Ribamar Oliveira, repórter especial e colunista do jornal Valor Econômico, ganhou vários prêmios na carreira, entre os quais o Prêmio Esso de Economia pela reportagem “O Escândalo dos Precatórios”

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Ribamar Oliveira, repórter especial do Valor Econômico

 

Jornalista do ‘Valor Econômico’, mestre das entrelinhas

 

Ribamar Oliveira (Codó, Maranhão, 1954 – em Brasília, 1° de junho de 2021), jornalista, repórter especial e colunista do jornal Valor Econômico. Ribamar Oliveira ganhou vários prêmios na carreira, entre os quais o Prêmio Esso de Economia pela reportagem O Escândalo dos Precatórios.

 

Como jornalista de economia, participou da moderação de eventos no tribunal, a exemplo do Seminário dos 15 anos da Lei de Responsabilidade Fiscal, e desenvolveu matérias e artigos importantes para a compreensão de fatos de repercussão nacional.

 

Além do Valor Econômico, Ribamar passou pelas redações do jornal O Globo, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, além das revistas Veja e Isto é. Foi, ainda, assessor de imprensa do Banco Central e do ministério do Planejamento. O jornalista também ganhou vários prêmios, incluindo um Esso de Economia pela reportagem O Escândalo dos Precatórios.

 

Egresso das grandes publicações do País e do Estadão, onde venceu um Prêmio Esso de Economia em 1997, Riba entrava num mundo só dele. Com as mãos sobre a cabeça e os cotovelos sobre a mesa, metia os olhos sobre tabelas e textos indecifráveis sobre contas públicas. Passava horas assim, até que, de repente, saltava da cadeira e partia para a chefia de redação.

 

Com as portas abertas, travava horas de conversa em voz alta. Nós ouvíamos tudo sobre algum tema árido para a maior parte de quem acompanhava. No dia seguinte, estava lá, na capa do jornal, uma manchete que revirava o mercado financeiro, o mundo político e que mexia com a vida de cada cidadão.

 

Lembro de uma vez, quando Riba saiu de férias. No Banco Central, funcionários disseram que finalmente teriam um mês de alívio e que poderiam descansar. Rimos disso. Ribamar decifrava os dados como ninguém, via as notícias e os escândalos saltarem de páginas onde todos só enxergam números e letras.

 

O mestre também era menino. Entre as conversas infindáveis em reuniões de pauta, que muitas vezes faziam mergulhos técnicos, havia o espaço para imitações, brincadeiras, um jeito de falar quase caipira, que todos sabiam decodificar e cair na gargalhada. Riba era inteligência rara, alegria e generosidade.

 

Quando deixei o Valor e segui para o Estadão, lembro de entrar na sala de reunião de pauta do novo jornal com a insegurança natural de qualquer um que começa em um novo trabalho. Mas lá estava o nome de Ribamar Oliveira pendurado na parede, uma homenagem do Prêmio Esso de Economia que recebeu em 1997 pela reportagem “O escândalo dos precatórios”. Me senti mais acolhido.

 

O grande João Domingos, lembra que foi Ribamar que descobriu o escândalo do caixa 2. “Ele começou a publicar aquelas matérias em economia, juntando informações e revelando que os governos estaduais estavam fraudando os precatórios. Então, soube que eu ia fazer uma viagem para Alagoas e pediu que eu olhasse a situação por lá. Procurei o Collor e perguntei sobre o decreto. Collor disse que nunca tinha assinado aquilo na vida. A reportagem acabou descobrindo que tinha sido falsificado um ato do presidente da República. Toda imprensa entrou no assunto”, disse João.

 

Cético nas apurações, Riba dava espaço para a fé quando o assunto era seu time. Santista fanático, chegava a rezar quando o clube paulista ia entrar em campo. “Uma vez peguei ele rezando atrás da casa, quando o Santos ia enfrentar o meu Goiás”, conta João Domingos.

 

Nos últimos anos, além do tempo dedicado ao jornalismo, Riba dividia o tempo que tinha com uma chácara em Pirenópolis. Passava horas na casa que mandou erguer no interior de Goiás, regando suas plantas.

 

Ribamar se formou em jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e passou pelos principais jornais e revistas do país. Foi chefe de redação da sucursal de “O Globo” em Brasília, repórter do “Jornal do Brasil” e coordenador de economia, repórter especial e colunista do Estadão. Trabalhou ainda nas revistas “Veja” e “Isto é” e foi assessor de imprensa do Ministério do Planejamento em 1994 (ano de lançamento do Plano Real), além de assessor de imprensa do Banco Central.

 

Seu trabalho nas colunas do Valor foi interrompido há quase 50 dias, quando foi internado após contrair o vírus da covid-19. Não havia dúvidas de que sairia dessa. Riba ama a família e a vida como ninguém. Nestes quase dois meses, troquei muitas mensagens com Lilian, sua esposa e amiga. Generosa, mandava informações frequentes sobre o quadro de sua saúde. Riba estava na UTI, em uma série de altos e baixos. Em alguns dias, acordava melhor. Em outros, algo se agravava. Na semana passada, chegou a apresentar um quadro melhor, mas depois a situação piorou.

A trajetória de Ribamar Oliveira

Formado em jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), Riba, como era chamado pelos colegas, passou pelos principais jornais e revistas do país.

Foi chefe de redação da sucursal de “O Globo” em Brasília; repórter do “Jornal do Brasil”; e coordenador de economia, repórter especial e colunista do jornal “O Estado de S. Paulo”. Também trabalhou nas revistas “Veja” e “Isto É”.

Ribamar trabalhou, ainda, como assessor de imprensa do Ministério do Planejamento, em 1994, ano de lançamento do Plano Real, e como assessor de imprensa do Banco Central. É coautor do livro “A Era FHC, um balanço”.

Atualmente, Ribamar Oliveira trabalhava como repórter especial do jornal “Valor Econômico”, em Brasília, onde cobria as notícias relacionadas às contas públicas. Tinha uma coluna semanal, publicada às quintas-feiras.

Ribamar Oliveira faleceu em 1° de junho de 2021 em Brasília, vítima da covid-19. Ribamar Oliveira tinha 67 anos. De acordo com o comunicado, ele ficou internado por quase 50 dias.

Riba deixa um legado incomensurável, fruto de seu profissionalismo e dedicação, paixão pelo jornalismo, amor pela vida, pelos amigos e, principalmente, por sua família, a esposa, Lílian, e os filhos Júlia, Valentina e Ricardo.

A jornalista Míriam Leitão relembrou, em um print de videoconferência, a última vez que viu o colega. Também ressaltou as suas qualidades profissionais, dizendo que Ribamar Oliveira “corrigia ministros sobre dados e normas do orçamento” e que “andava entre números com elegância”.

A jornalista da GloboNews Natuza Nery lamentou a morte do colega nas redes sociais. Em um post no Twitter, disse que a notícia “foi um soco” e que “Riba” era “um dos caras mais legais do jornalismo”.

 

Seriedade do trabalho

Banco Central também divulgou uma nota e expressou pesar pelo falecimento do jornalista, se solidarizando com família e amigos.

“O Banco Central expressa profundo pesar pelo falecimento do jornalista Ribamar Oliveira, cuja excelência e a seriedade do trabalho serviu como exemplo a todos nesta instituição em seu período como Assessor de Imprensa”, afirmou o banco.

“Foi uma honra contar com o profissionalismo de Ribamar no trabalho de bem informar a sociedade sobre as atividades do Banco Central. No jornalismo, sua ausência será sentida por todos os colegas”, completou.

Profissionalismo e competência

Em nota, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, afirmou que Ribamar Oliveira era “respeitado por ministros, servidores e colaboradores do STF em razão de seu profissionalismo e competência”.

O Supremo se solidariza com a família e os amigos, e espera que obtenham conforto neste momento de dor e perda”, acrescentou.

Exemplo de ética

O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), também se manifestou.

“Exemplo de ética, de profissionalismo e de dedicação ao jornalismo, Riba, como era chamado pela sua legião de amigos, era um profundo conhecedor da questão fiscal brasileira, sendo uma referência no assunto”, afirmou o instituto.

“Ele tinha enorme paciência em explicar os intrincados emaranhados do orçamento da União ou o que dizia a legislação brasileira sobre determinada questão. Sempre tratava as pessoas com cortesia e gentileza. Riba foi um exemplo de jornalista que se aprimorava na sua área de cobertura. Ele estudava para poder entender os assuntos sobre os quais escrevia – ou seja, ele se preparava para poder escrever dominando os termos técnicos, os números. Uma preciosidade num país em que a preocupação com as questões fiscais ganhou enorme destaque.” – Célia de Gouvêa Franco, ex-editora-executiva do Valor

“Pergunte ao Riba, era o que sempre dizíamos na redação do Valor quando aparecia alguma dúvida sobre contas públicas. Ele sempre sabia a resposta. Funcionários do governo muitas vezes faziam o mesmo, esclareciam questões fiscais com ele. É uma perda enorme para o Valor e para a imprensa brasileira, de informação e de precisão. A conta da pandemia não precisava ser tão cara para o país.” – Pedro Cafardo, ex-editor-executivo e atual colunista do Valor.

“Profissional que honrou e deu brilho ao jornalismo econômico brasileiro. Estendo as condolências ao jornal e a seus colegas que com certeza com ele aprenderam muito tanto no aspecto profissional como no humano.” – Mauro Silva, presidente da Unafisco Nacional

“Nos ajudava muito em termos de riqueza de informação. Era um jornalista muito detalhista, minucioso, cuidadoso com a informação” – Solange Srour, economista-chefe do Credit Suisse

“Era certamente o jornalista mais equipado, mais informado, que conhecia em mais detalhes as finanças públicas. Era autor de uma coluna imperdível. Vinha com análises e informações a que não tínhamos acesso, com um conhecimento muito profundo. Ele ajudava muito nos meandros técnicos.” – Zeina Latif, consultora econômica

“Ele era cuidadoso, técnico, profundo, conseguia entrar em temas complexos com muita facilidade. Nós, técnicos, não conseguíamos traduzir com essa profundidade. Ele era melhor do que a gente isso.” – Marcos Lisboa, presidente do Insper

“Grande figura, grande jornalista, grande pessoa, grande amigo.” – Fabio Giambiagi, gerente de departamento de pesquisas econômicas do BNDES

“Era comum ouvir, entre os especialistas em contas públicas, sempre que um fato novo acontecia e ninguém ainda tinha entendido: já leu o Ribamar?” – Felipe Salto, diretor-executivo da IFI

“A qualidade da análise fiscal de Ribamar era tão boa que acompanhar Ribamar quase tornava desnecessário termos pesquisa independente na área fiscal. O que me impressionava era o profundo conhecimento que ele tinha dos dados. Ele conhecia a cozinha dos dados, como o dado era construído.” – Samuel Pessôa, pesquisador da Julius Baer Family Officy e do FGV Ibre

“Profundo conhecedor do país e da política fiscal, o que o tornou uma referência no assunto, participou por várias vezes de reuniões internas do FGV IBRE para debater a questão fiscal, sempre enriquecendo os debates com suas observações e ponderações. Fará muita falta.” – Luiz Guilherme Schymura, diretor do FGV IBRE

“No convívio cotidiano, o profissional sério, dedicado e sempre correto, mostrou-se ainda uma pessoa única, bem humorada e afetuosa. Perde o país, pois profissionais da sua estatura são fundamentais para tornar menos árido e mais compreensível esse universo complexo que é a economia.” – Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban)

(Fonte: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/06/01 – DISTRITO FEDERAL / NOTÍCIA / Por G1 — Brasília – 01/06/2021)

(Fonte: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2021/06/01 – ECONOMIA / NOTÍCIAS / Colaboração para o UOL – 01/06/2021)

(Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br – EDIÇÃO Nº 1224 / ECONOMIA / POLÍTICA / por Estadão Conteúdo – 01/06/21)

(Fonte: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/06/01 – BRASIL / NOTÍCIA / Por Valor — Brasília – 01/06/2021)

(Fonte: GAÚCHAZH – ANO 58 – N° 20.038 – 3 DE JUNHO DE 2021 – MEMÓRIA / TRIBUTO – Pág: 21)

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