Mike Hawthorn, campeão mundial de Fórmula 1, consagrou-se como primeiro inglês a faturar o título

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Mike Hawthorn, o campeão mundial de Fórmula 1 que mal desfrutou da sua maior glória

 

Primeiro inglês a levar o título morreu em 22 de janeiro de 1959, num acidente de estrada apenas três meses após conquista; de qualquer forma, problema de saúde lhe dava pouco tempo de vida

 

 

 

Mike Hawthorn pilota sua Ferrari na temporada de 1953 — (Foto: Getty Images)

 

 

Imagine um campeão mundial de Fórmula 1 que saboreou a glória máxima do automobilismo por apenas 94 dias. Pois bem, este foi o tempo que se passou entre a consagração de Mike Hawthorn como primeiro inglês a faturar o título até o acidente de estrada que lhe tirou a vida com apenas 29 anos de idade, no dia 22 de janeiro de 1959. Ironia ainda maior era o fato de que a expectativa de vida de Hawthorn já era baixa devido a um grave problema renal.

 

John Michael Hawthorn nasceu no dia 10 de abril de 1929, na pequena localidade de Mexborough, no norte da Inglaterra. Fez escola técnica e tinha conhecimentos de mecânica, sem contar que seu pai era dono de uma garagem que atendia a fabricantes como Jaguar e Ferrari, além de ser piloto no motociclismo.

 

A carreira de Hawthorn começou em 1950, em provas de carros-esporte. Depois de bons resultados, o inglês passou a competir nos monopostos em 1952, vencendo rapidamente sua primeira prova, na Fórmula 2. No mesmo ano, estreou na F1 e, nas cinco corridas que disputou, conseguiu um terceiro e dois quartos lugares, terminando o campeonato num excelente quinto lugar, mesmo não correndo na Suíça e na Alemanha.

 

O sucesso imediato chamou a atenção do Comendador Enzo Ferrari, que convidou Mike para correr na F1. Em 1953, a primeira temporada de Hawthorn foi muito boa, e ele terminou em quarto na tabela, pontuando em sete das nove corridas. A primeira vitória saiu de forma espetacular: no velocíssimo circuito de Reims (França), o inglês ultrapassou ninguém menos do que Juan Manuel Fangio para vencer, numa corrida em que os quatro primeiros colocados foram separados por cinco segundos.

 

 

A temporada seguinte foi conturbada para Hawthorn, que sofreu queimaduras num acidente numa corrida extra-campeonato na Itália. Mesmo assim, com três segundos lugares e uma vitória na última corrida, na Espanha, o inglês terminou num bom terceiro lugar na classificação geral. No entanto, com a perda do pai, Hawthorn decidiu se transferir para a Vanwall, para ficar mais perto da família e dos negócios que herdou na Inglaterra.

 

 

Acidente em Le Mans matou 85 pessoas nas 24 Horas de 1955 — (Foto: Getty Images)

 

 

 

Depois de dois abandonos pela Vanwall, Hawthorn decidiu voltar para a Ferrari. No entanto, o meio daquele ano de 1955 foi trágico para o inglês: durante as 24 Horas de Le Mans, Mike liderava com sua Jaguar quando passou o retardatário Lance Macklin (1919-2002); logo depois, guinou para a direita para entrar nos boxes, o que fez o compatriota desviar para a esquerda, atingindo a Mercedes de Pierre Levegh; este bateu num barranco e voou em direção ao público. O piloto francês e 84 espectadores morreram.

 

 

Hawthorn foi acusado de ter causado o acidente, mas a ação ainda não havia sido julgada quando o inglês morreu. A Mercedes se retirou da prova em respeito a Levegh, mas a Jaguar decidiu prosseguir na prova, e Hawthorn venceu. Não houve festa no pódio, mas uma foto de Hawthorn bebendo champanhe causou polêmica nos jornais franceses.

 

Foto de Mike Hawthorn bebendo champanhe após vitória em 1955 causou polêmica — (Foto: Reprodução)

 

 

 

Se as consequências da tragédia influenciaram o fim de temporada de Hawthorn na F1, não se sabe. Mas o desempenho inegavelmente foi ruim, sem nenhum ponto marcado. Mike decidiu deixar novamente a Ferrari, e pulou de “galho em galho” em 1956: pilotando carros da Maserati, BRM e Vanwall, o inglês disputou apenas três grandes prêmios, tendo um terceiro lugar na Argentina como melhor resultado.

 

Em 1957, Hawthorn retornou para a Ferrari e fez uma campanha razoável, com um segundo, um terceiro e um quarto lugares nas oito provas da temporada. Mais uma vez, o inglês terminou em quarto na tabela.

 

Com uma Ferrari, Mike Hawthorn se sagrou o primeiro inglês campeão mundial de F1 — Foto: Reprodução

 

 

Para 1958, Hawthorn teve como companheiros de equipe o compatriota Peter Collins e o italiano Luigi Musso. Rapidamente, começou uma ferrenha rivalidade entre Musso e os dois britânicos por uma questão delicada: Collins e Hawthorn teriam um acordo de cavalheiros para dividir a premiação em caso de vitória, o que não valia para o italiano. Este, então, sentiu que estava num “dois contra um” dentro da própria equipe. Isso fez os três correrem mais riscos na pista, e, num espaço de menos de um mês, Musso e Collins morreram em acidentes nos GPs da França e Alemanha.

 

 

Hawthorn então ficou sendo o único representante da Ferrari na disputa do título contra Stirling Moss (Vanwall). Na antepenúltima prova do ano, em Portugal, um gesto cavalheiresco de Moss foi fundamental para manter Mike na disputa pelo campeonato: o piloto da Ferrari, que terminara em segundo (e ainda fizera a melhor volta, o que dava um ponto extra), foi desclassificado por supostamente ter feito o carro pegar no tranco na contramão de uma subida. Mas Stirling defendeu o compatriota diante dos comissários, que revogaram a desclassificação.

 

 

Acidente de estrada matou Mike Hawthorn em janeiro de 1959 — Foto: Getty Images

 

 

Na última corrida de 1958, Hawthorn terminou em segundo lugar no Marrocos, beneficiado pelo companheiro Phil Hill, que cedeu sua posição. Mesmo com a vitória, Moss terminou um ponto atrás de Mike, que se tornou o primeiro campeão mundial britânico na história da F1. Imediatamente, Hawthorn anunciou sua retirada do automobilismo.

 

O inglês tinha sérios problemas renais – já havia perdido um rim, e o outro estava comprometido – e não viveria muito tempo, segundo os médicos. De qualquer forma, em 22 de janeiro de 1959, quando dirigia uma Jaguar numa estrada do condado de Surrey, Hawthorn bateu após ultrapassar uma Mercedes pilotada por Rob Walker, famoso chefe de equipe. Trinta anos depois, Walker admitiu que os dois estavam disputando um “pega” (ou “racha”, como preferirem), mas ele havia sido alertado por um policial para “esquecer o assunto”.

 

 

Nunca ficou esclarecido se Hawthorn, de fato, perdeu o controle do carro sozinho, se algo quebrou no carro, ou mesmo se ele teve um mal súbito. A hipótese de um desmaio foi aventada porque Mike já havia tido “apagões” anteriores, mas isso não mudaria nada no fim das contas…

(Fonte: https://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/blogs/f1-memoria/post/2019/09/17 – MOTOR / FÓRMULA 1 / F1 MEMÓRIA / Por Fred Sabino – São Paulo – 22/01/2019)

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