Syd Cain, diretor de arte, responsável por grande parte das engenhocas utilizadas por James Bond.

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Syd Cain (16 de abril de 1918 – 21 de novembro de 2011), diretor de arte, responsável por grande parte das engenhocas utilizadas por James Bond, ao longo de vários filmes da série do espião.

Nascido em Grantham, Linconlshire, na Inglaterra, Cain iniciou sua vida no anonimato, como desenhista de produção nos estúdios Denham, onde não podia assinar seus projetos. Em seu primeiro trabalho, contribuiu com o visual gótico do melodrama “Uncle Silas”, baseado num conto de Sheridan Le Fanu.

Graças ao seu inegável talento, não demorou muito para que fosse promovido a diretor de arte. Nesta fase, talvez como forma de compensação dos tempos não creditados, Cain desenvolveu o hábito de fazer com que seu nome aparecesse nos objetos de cena. Isto acabou virando uma divertida tradição.

Em “Nosso Homem em Havana” (1959), seu nome aparece no projeto de um aspirador de pó. Em “Frenesi” (1972), Jon Finch aposta num cavalo de propriedade de um certo “Mrs S. Cain”.

Depois de trabalhar em projetos menores do prolífico produtor Albert R Broccoli, como “Inferno Abaixo de Zero” (1954) e “Os Sobreviventes” (1956), foi contratado como assistente de arte em uma nova franquia, cujos direitos Broccoli iria explorar por toda a sua vida.

Ele ajudou a criar o visual de “007 Contra o Satânico Dr. No” (1962), primeiro filme do agente secreto James Bond. Na produção, foi supervisionado por Ken Adam, diretor de arte vencedor do Oscar, que acabou levando boa parte dos méritos. A parceria, por sinal, se estendeu por quase toda a carreira de Cain.

O designer entrou definitivamente para a história de James Bond a partir de “Moscou contra 007″ (1963), o segundo filme da franquia, no qual assumiu a criação das engenhocas usadas pelo espião. O filme introduziu o famoso inventor Q, que era quem desenvolvia, na tela, as armas secretas de 007. Mas o verdadeiro Q, ou melhor, o gênio por trás das gadgets até hoje imitadas pelos filmes de ação e espionagem, foi Syd Cain.

Entre o arsenal icônico, que acabou virando repertório de inúmeras paródias e homenagens, está o assento ejetor, o canhão de raio laser, o relógio de mil e uma utilidades e o carro que dispara tiros e mísseis. Um ítem em particular, assinado por Cain, se tornou objeto de culto. A traiçoeira maleta preta, usada por Bond em “Moscou Contra 007″, posteriormente teve seu design incorporado à moda masculina nos anos 1960. O acessório é vendido até hoje como a “maleta 007″, um sucesso de vendas.

Cain trabalhou na franquia por três décadas e com cinco intérpretes diferentes de 007. Sua última contribuição para a série aconteceu em “007 Contra GoldenEye”, em 1995.

Sua carreira, porém, foi muito além dos filmes de 007. Seu estilo visual clássico, tipicamente britânico, inspirou colaborações que exploraram o imaginário mod da década de 1960 – iconografia da qual James Bond era uma parte proeminente.

Ele usou a experiência adquirida na série para trabalhar com Ken Russell em outra franquia de espionagem, no filme “O Cérebro de Um Bilhão de Dólares” (1967), final da trilogia do agente secreto Harry Palmer, vivido por Michael Caine.

Paralelamente aos filmes de espionagem, colaborou com mitos do cinema mundial para criar três clássicos indisputáveis. Para Stanley Kubrick, contribuiu para desenvolver a atmosfera fetichista de “Lolita” (1962).

Para o cineasta da nouvelle vague François Truffaut, concebeu um futuro mod, de cores fortes e formas marcantes, em “Fahrenheit 451” (1966). Finalmente, para Alfred Hitchcock, buscou as sombras de uma Londres decadente, visando enaltecer a sordidez do filme mais violento do mestre do suspense, “Frenesi” (1972).

Artista consumado, também trabalhou no storyboard da animação divisora de águas “Uma Cilada para Roger Rabbit” (1988), de Robert Zemeckis.

Seu único contato com a TV, foi como designer do revivalismo mod da série “The New Avengers”, em 1977. Mas não lhe faltaram produções B no final da carreira, como o terceiro “História Sem Fim” (1994) e “Tarzan e a Cidade Perdida” (1998). Seu último trabalho foi o storyboard de “Shiner” (2000), modesto e pouco visto filme de John Irvin, com Michael Caine.

Ele se considerava sortudo por ter sobrevivido a um acidente de avião na África e escapar ileso após ser atingido por um raio. Syd Cain morreu em 21 de novembro de causas naturais, aos 93 anos de idade.

(Fonte: www.pipocamoderna.com.br – Lucas Procópio – 6 de dezembro de 2011)

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