Os primeiros embriões clonados de primatas

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Em novembro de 2007, a revista Nature publicou um estudo intrigante. Pela primeira vez, cientistas conseguem clonar um primata a partir de uma célula da pele. A equipe do cientista russo Shoukhrat Mitalipov, que trabalha no Centro Nacional de Pesquisas de Primatas do Oregon, nos Estados Unidos, afirmou ter criado dezenas de embrões clonados a partir do material genético extraído da pele de um macaco de 9 anos. O doador de DNA recebeu o nome de Semos, em homenagem ao Deus do filme Planeta dos Macacos.
Vários tipos de animais já haviam sido clonados, entre eles ovelhas, vacas, gatos, ratos, porcos, éguas e cachorros. Mas, apesar de inúmeras tentativas, nenhum grupo havia conseguido realizar todo o processo de clonagem com primatas. Uma das maiores dificuldades era o método usado para gerar os embriões dos clones.
As técnicas bem-sucedidas em outras espécies envolvem tingir o material genético ou expô-lo à luz ultravioleta. Mas essas técnicas não funcionam com primatas. A equipe de Mitalipov adotou um novo método, conhecido como luz polarizada.
O estudo é uma enorme contribuição, Mitalipov fez mais que criar os embriões a partir de uma célula de pele. Ele diz ter conseguido extrair desses embriões as células-tronco – aquelas que têm o potencial de originar qualquer tecido do organismo. E afirma tê-las induzido a se transformar em dois tipos de célula: neurônios e musculares. A equipe acredita que a técnica poderá levar também à criação de células do sangue, do fígado e do pâncreas. Mas a eficiência do processo ainda é baixa. Foram necessários 304 óvulos extraídos de 14 macacas. A partirn desse material, os cientistas conseguiram produzir apenas duas linhagens de células-tronco. Uma delas era defeituosa e a outra normal.
Como os macacos são a espécie mais próxima dos humanos na escala evolutiva, espera-se que a mesma técnica possa ser adotada no futuro para criar células-tronco específicas para cada paciente. Os cientistas pretendem criar animais com doenças humanas para estudá-las e, quem sabe, descobrir novos tratamentos. Eles acreditam que, com a técnica que desenvolveram, será possível criar em macacos qualquer doença genética humana.
Além das dificuldades técnicas, a clonagem terapêutica enfrenta controvérsias. Muitos não consideram correto criar embriões com propósitos utilitários: apenas para extrair as células-tronco e destruílos em seguida. Pesquisadores têm evitado usar o termo clonagem terapêutica. Querem que o processo fique conhecido como transferência nuclear de célula somática.
É certo que a equipe não estava interessada em criar clones de macaquinhos para repovoar florestas. Não transferiu os embriões para o útero das fêmeas. O objetivo não era mostrar que a clonagem de primatas para fins reprodutivos é viável. A intenção, segundo Mitalipov, era apenas criar uma fonte de células-tronco útil para as pesquisas médicas.
(Fonte: Revista Época, 19 de novembro, 1997 – N°496 – Saúde & Bem-Estar – Clonagem – Por Cristiane Segatto e Marcela Buscato – Pág; 86/87/88)

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