O primeiro italiano a chegar ao Brasil

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PAINEL HISTÓRICO

ITALIANOS DESCOBREM O BRASIL

O banqueiro Bartholomeu Marchioni, representante de Lourenço de Médici, de Florença, teria sido o primeiro italiano a chegar ao Brasil, na esquadra de Cabral. Outro florentino, o nobre Américo Vespucci, veio na expedição de Gonçalo Coelho, que percorreu a costa brasileira em 1502. Ele teria aportado também no Novo Mundo pela primeira vez em 1499, na região do Suriname. Foi um dos primeiros a levantar a hipótese de que Colombo não chegara às Índias em 1492, como acreditou até morrer. O geógrafo Waldseemüller atribuiu a Américo Vespucci a descoberta do novo continente e, em sua homenagem, o chamou de América.
Os primeiros italianos que vieram para morar no Brasil teriam sido os irmãos Adorno, que chegaram com Martim Afonso de Souza, em 1530. Mas foi a vinda da princesa napolitana Teresa Cristina, em 1840, noiva de D. Pedro II, que trouxe a primeira leva de italianos ao país.
O fluxo migratório se intensifica a partir de 1870. Entre 1876 e 1920, veio 1,24 milhão de italianos, vindos principalmente das regiões de Vêneto, Campanha, Calábria e Lombardia, para trabalhar na agricultura do café. A corrente migratória volta a crescer depois da 2ª Guerra Mundial. Hoje há mais de 25 milhões de italianos e seus descendentes no país, de cordo com a embaixada da Itália.

POR QUE VIERAM

No final do século 19, a Itália passava por um período econômico e social difícil. Unificada em 1861, estava entre os países europeus mais pobres. O desenvolvimento capitalista no campo concentrou a posse de terras, expulsando grande número de pequenos proprietários. Sem emprego nas cidades, muitos italianos foram abrigados a procurar trabalho e vida melhor fora da Itália. No Brasil, as lavouras de café em expansão necessitavam de trabalhadores para substituir os escravos africanos (o tráfico de escravos fora oficialmente extinto em 1850 e a Abolição veio em 1888).

A COLÔNIA

Mais de um terço dos italianos que chegaram ao País, insatisfeitos com o trabalho agrícola, voltaram para a Itália. Outros foram para as cidades. Ficaram em São Paulo 70% dos italianos chegados entre 1890 e 1900. Quase metade dos 200 mil habitantes da cidade, na virada do Século 20, eram italianos. Eles formaram a base da mão-de-obra industrial paulista: em 1901, dos 50 mil trabalhadores da indústria paulista, 95% eram italianos. Politizados, ocuparam a maioria das lideranças sindicais das duas primeiras décadas do Século 20 e estiveram à frente da greve geral que parou São Paulo em 1917.
Formaram novos bairros, como Brás, Barra Funda, Bexiga e Mooca – onde ficava a Hospedaria do Imigrante. Ali os recém-chegados eram obrigados antes de seguirem para as fazendas; atualmente é sede do Museu do Imigrante.
O desenvolvimento da indústria paulista nos anos 1920 e 1930 deve muito a nomes como Matarazzo, Crespi, Bardella, Martinelli, Pirelli e Bonfiglioli. São Paulo é considerada hoje a terceira maior cidade italiana fora da Itália, atrás somente de Buenos Aires e Nova York.

NÚCLEOS NO SUL

Pequenos núcleos se espalharam pelos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Muitos italianos se fixaram no Rio Grande do Sul, aproveitando as terras que o governo imperial distribuía no norte do Estado para garantir a ocupação do território. Espalharam-se por Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi e Porto Alegre. Havia italianos também em Santa Catarina e no Paraná.

A ARTE

A contribuição dos italianos e seus descendentes às artes plásticas, por exemplo, vai de Anita Malfatti, uma das primeiras representantes do movimento modernista, a Cândido Portinari, Victor Brecheret e Alfredo Volpi. Pietro Maria Bardi – dono de uma galeria em Milão, convidado por Assis Chateaubriand para fundar o Museu de Arte de São Paulo em 1947 – foi um grande promotor das artes plásticas. A arquiteta Lina Bo Bardi, mulher de, Pietro é autora do projeto do Masp.
Na arquitetura, aliás, capomastri (mestres-de-obras) italianos construíram ou ajudaram a construir bairros inteiros em São Paulo.
O cinema e o teatro também guardam os sinais da contribuição desses imigrantes e de seus filhos. Em 1898, Afonso Segreto fez as primeiras imagens cinematográficas da Baía da Guanabara. Cerca de meio século depois, Franco Zampari e Ciccillo Matarazzo fundaram a companhia cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo (SP), um marco do cinema brasileiro. Diretores e atores italianos, tendo à frente o mesmo Zampari, deram início ao que se considera a profissionalização do Teatro em São Paulo com a criação do Teatro Brasileiro de Comédia – TBC, em 1948. Em 1951, Ciccillo Matarazzo criou a Bienal de São Paulo.

(Fonte:Rev. TV ESCOLA Especial– Abril 2000–500 Anos de Pluralidade Cultural – Pág.25).

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