Serguei, cantor veterano do rock nacional

0
Powered by Rock Convert

Serguei, cantor veterano do rock nacional, lendário roqueiro brasileiro com mais de 50 anos de carreira, “Lenda viva do rock ‘n’ roll”, como ele próprio se denomina, veterano de quatro dos cinco festivais realizados na cidade do Rock in Rio

O roqueiro, que começou a carreira em 1966, só não tocou na edição de estreia, em 1985. Marcou presença nas outras três (1991, 2001, 2011 e 2013), nem sempre como uma das atrações principais.

Ficou conhecido quando, em 1967, subiu na estátua do Pequeno Jornaleiro, na Avenida Rio Branco, no Rio, para dar vivas ao rock e à liberdade de imprensa em pleno regime militar. Fama mesmo veio pelo fato de ter tido um affair com a diva americana Janis Joplin, no final de 1969. Depois de gravar alguns compactos, finalmente lançou o primeiro CD aos 57 anos, com produção do popular Michael Sullivan. No repertório, Satisfaction, dos Rolling Stones; Help dos Beatles, Summertime e Mercedes-Benz de sua musa Janis Joplin. 

Roqueiro durante apresentação no Rock in Rio em 2011 (Foto: Divulgação)

Roqueiro durante apresentação no Rock in Rio em 2011 (Foto: Divulgação)

Sérgio Augusto Bustamante, conheceu a fama quando o compacto Alucinações de Serguei estourou nas rádios, em 1965. Desde então, gravou dez discos, o último em 1991, pela BMG, após elogiada apresentação no festival Rock in Rio II. Oito anos depois, Serguei voltou à cena com o lançamento da biografia Serguei – O Anjo Maldito, de João Henrique Schiller. E planeja lançar seu primeiro CD, Rota 66, com participações de Evandro Mesquita e Roberto Frejat.

O roqueiro também foi destaque de carnaval pela Mocidade Independente, em 2013, quando a escola desfilou na Marquês de Sapucaí um enredo dedicado ao festival. O músico saiu na comissão de frente com uma inusitada fantasia com a frase “Eu comi a Janis Joplin” – referência à cantora norte-americana com quem, segundo ele, teve um caso nos anos 60.

Nascido no Rio de Janeiro, em novembro de 1933 e batizado como Sérgio Augusto Bustamente, teve a casa em Saquarema, na Região dos Lagos, transformada em um museu do rock. Entre seus feitos no palco, lembra de abrir a segunda edição do Rock in Rio, no Maracanã. Em 2001, recorda ter embalado milhares de pessoas com sua interpretação de “Satisfaction”, dos Rolling Stones.

“O primeiro Rock in Rio que eu fiz foi uma maravilha pra mim. Eu pedi para as pessoas sentarem no gramado do Maracanã e me despenquei lá de cima. Eu estava com uma calça de helanca [espécie de lycra], levaram duas dúzias de rosas vermelhas, eu tirei os espinhos e enfiei dentro da cueca. Depois eu dei uma jogada de corpo, enfiei a mão, tirei a rosa, dei uma lambida e joguei no público. Em 2001 eu cantei a música dos Stones, depois arranquei as calças e joguei pra multidão”, recorda.

Filho de um executivo da IBM, Domingos Bustamante, e da dona de casa Heloísa, Serguei nasceu no Rio e foi criado com os mimos de filho único. “Aos 12 anos, disse a meu pai que queria morar nos Estados Unidos, pois não suportava viver num país do terceiro mundo”, conta. Foi morar com a avó materna, Lia Anderson, em Long Island, Nova York, onde participou de festivais estudantis. De volta ao Brasil, em 1955, trabalhou no Banco Boavista, de onde foi despedido. “Ficava amarradão andando de elevador para baixo e para cima.” Foi, então, para a aviação, onde trabalhou como comissário de bordo na Loyd Aéreo, Cruzeiro do Sul, PanAir e Varig. “Depois de servir passageiros, íamos para a cauda do avião e eu imitava a Dalva de Oliveira e o Elvis Presley”, lembra. Na Varig, teve sua segunda demissão. “Estava em Madri e era folga. Pus um perucão maravilhoso e fui dançar. Depois de beber, pulei em cima da mesa onde estava a atriz Gina Lolobrigida, puxei-a pelos quadris, dançamos e tomamos um banho de sangria”, diverte-se. Na saída, bêbado, brigou com o dono da boate. “Quando cheguei ao Rio, tinha um relatório na mesa do chefe”, conta.

De volta aos Estados Unidos‚ em 1963, ele morou no Village, em Nova York, e cantou em bares. Com suas performances, roupas extravagantes e o rebolado, agradava ao público. “Pouco estudei música”, diz. “Mas canto, grito, pulo e requebro.” Nessa época, conheceu Janis Joplin, freqüentou a casa de Jim Morrison, líder do The Doors, foi a Woodstock e viu Jimi Hendrix. “Éramos movidos a incensos e Jack Daniel’s”, conta.


Quando o pai adoeceu, em 1973, Serguei voltou ao Brasil. A família mudou-se para Saquarema, na Região dos Lagos, Rio, onde o roqueiro vive. “Fiquei com ele até o fim”, conta. “Lia para ele, fazia sua barba.” Há quatro anos, perdeu a mãe. Hoje, não tem rotina, fora os 45 abdominais diários. “Sou vaidoso. Fui um dos primeiros a usar interlace nos cabelos no Brasil”, diz ele. Garante que não usa drogas e não abre mão de sua nada convencional preferência sexual. Além de homens e mulheres, disse que já transou até com uma árvore.


Muito ligado à natureza, Serguei reside em uma casa em Saquarema, que ele mesmo denominou “Templo do Rock”. Lá ele recebe visitantes e mostra objetos e fotos de ídolos e de momentos da sua vida. E é de Saquarema que ele parte para alguns shows pelo Brasil, trabalho que o sustenta há quase 40 anos. Faz shows no Norte e no Nordeste. “Num mês razoável, ganho de R$ 3 mil a R$ 4 mil “, conta. O único rendimento certo são os dois salários mínimos que recebe do INSS como autônomo. Serguei ostenta o título de artista oficial do grupo de motoqueiros Hell’s Angels no Brasil. Sua discografia é distribuída para integrantes do Hell’s no mundo. Na única vez em que andou de moto, porém, caiu e ficou uma semana no hospital, com um coágulo na cabeça.

Quando o mundo fervia em mudanças, protestos e novos comportamentos, Serguei não flertava com a Jovem Guarda e muito menos com a Bossa Nova, apesar da simpatia pelo Tropicalismo. Ele estava mesmo é sintonizado com a psicodelia que explodia com o ‘verão do amor’.

Neste clima ele gravou ‘Eu Não Volto Mais’ (falando no perigo da bomba atômica), ‘As Alucinações de Serguei’, ‘Maria Antonieta Sem Bolinhos’ (um clássico!) e ‘Sou Psicodélico’. Em 69, gravou o compacto ‘Alfa Centauro/Aventura’, acompanhado do grupo carioca The Cougars, lançado pelo selo ‘Orange’, que flertava com a tropicália, mas sem perder a ‘acidez’ psicodélica.

Em 1970, lança o compacto com ‘O Burro Cor-de Rosa’ e ‘Ouriço’, produzido por Nelson Motta, com sugestivas letras que lhe renderam alguns “pepinos” com a ditadura.

Desde então, gravou esporadicamente, com destaque para o compacto ‘Hell’s Angels do Rio’ e ‘Ventos do Norte’, com a a banda Cerebelo, lançado em 1983. No ano seguinte, vem mais um compacto com ‘Mamãe Não Diga Nada ao Papai’ e ‘Alergia’, produzido por Hernán Torres Oliveros.

O primeiro e único LP veio somente em 1991, depois de uma elogiada apresentação no Rock in Rio II. No disco, além de originais, estão covers para clássicos do rock, como ‘Satisfaction’, dos Rolling Stones, e uma hilária versão para ‘Roll Over Beethoven’, que virou ‘Rolava Bethânia’. Assim como os compactos, a íntegra do LP permanece inédito em cd.

(Fonte: http://g1.globo.com/musica/rock-in-rio/2015/noticia/2015/09 – ROCK IN RIO 2015/  Lívia Torres Do G1 Rio – 15/09/2015)

(Fonte: http://portalsaquarema.com/serguei – Por Luciana Machado)

Powered by Rock Convert
Share.