Organizou a primeira convenção para o sufrágio feminino

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Organizou a primeira convenção para o sufrágio feminino

 

Susan Brown Anthony (Adams, Massachusetts, 15 de fevereiro de 1820 – Rochester, Nova York, 13 de março de 1906), foi a segunda de sete filhos de uma família Quaker que, como acontecia entre os Quakers, era contra a escravatura e acreditava na igualdade entre homens e mulheres. Susan viveu pois num ambiente familiar muito progressista, numa casa que era o ponto de encontro de activistas anti-esclavagistas e teve como vizinho o grande orador afro-americano Frederick Douglas.

Depois de receber educação numa escola religiosa Quaker em Filadélfia, Susan seguiu a carreira de professora durante alguns anos – uma das poucas profissões então abertas a mulheres, ganhando um quinto do que os colegas masculinos ganhavam – e combateu a segregação racial nas escolas. Em 1848, juntou-se às “Filhas da Temperança” (Daughters of Temperance) e em 1852 fundou a Sociedade das Mulheres pela temperança, do Estado de New Jersey (Womens New York State of Temperance Society), preocupada com os abusos sofridos pelas crianças e mulheres de alcoólicos, apoiou e chegou mesmo a liderar um movimento contra a venda de bebidas alcoólicas.

Conheceu Elizabeth Cady Stanton em 1851 numa convenção anti-esclavagista e tornaram-se amigas. Em 1854 apresentou uma petição sobre os direitos de propriedade das mulheres e sobre o sufrágio. Viu a primeira reivindicação satisfeita em 1860 quando foi reconhecido legalmente o direito das mulheres controlarem os seus próprios salários e heranças e exercerem autoridade sobre os filhos.

Em relação ao sufrágio, a principal reivindicação feminista da época, exigiu-o para mulheres brancas e negras; mas, porque se pronunciou sobre o absurdo que era conceder o voto a homens analfabetos enquanto se negava o mesmo direito a mulheres cultas, foi acusada de elitista. Ora tal acusação, em meu entender, resulta apenas de se ignorar propositadamente o contexto em que as afirmações são proferidas, para distorcer completamente o seu sentido.

Em 1872 teve a ousadia de votar para a eleição presidencial argumentando que a constituição diz: “Nós, as pessoas, e não, nós cidadãos brancos do sexo masculino.” Foi presa, julgada e multada, mas nunca pagou a multa.

De 1868 a 1870 foi proprietária de um jornal – «Revolution» – que, entre outros tópicos, lutava contra a discriminação no trabalho e na aplicação de leis do divórcio. Os apoios financeiros escassearam e ela própria teve de trabalhar durante alguns anos para pagar as dívidas, entretanto contraídas.

Organizou em 1890, em Washington, a primeira convenção para o sufrágio feminino e participou em outros datas e lugares em movimentos a favor do sufrágio pelo que foi de todo o direito que a emenda constitucional, que viria a legitimar o sufrágio nos Estados Unidos, ficou conhecida pela Emenda Susan B. Anthony.

Com este brilhante currículo só é de estranhar que antifeministas dos nossos dias se procurem apropriar do nome e do prestígio de que Susan Anthony goza para promoverem uma agenda que não defende os interesses das mulheres.

Susan Anthony bateu-se pelo direito de voto para as mulheres; lutou pela abolição da escravatura; reivindicou o direito das mulheres controlarem os seus salários e heranças bem como de terem autoridade sobre os filhos e poderem interpor ações de divórcio; combateu a violência doméstica; pugnou para que as mulheres não fossem discriminadas, como ela própria foi, no exercício das diferentes profissões. Todas estas lutas eram no momento lutas prioritárias e corajosas.

Poderíamos perguntar se mulheres que hoje nos Estados Unidos se reclamam do seu legado, as tais “feministas conservadoras” de que fala Sara Palin, as teriam endossado. A resposta credível é rotundamente negativa. Hoje gozam de direitos de cidadania que só existem porque as feministas lutaram quando era preciso fazê-lo e quando surgiram condições objetivas para essa luta, mas é de presumir que então teriam adaptado a posição que as antifeministas assumiram, considerando que o voto não era necessário pois os homens representavam bem os interesses das mulheres.

Hoje, a luta feminista centra-se sobre a questão da autonomia das mulheres que passa pelo controlo da sua capacidade reprodutiva e pela garantia dos seus direitos reprodutivos, bem como pelo desenvolvimento de facto das liberdades que a lei lhes concede; ora é precisamente neste campo que as “feministas conservadoras” assestam baterias para minar qualquer pretensão libertadora. (Sara Palin vai ao ponto de afirmar que se uma sua filha fosse violada e engravidasse, a gravidez seria para levar até ao fim).

As “feministas conservadoras” costumam ainda rejeitar o apoio a medidas que visam facilitar a vida das mães trabalhadoras, como é o caso da instituição de creches e de outros apoios. Quanto à violência doméstica, embora a critiquem, também não se cansam de afirmar que as feministas exageram o fenômeno. A culpa pelo divórcio é por vezes por elas atribuída a mulheres demasiado exigentes, influenciadas pelo feminismo. Tudo isto, penso, é mais do que suficiente para denunciar o aproveitamento que fazem do nome de uma mulher, essa sim, uma autêntica feminista porque colocou a sua vida ao serviço dos interesses das mulheres com a consciência plena de que estes passam pela sua autonomia e libertação.

(Fonte: http://sexismoemisoginia.blogspot.com.br/2010/07 – MARCOS NA HISTÓRIA DO FEMINISMO/ Por Adília – 3 DE JULHO DE 2010)

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