Muamar Kadafi, ditador líbio, o primeiro líder a ser morto após ser deposto na Primavera Árabe.

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Muamar Kadafi (Sirte, 7 de junho de 1942 – Sirte, 20 de outubro de 2011), ditador líbio se tornou o primeiro líder a ser morto após ser deposto na Primavera Árabe, o ditador tinha 69 anos.

Depois de dois meses escondido, ele foi encontrado ao tentar fugir de Sirta, tomada dia 20 de outubro de 2011, por combatentes do Conselho Nacional de Transição (CNT).

Comemorando o fim definitivo da era Kadafi, após 42 anos.

O ditador teria sido atingido por um ataque aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O coronel Roland Lavoie, da Otan, informou apenas que aviões da aliança atacaram dois veículos militares que faziam parte de um comboio perto de Sirta.

Os principais fatos sobre Muamar Kadafi, ex-ditador líbio que permaneceu no poder do país por 42 anos. Kadafi foi derrubado pela Primavera Árabe e foi morto nesta quinta-feira após a tomada de Sirta, último bastião do regime na Líbia, informaram fontes do Conselho Nacional de Transição (CNT). Sem nunca ter exercido uma função oficial no governo, ele ficou conhecido como Irmão Líder e Mentor da Revolução.

FIM DA GUERRA NA LÍBIA

Ponto a ponto, a era Kadafi na Líbia

Nasce em junho de 1942 em uma tenda próximo a Sirte, no Mediterrâneo, filho de um vaqueiro beduíno.

Abandona os estudos universitários de Geografia para seguir carreira militar – que incluiu passagens no Exército britânico. Assume o poder em um golpe em 1969.

Adota o panarabismo do ex-líder egípcio Gamal Abdel Nasser e tenta sem sucesso unir Líbia, Egito e Síria em uma única federação. Uma tentativa semelhante para juntar a Líbia com a Tunísia termina em atritos.

Em 1977, muda o nome do país para Grande Jamahiriyah (Estado das Massas) Árabe Popular e Socialista da Líbia e diz que os cidadãos poderiam manifestar suas opiniões nos congressos do povo.

Aviões dos EUA bombardeiam a Líbia em 1986 em resposta a um atentado a bomba em uma discoteca de Berlim frequentada por soldados americanos.

Sanções da ONU, impostas em 1992 para pressionar Trípoli a entregar dois líbios suspeitos pelo atentado em um avião que sobrevoava Lockerbie, na Escócia, em 1988, prejudicam a economia líbia, rica em petróleo, amenizando a retórica anticapitalista e anti-Ocidente de Kadafi.

Excluído da comunidade internacional durante grande parte de seu governo por conta das acusações de terrorismo pelo Ocidente, Kadafi abandona o programa de armas proibidas em 2003 para trazer a Líbia de volta à comunidade da política internacional.

Em setembro de 2004, o então presidente americano, George W. Bush, encerra formalmente um embargo comercial dos EUA contra a Líbia, depois de Kadafi descartar planos de seu programa de armas e assumir a responsabilidade por Lockerbie.

Seu caráter performático é evidenciado principalmente nas visitas ao exterior, quando dorme em uma tenda beduína com dezenas de seguranças mulheres. Durante visita à Itália em agosto de 2010, um convite de Kadafi a centenas de mulheres jovens para se converterem ao islamismo se torna o centro de atenções durante a viagem, que tinha como objetivo consolidar os laços entre Trípoli e Roma.

A Líbia é contaminada em 2011 pelas revoltas árabes que já derrubaram os ditadores de Egito e Tunísia. Com bombardeios da Otan, a partir de março, e o avanço dos rebeldes, que já tomam boa parte do país, o ditador sofre um isolamento sem precedentes em seus 42 anos no poder. A queda de um dos regimes mais autocráticos do mundo parece iminente.
(Fonte: www.oglobo.globo.com/mundo – 20/10/11)

Conhecido pelo jeito extravagante de se vestir e por andar acompanhado por guarda-costas mulheres, o coronel Muamar Kadafi era o chefe de Estado não monarca há mais tempo no poder no mundo até a tomada de Trípoli, em agosto passado. Ele se tornou líder da Líbiaapós depor o rei Idris I, sem um banho de sangue, em 1969, quando tinha apenas 27 anos.

Sua sobrevivência por 42 anos no poder se deveu a uma combinação da mão de ferro que usava contra dissidentes com a habilidade política, que usou para romper o isolamento diplomático que marcou o país após o envolvimento em atentados terroristas.

Por duas décadas, Kadafi foi considerado um pária pela comunidade internacional, após uma bomba destruir um avião da Pan Am sobre Lockerbie, na Escócia, em 1988, matando 270 pessoas. Após anos negando envolvimento, a Líbia acabou reconhecendo a responsabilidade no caso, em 2003, e pagando até US$ 10 milhões a parentes das vítimas.

O anúncio de que desmantelaria seu arsenal nuclear, meses depois, foi outro fator que ajudou a abrir caminho para o retorno à comunidade internacional. No ano seguinte, os Estados Unidos suspenderam o embargo econômico ao país.

Kadafi nasceu no deserto, perto da cidade de Sirta, em 1942. Filho de nômades, disse ter herdado dos pais o gosto pelas tendas. Na juventude, era um admirador do presidente egípcio, Gamal Abdel Nasser, e de suas ideias de nacionalismo árabe. Kadafi chegou a ir para a Universidade de Benghazi, para estudar Geografia, mas largou o curso para entrar para o Exército.

Foi na academia militar que surgiram os planos para derrubar a monarquia. Ele chegou a ser enviado para o Reino Unido, para receber treinamento militar, mas na volta lançou sua tentativa de golpe, em 1 de setembro de 1969.

Após conquistar o poder, adotou um discurso que misturava panarabismo, anti-imperialismo e aspectos do Islã. Embora permitisse que os líbios tivessem pequenas empresas, o controle das grandes cabia ao governo. Uma de suas ideias era a união de Líbia, Egito e Síria numa espécie de federação. Sua filosofia política foi registrada no “Livro Verde”, em que dizia oferecer uma alternativa para o capitalismo e o socialismo.

Em 1977, ele criou o sistema Jamahiriya, ou Estado das Massas, no qual o poder deve ser desempenhado por “milhares de pessoas em comitês populares”. Por isso, não adotava um cargo formal, apresentando-se como um guia espiritual da nação. Na prática, no entanto, mantinha o poder absoluto sobre o país.

Seu regime aprisionou centenas de pessoas, sentenciando algumas delas à morte, segundo organizações de defesa dos direitos humanos. Num dos episódios mais dramáticos, 1.200 prisioneiros foram massacrados na prisão de Abu Salim.

O jeito extravagante era confirmado em viagens internacionais, quando montava tendas luxuosas para se hospedar, ou mesmo na Líbia, para receber visitantes. Mas o Ocidente desconfiava de apoio a grupos terroristas, o que levou o então presidente americano, Ronald Reagan, a chamá-lo de “cachorro louco”, com os EUA bombardeando Bengazi e Trípoli, num ataque que matou sua filha adotiva.

Após um longo caminho de reconciliação internacional, Kadafi visitou os EUA em 2009, para a Assembleia Geral das Nações Unidas, numa viagem polêmica. O líder líbio não só acusou o Conselho de Segurança de ser um grupo terrorista, como rasgou uma cópia da Carta da ONU. Ele pediu ainda uma compensação de US$ 7,7 trilhões à África pelos antigos colonizadores.

O caso Lockerbie voltaria às manchetes em 2009, quando Abdel Basset al-Megrahi – um agente da inteligência líbia condenado pelo atentado ao avião – foi solto e recebido na Líbia como herói. Apesar das críticas internacionais, o líder líbio parecia firme no poder. Até a Primavera Árabe começar.
(Fonte: www.oglobo.globo.com/mundo – PERFIL -20/10/11)

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