Nubar Sarkis Gulbenkian, costumava deslumbrar as mulheres com seus Rolls-Royces e brilhantes

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Gulbenkian (Turquia, 2 de junho de 1896 – Cannes, 10 de janeiro de 1972), o multimilionário Nubar Sarkis Gulbenkian, que durante meio século, realizou quase todos os caprichos que o dinheiro pode permitir à imaginação. Ou talvez mais, a julgar por algumas das muitas histórias contadas a seu respeito, e principalmente dos “night-clubs” parisienses. Nubar limitava-se na juventude a assinar todas as suas despesas, que eram pagas pelo pai, o multimilionário Calouste Gulbenkian (1869-1955), pioneiro da exploração do petróleo no Oriente Próximo e criador da Fundação Gulbenkian. Em um dos exames dessas contas do filho, o velho Calouste, que jamais deixava de somar uma cifra, estranhou o alto preço de um frango e disse que não pagava.

Para Nubar – um gastrônomo que gostava de ovos de gaivota e alfaces vermelhas -, tal incompreensão era um insulto. Entrou na Justiça com uma ação contra Calouste, obrigando-o a pagar a conta e as custas do processo. “Acho que esse foi o frango mais caro do mundo”, comentou então. Nubar costumava deslumbrar as mulheres com seus Rolls-Royces e brilhantes e os homens com a elegância dos seus ternos, onde havia sempre uma orquídea fresca na lapela.

E ao contrário do pai, que gozava sua riqueza com discrição, preferindo acumular em segredo seus objetos de arte, Nubar fazia vir suas prórpias orquídeas de vários pontos da Europa e da Ásia. Uma delas foi transportada do Tibete para Londres, em avião fretado especialmente e com a mesma temperatura da estufa em que se encontrava. Apesar desse aparente desprezo pelo dinheiro, Nubar Gulbenkian era capaz de mesquinharias risíveis. Sua terceira mulher, Marie B. E. Samulson, queixava-se de que o marido a fizera aprender 27 maneiras diferentes de aproveitar comidas da véspera. E certa vez, ao comprar suspensórios na Áustria, só parou de reclamar contra o preço quando o balconista se dispôs a ficar com os suspensórios que ele usava no momento, deduzindo o valor combinado do total.

A morte de Calouste representou para Nubar ações de várias empresas petrolíferas, em que o pai só queria 5%, baseado no princípio de que “é melhor ter uma fatia pequena num grande bolo do que uma grande fatia num bolo pequeno”. Isso lhe transferiu também o apelido do pai – “Senhor 5%” -, aumentando o número de casos de família que ele contaria com bom humor em um livro intitulado “Pantaraxia”. Um livro cheio de conceitos definitivos sobre a vida, e entre os quais se incluía este que Nubar gostava de repetir: “Para ser excêntrico não é necessário ser milionário, mas o dinheiro sempre ajuda”.

Gulbenkian morreu no dia 10 de janeiro de 1972, do coração, no hospital inglês de Cannes, Costa Azul francesa, aos 75 anos.

(Fonte: Veja, 19 de janeiro, 1972 -– Edição 176 -– DATAS – Pág; 54)

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