Pela primeira vez a história das principais publicações do país

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Pela primeira vez a história das principais publicações do país
Até o início do século, tudo que se imprimia nas ainda incipientes revistas nacionais eram quase sempre textos de cunho político, escritos pelos donos das publicações, interessados em palpitar nos rumos do País.
O jornalista e escritor Humberto Werneck, editor dos textos que compõem o belíssimo livro A revista no Brasil – comemorativa aos 50 anos da Abril – lembra que as primeiras publicações eram utilizadas “como aqueles caixotinhos de madeira” nos quais os ingleses sobem para alardear suas mais estranhas opiniões no democrático Hyde Park londrino.
Só começaram a perder um pouco destas características graças ao ímpeto de João do Rio, pseudônimo de Paulo Barreto, dandi carioca que foi um dos primeiros jornalistas a deixar as redações para buscar notícias no calor das ruas, trazendo narrativas de tipos marginais para a revista Kósmos.
João do Rio: primeiro repórter a buscar notícias nas ruas, não foi apenas um dos pioneiros. Também cunhou uma das mais precisas e perspicazes definições da atividade dos repórteres. Diziam que eram os diabos da atualidade, colados, como duendes as fechaduras.
João do Rio fez escola, como mostra um dos mais palpitantes capítulos de A revista no Brasil, denominado Reportagem. O segmento registra desde os primeiros relatos da Guerra do Paraguai, enviados em 1865 a Semana Illustrada pelos próprios oficiais brasileiros no front, até os feitos históricos de ISTOÉ e Veja, passando pela curta mas expressiva existência de Realidade, até o ano de 2000, sinônimo da boa reportagem na imprensa brasileira.
A revista no Brasil também reconstitui de forma abrangente a trajetória de milhares de publicações de gêneros diversos – dos quadrinhos as fotonovelas, das femininas as de vanguarda, das de culinária as masculinas. O trabalho é ricamente ilustrado, o livro resgata a vida de clássicos do gênero como O Malho, Fon Fon!, O Cruzeiro e até outros títulos menos significativos.
É certamente a primeira obra do gênero. Com mais de 900 ilustrações e texto impecável, traz curiosidades envolvendo a primeira revista no Brasil, surgida antes mesmo da independência do País, em janeiro de 1812. A época, o tipógrafo português Manoel da Silva Serva colocou a venda em Salvador o então “folheto” As Variedades ou Ensaios de Literatura, que durou apenas dois números. A partir daí, o livro celebra a produção criativa de milhares de jornalistas, fotógrafos, designers gráficos e acima de tudo de grandes empreendedores do ramo.
Não por acaso, a revista Careta, de 21 de dezembro de 1929, estampou em letras garrafais o título: “O Rio Civilisa-se” (sic), numa alusão a inauguração da primeira banca de “jornaes e revistas” da cidade. Como se vê, o conceito de civilização mudou bastante.

(Fonte: IstoÉ – N° 1625 – 22/11/00 – Imprensa – Por Celso Fonseca – Pág; 112/113)

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