Torquato Neto, poeta da Tropicália e ícone do cinema marginal. O poeta de ideias revolucionárias

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Com Gilberto Gil, Torquato Neto compôs 'Geleia geral', poema-manifesto que lançou o movimento da Tropicália, que inovou no ritmo, na poesia e na melodia. (Foto: Reprodução/GloboNews)

Com Gilberto Gil, Torquato Neto compôs ‘Geleia geral’, poema-manifesto que lançou o movimento da Tropicália, que inovou no ritmo, na poesia e na melodia. (Foto: Reprodução/GloboNews)

 

‘Geleia geral’, composta com Gilberto Gil, lançou movimento artístico.

Legado do escritor, morto em 1972, inspira gerações até hoje.

Torquato Neto, poeta da Tropicália e ícone do cinema marginal

Torquato Pereira de Araújo Neto nasceu em Teresina, no dia 9 de novembro de 1944. Desde muito jovem, revelava uma habilidade incomum para a poesia. Filho de uma professora e de um defensor público, viveu na capital do Piauí até a adolescência, quando pediu aos pais para estudar fora.

Torquato não era um provinciano, não era uma pessoa da cidade pequena. Ele queria outros horizontes, percorrer caminhos novos, amplos e diferentes.

Aos 16 anos, Torquato se mudou para Salvador. Ele estudou no colégio Nossa Senhora das Vitórias, onde continuou escrevendo poemas. Foi na Bahia que ele conheceu alguns dos mais importantes parceiros artísticos, como Gilberto Gil e Caetano Veloso. Depois da breve passagem pela capital baiana, seguiu para o Rio de Janeiro, disposto a dar mais visibilidade ao trabalho.

No Rio, decidiu continuar estudando. Cursos jornalismo e filosofia, mas não chegou a se formar. A mudança para a nova fase deu início a uma nova produção literária, em uma cidade que servia de vitrine para projetar diversas manifestações artísticas.

Na capital fluminense, Torquato trabalhou como jornalista em alguns dos principais jornais impressos da época, mas era a poesia que alimentava os objetivos do jovem inquieto. “Ele andava com uma pasta de papelão. Abri muitas vezes a pasta para ver o que ele tinha dentro, coisas que ele escrevia. Eram poesias, prosa, reportagens. Muitas eu li e ficava surpreso com a inteligência, a capacidade, a habilidade que ele tinha para escrever”, conta o tio Jonathas Nunes.

Em 1965, Torquato reencontra parceiros que havia conhecido na Bahia e, juntos, lançam a Tropicália, movimento artístico que começou durante a ditadura militar. “A Tropicália, eu diria, não queria romper com o movimento de arte, ela queria criar uma nova arte, mas baseada em um movimento que já aconteceu. No caso, vai ser a Semana de Arte Moderna de 22. Queria evidenciar o índio que há em nós, o negro que há em nós, o português que há em nós, mas também a nossa influência da cultura exterior”, explica o historiador Vinícius Cardoso.

Torquato se consagraria como um dos letristas mais ativos da Tropicália. Com Gilberto Gil, compôs ‘Geleia geral’, poema-manifesto que lançou o movimento. “Eles tiveram essa preocupação de falar sobre a cultura brasileira, que era uma coisa muito isolada, Nordeste, Sul. Então eles colocaram aquilo dentro de uma ideia só, uma geleia geral, digamos assim. Até hoje, nós, músicos, pesquisamos aquela ideia que eles tiveram, inovadora no ritmo, na poesia, na melodia”, destaca o maestro Aurélio de Mello.

Mas a repressão militar pôs fim à Tropicália em 1969. Torquato se mudou para a Europa e só voltou dois anos depois, para inaugurar uma nova fase. É quando passa a se dedicar ao cinema marginal. Por muitas vezes, esteve em Teresina, onde fez novos amigos e gravou filmes. ‘Terror da vermelha’, de 1972, foi o último deles. “Ele colocou a gente para fazer cinema. A gente tem uma produção de super-8 no Piauí como poucos estados têm. Super-8 de ficção que a gente fez muito a partir do Torquato e a sua experiência com Ivan Cardoso em cinema”, relembra o amigo Edmar Oliveira.

Os últimos anos de vida do poeta foram marcados por internações em clínicas de repouso e problemas na vida pessoal. Ele morreu no dia seguinte ao aniversário de 28 anos, no apartamento onde vivia com a mulher Ana e o único filho, Thiago. O poeta de ideias revolucionárias partia. Ficava o legado que inspira gerações até hoje.

 

(Fonte: http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2014/11 – 07/11/2014)

 

 

 

 

 

 

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