Theon Spanudis, doou coleção de obras de arte ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de SP.

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Theon Spanudis (Smirna, Turquia, 1915 – São Paulo, 12 de setembro de 1986), poeta, colecionador e crítico de arte, cresceu em Atenas e estudou Medicina em Viena, especializando-se em Psicanálise. Em 1950, veio para São Paulo a convite da Sociedade Brasileira de Psicanálise, na qual lecionou até 1957. Apoiou e colecionou obras de Alfredo Volpi e de José Antônio da Silva. Também escreveu sobre os dois artistas e iniciou uma importante coleção de obras de arte doadas em 1979 ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.

Em 1957, decidido a se dedicar à produção poética e à crítica de arte, abandonou a psicanálise. Participou do movimento neo-concreto e é um dos criadores da poesia cinética brasileira. Dentre suas obras destacam-se Poesia íntegra, e Novos poemas.

Theon Spanudis, grego de Smirna, chegou ao Brasil nos anos 50, formado como psicanalista em Viena, e desde então não parou de comprar alguns artistas, a partir de critérios por ele mesmo definidos e adotado. Ele chamou de construtivos brasileiros os rtistas que partiram de formas bidimensionais, usando uma articulação geométrica para as suas formas e sem o racionalismo que caracterizava o construtivismo dos anos 20 na Europa. Dentro dessa perspectiva, Tarsila seria uma pioneira e a lista continua com o próprio Alfredo Volpi, Rubem Valentim, Milton Dacosta, Arnaldo Ferrari e uma longa lista de nomes.

A coleção começou com Alfredo Volpi, em 1951, e Spanudis foi um pioneiro a comprar e adquirir suas telas, antes que o inglês Herbert Read e os outros membros do júri da Bienal de 1953 lhe dessem o prêmio maior de pintura, dividido com Di Cavalcanti. Se Volpi conseguiu viver de sua pintura, a partir dessa época, também foi graças às aquisições constantes de Spanudis, que desde “Casas de Itanhaém”, em 1951, foi comprando regularmente seus melhores trabalhos.

ELOS QUE FALTAM – Na década de 70, Spanudis vendeu parte de seus Volpis e alguns José Antônio da Silva, por razões financeiras. E chegou a circular uma história de que, com a venda de quinze Volpis, ele teria comprado dezessete apartamentos.

Ao desfazer-se de alguns desses quadros mais caros, Spanudis continuou a comprar outros construtivistas para dar uma ideia básica ao seu acervo. E em 1975, quando escreveu um livro – “Volpi” -, reafirmou sua convicção de que “o melhor da pintura moderna no continente americano até aquele momento foi o abstracionismo norte-americano e o construtivismo sul-americano, onde todos são brasileiros com exceção de Torres-García”.

FECHADO O CÍRCULO – Preocupado pelo fato de não ter filhos nemherdeiros diretos, há longo tempo Spanudis pensou em criar uma fundação para abrigar suas telas. Sua tese sobre o construtivismo no Brasil pode ser altamente discutível ou polêmica, mas o acervo vale pela comprovação da qualidade, já em décadas passadas, de aalguns artistas que vão aos poucos assumindo uma trajetória individual.

Além do valor material e cultural da coletânea, existe um outro aspecto, pois essas obras completam o repertório de vários artistas, fecham o círculo de avaliação de várias fases de muitos deles. Volpi está representado na coleção Spanudis com trabalhos desde o início dos anos 50. Caso parecido também é o das pinturas de José Antônio da Silva, acompanhado por Spanudis desde essa época, e também o de Mira Schendel, suíça que chegou em 1949 ao Brasil, cuja obra se distanciou desse repertório figurativo.

E Spanudis adquiriu até mesmo artistas populares, como as gravuras do pernambucano J. Borges, MUITO ANTES DE A CRÍTICA OFICIAL RECONHECÊ-LO COMO ARTIsta. Outra surpresa é seu acervo internacional, com artistas como Alexander Calder, Marino Marini ou Giorgio de Chirico.

(Fonte: Veja, 13 de fevereiro de 1980 – Edição 597 – ARTE/ Por Marco Antônio de Menezes e Sylvio de Vasconcellos – Pág: 89/90)
(Fonte: Veja, 17 de setembro de 1986 – Edição 941 – Datas – Pág; 99)

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