Os 80 anos do criador da bossa nova

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Os 80 anos do criador da bossa nova

No dia 10 de junho de 2011 João Gilberto completou oito décadas de vida. Uma trajetória e obra de sucesso do pai da bossa nova

Anos 30

1931 – João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira nasce em 10 de junho, em Juazeiro (BA), filho de Patu, dona de casa religiosa, e Joviniano, próspero comerciante. João foi o terceiro dos seis filhos do casal, sendo que o pai tivera outros dois no primeiro casamento. Afastado de uma escola por ser bagunceiro, João é enviado para Aracaju (SE), onde estuda por quatro anos num colégio interno.

Anos 40

Os primeiros acordes

1945 – De férias em Juazeiro, ganha seu primeiro violão.

1948 – Começa a tocar na sua cidade, inclusive em clubes, como a Sociedade 28 de Setembro. Forma com quatro amigos o grupo Enamorados do Ritmo.

Anos 50

Início da carreira

1951 – Depois de um ano em Salvador sem se firmar em rádios, é convidado para ser no Rio o crooner do conjunto vocal Garotos da Lua.

1952 – Afastado do conjunto por faltar a shows, João ainda consegue gravar em agosto um 78 solo, que não repercute.

1953 – Uma composição sua, “Você esteve com meu bem” (parceria com Russo do Pandeiro), é gravada pela primeira vez, por Marisa (depois Gata Mansa), acompanhada por João ao violão. Sem sucesso. Canta jingles para sobreviver.

Anos 50

Encontro com Tom Jobim

1955 – Após um ano de dificuldades, aceita convite do amigo Luís Telles e passa cerca de sete meses em Porto Alegre, onde canta no Clube da Chave. No final do ano, vai para Diamantina (MG), abrigado por sua irmã Maria até maio de 1956. Passa horas tocando violão e chega à maneira de cantar e tocar que se consagraria como bossa nova.

1957 – De volta ao Rio, mora de favor em casas de amigos e começa a mostrar as composições “Bim bom” e “Hô-bá-lá-lá”, inclusive para Tom Jobim, que se surpreende com seu violão.

Anos 50

“Chega de Saudade”

1958 – Em abril, toca nas faixas “Chega de saudade” e “Outra vez” do disco “Canção do amor demais”, de Elizeth Cardoso, apenas com músicas de Tom e Vinicius de Moraes. Em 10 de julho, faz a sua própria gravação de “Chega de saudade”, momento que se torna o marco inicial da bossa nova. Do outro lado do compacto, “Bim bom”. Em novembro grava outro disco, com “Desafinado” e “Hô-bá-lá-lá”.

1959 – O primeiro LP, intitulado “Chega de saudade”, faz grande sucesso. Entre as faixas, “Rosa morena”, “Saudade fez um samba” e “Maria Ninguém”.

Anos 60

“O amor, o sorriso e a flor”

1960 – Grava o segundo LP, “O amor, o sorriso e a flor”, lançando uma de suas marcas, a versão de “O pato”, além de canções de Tom Jobim que se tornariam clássicas: “Meditação”, “Corcovado” e “Samba de uma nota só”. Nasce seu filho João Marcelo.

Anos 60

Saudades da Bahia
1961 – “João Gilberto” é seu primeiro disco só com voz e violão. Sem o sucesso dos anteriores, fecha a trilogia básica da bossa nova, com versões de “Saudade da Bahia”, “O samba da minha terra”, “O barquinho” e outras.

Anos 60

“O encontro”

1962 – Faz na boate Au Bon Gourmet, em Copacabana, com Tom, Vinicius e Os Cariocas, o show “O encontro”, no qual é lançada “Garota de Ipanema”.

Anos 60

Carnegie Hall

1962 – Em 21 de novembro, participa do concerto da bossa nova no Carnegie Hall, em Nova York.

Anos 60

Copacabana

1962 – Com Luiz Bonfá (à esquerda), João Gilberto toca na praia numa cena do filme franco-italiano “Copacabana Palace”, com Mylene Demongeot, Gloria Paul, João Gilberto, Tom Jobim e Sylva Koscina

Anos 60

“Getz/Gilberto”

1963 – Em meio a desentendimentos com o saxofonista Stan Getz, grava em março o disco “Getz/Gilberto”, que só seria lançado no ano seguinte. “Garota de Ipanema” fica sem a sua voz (cortada pelo produtor), apenas com a de Astrud Gilberto, sua mulher.

Anos 60

Os EUA se rendem à bossa nova

1964 – A música “Garota de Ipanema” estourou, rendeu quatro Grammy ao álbum “Getz/Gilberto” e fez a bossa nova se tornar um fenômeno de massa nos EUA.

Anos 60

Bebel

1966 – Nasce Bebel Gilberto, fruto de seu casamento com a cantora Miúcha. Sai “Getz/Gilberto nº2”, com novas faixas.

Anos 70

Fama

1970 – Morando no país desde o ano anterior, grava o disco “João Gilberto en México”.

1971 – De volta ao Brasil, dá entrevistas e realiza um especial na TV Tupi, para o qual Caetano Veloso volta de seu exílio em Londres.

Anos 70

“Águas de março”

1973 – Grava “João Gilberto” com a então recente “Águas de Março” e duas composições suas, “Undiú” e “Bebel”.

Anos 70

América

1976 – Novamente nos EUA, lança “The best of two worlds”, com Stan Getz e Miúcha.

Anos 70

“Amoroso”

1977 – Com orquestrações de Claus Ogerman, realiza um de seus trabalhos mais cultuados, “Amoroso”, que se tornaria disco de cabeceira de Diana Krall e outros artistas mais jovens.

Anos 80

Da TV para o LP

1980 – Faz na TV Globo o programa “João Gilberto Prado Pereira de Oliveira”, que também vira disco.

Anos 70

Parceria com os Novos Baianos

1981 – Com Caetano, Gilberto Gil e Gal Costa, grava “Brasil”, disco que não o satisfaz por motivos técnicos.

Anos 80

O mito

1986 – Tendo realizado vários concertos no exterior nos últimos anos, registra em disco sua participação no Festival de Montreux, na Suíça.

1988 – A gravadora EMI-Odeon lança a coletânea “João Gilberto – O mito”, reunindo todas as faixas de seus três primeiros discos, mas fora de ordem e com problemas técnicos identificados pelo artista. Ele entra contra a gravadora com um processo que se arrasta até hoje. Discos e coletânea estão fora de catálogo, custando caro no mercado paralelo.

Anos 90

30 anos depois

1991 – Surpreende ao realizar um comercial para uma cerveja. Grava o disco “João” no Brasil, mas as orquestrações são feitas nos EUA por Clare Fischer. “Palpite infeliz” e “Sampa” estão entre as faixas.

1992 – Trinta anos depois do show “O encontro”, sobe numa palco ao lado de Tom Jobim para participar de um show. Após a morte do maestro, em dezembro de 1994, cantaria em alguns tributos ao amigo.

Anos 90

São Paulo

1994 – Grava ao vivo, em São Paulo, o disco “Eu sei que vou te amar”.

1999 – É contratado para inaugurar em São Paulo o Credicard Hall, em São Paulo, ao lado de Caetano.

Anos 90

“Vaia de bêbado não vale”

1999 – No show do Credicard Hall, em São Paulo, João Gilberto canta poucas músicas por causa da qualidade do som, mostra a língua para a plateia ao ser vaiado e cantarola o verso “Vaia de bêbado não vale”.

Anos 2000

Voz e violão

2000 – Com produção de Caetano, lança o CD “João, voz e violão”, com novas versões de “Chega de saudade” e “Desafinado” dentre as faixas. Na capa, a atriz Camila Pitanga faz o gesto de quem pede silêncio.

2002 – “Live at Umbria Jazz Festival” é mais um disco ao vivo, feito na Itália, e lançado apenas no exterior.

Anos 2000

Luísa

2004 – Grava um CD ao vivo em Tóquio, num concerto para 5 mil pessoas. O Japão passa a ser um de seus lugares preferidos para se apresentar.

2005 – Nasce Luísa, sua filha com a produtora Cláudia Faissol.

Anos 2000

50 anos de Bossa

2008 – Nas comemorações dos 50 anos da bossa nova, canta em São Paulo, no Rio e em Salvador. Mostra-se satisfeito com o som e simpático com o público.

(Fonte: www.oglobo.globo.com – Cultura – João Gilberto: 80 anos/ Por Luiz Fernando Vianna – Edição: Ricardo Calazans e Erika Azevedo – Arte: Leonardo de Morais e Ana Fucs – 6/6/11)

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