Michel Marie Le Ven, foi professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e preso durante a ditadura militar por ministrar Teologia da Libertação, onde atuava em uma igreja

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Michel Le Ven, teólogo da libertação e perseguido pela ditadura

 

O professor e ex-padre preso pela ditadura atuou para aproximar a academia do mundo do trabalho e dos movimentos sociais

 

Michel Marie Le Ven (Plouguernout, no Norte da França, 1932 – Ribeirão das Neves, na Grande BH, 22 de janeiro de 2021), professor do Departamento de Ciência Política (DCP) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 

Nascido em Plouguernout, no Norte da França, Le Ven, então padre jesuíta, chegou a Belo Horizonte em 1965 para atuar na Igreja do Horto, na Zona Leste da capital, onde seu trabalho inspirado na Teologia da Libertação chamou a atenção do regime militar. No início de dezembro de 1968, dias antes da instauração do AI-5, ele foi preso juntamente com os colegas Francisco Xavier Berthou, Hervé Croguenec, também franceses, e o então diácono brasileiro José Geraldo da Cruz, acusados de práticas subversivas. O episódio dos “padres franceses” abriu uma crise entre a Igreja Católica e a ditadura. Le Ven e os demais religiosos foram soltos apenas no ano seguinte.

 

Nascido na Região Norte da França, ele foi professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e preso durante a ditadura militar por ministrar Teologia da Libertação no Bairro Horto, Região Leste de BH, onde atuava em uma igreja.

 

Em dezembro de 1968, já no Brasil, Le Ven foi preso pela ditadura militar dias antes da instauração do Ato Institucional nº 5, o mais duro decreto do período. Além dele, os agentes prenderam dois colegas franceses e um padre brasileiro.

 

Le Ven foi solto no ano seguinte. Em 2016, lançou o livro “Memórias Vivas de 1968”, no qual relatou a experiência de perseguição. Em sua avaliação, a prisão dos clérigos tinha o objetivo de desarticular jovens lideranças e a própria ala progressista da Igreja Católica.

 

No início dos anos 1970, ele realizou pesquisas pioneiras sobre as classes populares em favelas de Belo Horizonte. Em 1975, Le Ven ingressou como professor do DCP. No ano seguinte, também na UFMG, obteve o título de mestre. Em 1978, doutorou-se pela USP.

 

Em 1976, fez mestrado na UFMG, onde integrou o Departamento de Ciência Política. Também obteve o título de doutor na Universidade de São Paulo (USP), em 1988.

 

Le Ven foi ainda consultor da ouvidoria da Polícia Militar de Minas Gerais e coordenou trabalhos de extensão no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG).

 

Michel Marie Le Ven foi um dos fundadores, em 1989, do Programa de História Oral da Fafich, hoje Núcleo de História Oral. Em nota, a Associação Brasileira de História Oral, da qual o professor foi integrante destacado, afirmou que ele associou a história oral à sociologia clínica, passando a “compreender a escuta das narrativas pessoais como uma forma de cuidado”. Ainda segundo a nota, ele “foi um militante pelo direito à memória e à verdade” e contribuiu para a formação de muitos pesquisadores. “Sua coerência, generosidade e obstinação continuarão inspirando todos nós”, conclui o comunicado.

 

“Como professor da UFMG, Michel Le Ven trabalhou para aproximar a academia do mundo do trabalho e dos movimentos sociais. Ele foi um dos idealizadores do Laboratório de Estudos Urbanos e, mais tarde, do Núcleo de Estudos sobre o Trabalho Humano (Nesth)”, informou a universidade em seu site institucional.

 

Ainda na UFMG, ele criou o Programa de História Oral da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). Le Ven se tornou um dos expoentes da área no Brasil.

 

Le Ven faleceu em 22 de janeiro, em decorrência de insuficiência cardíaca e respiratória, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, aos 89 anos.

De acordo com a UFMG, Le Ven enfrentava um quadro de Mal de Alzheimer há alguns anos. Ele morava em um sítio, em Neves.

“Professor Michel era, antes de tudo, um grande democrata. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi atuante, organizando grupos solidários de enfrentamento às políticas autoritárias”, afirma o frei Gilvander Moreira, colega de prelazia do pesquisador e padre da Ordem dos Carmelitas.

“Foi um participante ativo dos encontros de história oral brasileiros e um grande divulgador da metodologia, contribuindo para a formação de muitos pesquisadores. Sua coerência, generosidade e obstinação continuarão inspirando todos nós”, informou, em nota, a Associação Brasileira de História Oral (ABHO).

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por Gabriel Ronan – 22/01/2021)

(Fonte: https://ufmg.br/comunicacao/noticias – Universidade Federal de Minas Gerais / COMUNICAÇÃO / NOTÍCIAS / por Flávio de Almeida – 22 de janeiro 2021)

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