Nelson Sargento, ícone do samba, era compositor da Mangueira, fez grandes parcerias musicais, entre elas com Cartola.

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Nelson Sargento, voz elegante de Mangueira, fica imortalizado pelo amor sincero ao samba

Retrato perene do compositor resistente, artista deixa obra sólida

 

Nelson Sargento durante ensaio fotográfico na Cidade das Artes, Rio de Janeiro, em setembro de 2014 — Foto: Claudia Martini/Enquadrar/Estadão Conteúdo/Arquivo

 

 

Nelson Mattos (Rio de Janeiro (RJ), 25 de julho de 1924 – Rio de Janeiro (RJ), 27 de maio de 2021), cantor e compositor carioca, artista foi um dos pilares mais sólidos desse gênero cultivado nos morros e nos asfaltos da cidade do Rio de Janeiro (RJ) a partir dos anos 1910.

 

Baluarte e autor de sucessos como ‘Agoniza, mas não morre’, sambista Nelson Mattos nascido em 25 de julho de 1924, na Praça XV, Centro do Rio de Janeiro, ganhou o apelido de Nelson Sargento depois de servir o Exército por 4 anos.

 

Já virou clichê apontar Nelson Sargento como uma das mais altas patentes do samba. De fato, a graduação no universo do samba sempre foi a mais elevada.

 

Nelson Sargento foi cantor, compositor, pesquisador, artista plástico, ator e escritor. A música surgiu na adolescência, mas foi apenas com 31 anos que o torcedor do Vasco da Gama compôs seu primeiro sucesso.

Com Alfredo Português, em 1955, Nelson Sargento escreveu ‘Primavera’, samba-enredo da Mangueira que também ficou conhecido como ‘As quatro estações’. Até hoje, muitos consideram este um dos sambas mais bonitos de todos os tempos.

Nos anos 60, Sargento integrou o grupo A Voz do Morro, ao lado de Paulinho da Viola, Zé Kéti, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, José da Cruz e Anescarzinho.

Entre seus parceiros musicais estão Cartola, Carlos Cachaça, Darcy da Mangueira, João de Aquino, Pedro Amorim, Daniel Gonzaga e Rô Fonseca.

 

Nelson – que teve o Sargento acoplado ao sobrenome artístico por ter alcançado tal patente ao servir ao exército – está na raiz do samba carioca.

Esse samba imortal – como o compositor sentenciou já no título, Agoniza, mas não morre (1978), de uma das obras-primas do cancioneiro autoral do artista – deve muito da força à geração seminal de Carlos Cachaça (1902 – 1999), Cartola (1908 – 1980), Ismael Silva (1905 – 1978) e Noel Rosa (1910 – 1937).

O legado dessa geração pioneira foi desenvolvido pela geração seguinte, a de Nelson Sargento, ele iniciou no samba, ainda criança, no Morro do Salgueiro, berço de outras agremiações no bairro carioca da Tijuca, embora primordialmente associado à Estação Primeira de Mangueira, escola de samba da qual foi um dos baluartes.
Foi lá que começou a tocar tamborim e a se exercitar no canto. A voz rouca se tornaria com o tempo uma das marcas da elegância do artista no mundo do samba.

Diplomado na escola de Mangueira desde a adolescência, quando foi morar no morro que abrigava bambas da verde-e-rosa, Nelson Sargento passou a integrar a ala de compositores da Estação Primeira a partir de 1942.

No Carnaval de 1949, emplaca o primeiro samba-enredo na escola, Apologia ao mestre, em parceria com o compositor português Alfredo Lourenço (1885 – 1957). O samba venceu o desfile. No Carnaval de 1950, Nelson e Lourenço se (con)sagraram bicampeões na avenida com o nacionalista samba-enredo Plano SALTE – Saúde, lavoura, transporte e educação.

No gênero, a primeira obra-prima de Nelson apareceu no desfile da Mangueira em 1955. Foi o samba-enredo As quatro estações do ano ou Cântico à natureza, composto com o parceiro Lourenço e com Jamelão (1913 – 2008).

Em que pese a ascensão no samba, a ponto de ter sido eleito presidente da ala de compositores da Mangueira em 1958, Nelson Sargento demorou para construir discografia solo.

A exemplo do também mangueirense Cartola, o compositor somente gravou o primeiro álbum individual nos anos 1970 após ter integrado na década anterior grupos como A Voz do Morro e Os Cinco Crioulos com bambas como Elton Medeiros (1930–2019).

O álbum Sonho de um sambista saiu em 1979, no embalo da repercussão da gravação do samba Agoniza, mas não morre pela cantora Beth Carvalho (1946 – 2019). Nesse disco, Nelson apresentou um dos sambas mais conhecidos da criação geralmente solitária do compositor, Falso amor sincero (1979), celebrado pelos versos “O nosso amor é tão bonito / Ela finge que me ama / E eu finjo que acredito”.

Também poeta e pintor, Nelson Sargento personificou o retrato perene do sambista resistente que acabou se impondo pela força da criação, contra todas as adversidades do mercado da música.

Compositor de sambas como Encanto da paisagem (1986), música-título do segundo álbum solo do artista, Nelson Sargento era o último sobrevivente de uma geração movida pelo amor sincero pelo samba.

Durante anos, só o seu trabalho de compositor ficou conhecido de vários intérpretes. Em 1979, aos 55 anos, ele gravou seu primeiro disco solo. Na lista de centenas de composições que Nelson Sargento escreveu estão:

  • Agoniza, mas não morre;
  • Cântico à natureza;
  • Encanto da paisagem;
  • Falso amor sincero;
  • Século do samba;
  • Acabou meu sossego.

Literatura e cinema

O mestre do samba ainda escreveu os livros “Prisioneiro do Mundo” e “Um certo Geraldo Pereira”.

No cinema, ele atuou nos filmes “O Primeiro Dia”, de Walter Salles e Daniela Thomas, “Orfeu”, de Cacá Diegues, e “Nélson Sargento da Mangueira” de Estêvão Pantoja.

Esse último rendeu ao sambista o Kikito, no Festival de Gramado, pela melhor trilha sonora entre os filmes de curta metragem.

Por esse amor, recebeu as flores em vida que se encerra nesta quinta-feira, 27 de maio, deixando como legado a obra imortal do compositor.
Nelson Mattos faleceu em 27 de maio de 2021, em hospital na cidade natal do Rio de Janeiro (RJ), a dois meses de completar 97 anos, vítima de covid-19.

(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2021/05/27 – POP & ARTE / MÚSICA / BLOG DO MAURO FERREIRA / Por Mauro Ferreira – 27/05/2021)

(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/05/27 – RIO DE JANEIRO / Por Filipe Fernandes, TV Globo e G1 Rio – 27/05/2021)

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