Trevor Howard, um dos mais destacados atores ingleses do século 20, famoso pelos papéis de durão.

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Trevor Howard (29 de setembro de 1913 – Bushey, Londres, 7 de janeiro de 1988), um dos mais destacados atores ingleses do século 20, famoso pelos papéis de “durão” que interpretou em quase cinquenta anos de carreira. Seu personagem emblemático é o rude capitão Bligh, do filme Motim a Bordo, de 1962, no qual trava uma dramática disputa com o lugar-tenente Fletcher, interpretado por Marlon Brando. A antipatia cultivada durante as filmagens viria a extrapolar os limites do velho galeão. “Brando não é um profissional. Ele é ridículo”, disse Howard depois da conclusão do filme. O ator encarnou ainda o audaz major Finchman, em O Expresso de Von Ryan, de 1970. Na vida real, Howard costumava imitar o procedimento de seus personagens, levantando grandes polêmicas em torno de questões banais e invariavelmente pronunciando impropérios contra aqueles que lhe desagradassem.

Howard, que serviu como pára-quedista na II Guerra Mundial, viveu seus momentos mais disciplinados justamente diante das câmaras, mostrando-se um profissional pontual e dedicado. Suas atuações impecáveis salvaram muitos filmes, cujos orçamentos modestos e os elencos esfarrapados os destinavam ao fracasso. “Trata-se de meretrício profissional impingir porcarias ao público pagante”, dizia. A margem de suas aparições cruéis e truculentas, cimentadas na memória popular, Howard embevece os cinéfilos com suas atuações mais amenas, como em O Terceiro Homem, baseado no romance de Graham Greene, e Desencanto, de David Lean. Nesse último, Howard é um médico que se apaixona por uma dona de casa numa estação de trem. No final clássico, a dupla resolve despedir-se para sempre – numa cena que parece insólita para quem se notabilizou por atirar granadas e manejar espadas. Mas o desempenho máximo de Howard foi mesmo em Motim a Bordo, principalmente quando diz ao Fletcher, de Marlon Brando: “Ao contrário do senhor, eu ainda tenho uma pátria”. Howard morreu dia 7 de janeiro, 1988, aos 71 anos, de complicações respiratórias, em Londres.

(Fonte: Veja, 13 de janeiro de 1988 – Edição 1010 – DATAS – Pág; 79)

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