polícia e da direita.

A partir daí, a professora universitária cristã Ulrike Meinhof mudou radicalmente de opinião a respeito do uso da violência como instrumento da política. A pretexto de escrever um livro sobre jovens marginalizados em coautoria com Andreas Baader (condenado por haver incendiado um estabelecimento comercial), ela organizou a visita do preso ao Instituto de Questões Sociais de Berlim, em 14 de maio de 1970.

Salto para a clandestinidade

Gudrun Ensslin e outros deveriam invadir o instituto e libertar Baader. Ulrike Meinhof se mostraria surpreendida. O plano falhou: um funcionário do instituto foi gravemente ferido; Meinhof e Baader pularam a janela, entrando na clandestinidade. No dia seguinte, ela passaria a ser procurada como criminosa por “tentativa de assassinato – recompensa: 10 mil marcos”.

Sob a liderança de Meinhof, Baader e Ensslin, a RAF sacudiu a Alemanha Ocidental com sequestros e atentados a bomba. Para Meinhof, a luta armada terminou no dia 9 de maio de 1976, depois de três anos de prisão, isolamento e greves de fome. O poeta Erich Fried declarou: morreu “a mulher mais importante na história da Alemanha desde Rosa Luxemburgo”.

Também Baader, Ensslin e Raspe suicidaram-se na prisão, em 19 de outubro de 1977, depois de fracassados os sequestros do presidente da Confederação Alemã dos Empregadores, Hans-Martin Schleyer, e de um avião da Lufthansa. Os dois sequestros tinham por objetivo libertar os terroristas.

Mais tarde, descobriu-se que a Justiça alemã usara métodos questionáveis para combater o terrorismo. Conversas entre os terroristas e seus advogados foram gravadas secretamente, e os terroristas presos teriam recebido pacotes com cordas, numa sugestão para que se enforcassem. O ex-ministro do Interior da Alemanha, Otto Schily, na época advogado de defesa dos terroristas da RAF, declarou em 1995, que “nunca teria imaginado que algo assim fosse possível na Alemanha”.

(Fonte: www.dw.de/dw – Deutsche Welle – Calendário Histórico/ Autor Frank Gerstenberg)

 

 

 

 

1977: Terroristas alemães se suicidam na prisão

Em 18 de outubro de 1977, Baader, Ensslin e Raspe, os mais importantes líderes da Fração do Exército Vermelho (RAF), se matam no presídio, após o fracasso de duas ações terroristas para libertá-los.

 

 

Enterro de Ensslin, Baader e Raspe

 

 

No final da década de 1970, o terrorismo estava na ordem do dia na Alemanha. A escalada de violência era sem precedentes na história do país no pós-guerra. Mesmo após a prisão de seus líderes, o grupo Fração do Exército Vermelho (RAF) ainda mostrava força.

No primeiro esforço para reaver seus líderes, a RAF sequestrara em Colônia Hanns Martin Schleyer, então presidente da Confederação da Indústria Alemã e da Confederação das Associações de Empregadores Alemães. Na ação, morreram o motorista e três guarda-costas do empresário. O grupo terrorista exigia a libertação de 11 de seus membros capturados. Entre eles, Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe, reclusos no presídio de Stuttgart-Stammheim. O governo Helmut Schmidt optou por não ceder e ganhar tempo até encontrar o cativeiro de Schleyer.

Sequestro de avião

Os terroristas apertaram o cerco. No dia 13 de outubro, um avião da Lufthansa vindo de Maiorca com turistas alemães foi sequestrado e teve de pousar em Roma. Os quatro sequestradores palestinos declararam seu apoio à RAF e exigiram igualmente a libertação dos líderes presos em Stuttgart.

Enquanto isto, na Alemanha, os raptores de Schleyer enviavam fitas de vídeo ao governo, com apelos cada vez mais dramáticos do líder empresarial. O chanceler Helmut Schmidt permaneceu, porém, resoluto em mostrar aos terroristas que não cederia.

De Roma, o Boeing da Lufthansa decolou para o Oriente Médio e pousou em Dubai, capital de Omã, a 14 de outubro. Os sequestradores deram novos ultimatos e instauraram clima de terror a bordo, simulando execuções de passageiros, humilhando-os e agredindo-os brutalmente.

Desfecho em Mogadíscio

O avião decolou novamente, com destino a Aden, no Iêmen, onde os terroristas acreditavam estar mais seguros. No entanto, o governo os obrigou a seguir para Mogadíscio, na Somália. Lá, Hans-Jürgen Wischnewski, encarregado com todos os poderes por Helmut Schmidt para resolver o caso, já esperava o avião na torre de controle.

 

 

Andreas Baader e Gudrun Ensslin

 

 

Em princípio, o representante do governo alemão sinalizou sua disposição para uma troca de reféns. No entanto, à meia-noite de 17 para 18 de outubro, um comando da polícia federal alemã entrou em ação e, em poucos minutos, dominou a situação no aeroporto africano, libertando 91 reféns. O piloto já havia sido executado pelos sequestradores.

No ataque, três dos quatro terroristas palestinos morreram baleados. A última terrorista – uma mulher – ficou gravemente ferida. Era o fim de cinco dias e noites de medo e terror para os reféns.

 

Suicídio em Stuttgart

 

Naquela mesma noite, três líderes da RAF se suicidaram na Alemanha. Um dia depois, o corpo de Hanns Martin Schleyer foi encontrado no porta-malas de um carro abandonado na fronteira da Alemanha com a França. O empresário fora executado com um tiro na nuca.

“Dois funcionários do Instituto Penitenciário de Stuttgart encontraram o detento Raspe ferido gravemente com um tiro na cabeça ao buscá-lo para o café da manhã. Ele foi levado para um hospital, onde morreu. Baader foi achado morto no chão de sua cela. Assim como Raspe, ele se suicidara com um tiro de pistola. Já Ensslin foi encontrada enforcada com um fio de eletricidade na janela de sua cela”, anunciou Traugott Bender, secretário de Justiça do estado de Baden-Württemberg. As autópsias confirmaram os suicídios.

Dos que tentaram o suicídio naquela noite, apenas Irmgard Möller sobreviveu, gravemente ferida. Logo a suspeita recaiu sobre um dos advogados dos terroristas, que teria levado as armas às celas.

“Fomos ingênuos demais. Tínhamos que revistar os presos sempre após as visitas. Mas relaxamos, pois eles praticamente só tinham contato com os advogados. Nunca recebiam outras pessoas”, recorda-se Horst Bubeck, funcionário do presídio.

 

Isolados, mas nem tanto

 

Segundo ele, os terroristas não tinham contato com os demais detentos. Um isolamento do qual eles e seus advogados reclamavam enfaticamente. O sétimo andar estava reservado para os membros da RAF e era considerado área de segurança máxima.

“Eles próprios podiam se encontrar diariamente, o que era uma novidade numa penitenciária naquela época. Isto não existia antes, nem existe mais. Ou seja, eles podiam ficar cinco, seis horas juntos e até passar as noites juntos, desde que homem com homem e mulher com mulher”, relata Bubeck.

Baader, Ensslin e Raspe foram enterrados numa sepultura coletiva no cemitério de Stuttgart.

(Fonte: http://www.dw.com/pt-br – Deutsche Welle – NOTÍCIAS – CALENDÁRIO HISTÓRICO – 18 de outubro)

 

 

 

 

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