Maurice Merleau-Ponty, filósofo e psicólogo francês

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MERLEAU-PONTY, FILÓSOFO; Líder com Sarte do existencialismo pós-guerra

 

Maurice Merleau-Ponty (Rochefort-sur-Mer, 14 de março de 1908 – Paris, 4 de maio de 1961), filósofo e psicólogo, nascido em 14 de março de 1908, em Rochefort sur Mer, na França. Seu pai, um artilheiro, morreu em 1913, sendo ele, juntamente com seu sua irmão e irmã, criado pela mãe.

Sua obra foi profundamente inspirada pelos trabalhos do matemático e filósofo alemão, considerado o pai da fenomenologia, Edmund Husserl, apesar de negar sua doutrina do conhecimento intencional, preferindo basear sua construção teórica na maneira de se portar do corpo e na captação de impressões dos sentidos. Ele acreditava no organismo como uma configuração integral a ser explorada, o que possibilitaria aos estudiosos entenderem o que se passa depois que ele é submetido a inúmeros estímulos.

Frequentou em Paris, os Liceus Janson-de-Sailly e Louis-le-Grand, e, em 1926, entrou na École Normale Superieure para estudar filosofia. Foi aí que conheceu Sartre e Simone de Beauvoir.

Após graduar-se em filosofia, em 1931, lecionou em vários liceus. Em 1935 regressou à École Normal como tutor.

Serviu, durante um ano, como oficial do exército francês, na II Guerra Mundial. Católico até 1930, mostrou-se desgostoso com muitas das atitudes de elementos da hierarquia da Igreja.

Uma das primeiras publicações de Merleau-Ponty foi uma recensão sobre a obra de Gabriel Marcel “Ser e Ter” no Jornal Católico “La Vie Intellectuelle”. Foi neste pensador que Merleau-Ponty busca uma das suas ideias base: a de que a nossa subjetividade é essencialmente corporal ou encarnada. E também recebeu a noção de filosofia como um saber “concreto”.

Henri Bergson ainda era vivo e publicava os seus escritos quando Merleau-Ponty, ainda jovem, era tutor em 1930. Mais tarde Merleau-Ponty foi eleito para uma cadeira no Collége de France, e aí produziu um discurso inaugural com comentários deveras atenciosos para com Bergson. Esse discurso foi mais tarde publicado com o título de “Eloge de la Philosophie” (Elógio da Filosofia), no qual defende a experiência imediata como elemento central do conhecimento.

Merleau-Ponty tomou contato com a Fenomenologia Husserliana através do seu Professor na École Normale Supérieure Georges Gurvitch, que em 1929 lecionava a Filosofia Alemã Contemporânea. O próprio Husserl lecionou nesse mesmo ano na universidade parisiense, aquilo que mais tarde se publicou como “Meditations Cartesienes”. Apesar de grandemente influenciado pela obra de Edmund Husserl, Merleau-Ponty avança a teoria do conhecimento intencional fundamentando sua própria teoria na compreensão do corpo-ao-mundo e consequentemente na proposição da primazia da percepção.

Nas lições do professor Gurvitch, Merleau-Ponty aprendeu também a filosofia de Heidegger, e deste reteve a questão da consciência. Em sua obra é constante a utilização da expressão “ser-ao-mendo”, proveniente da expressão heideggeriana “ser-no-mundo”. O modo como ambos interpretam o lugar da ontologia é também semelhante.

Merleau-Ponty renovou a sua “aproximação” com Sartre em 1941, quando se juntou a um pequeno grupo da resistência chamado Socialismo e Liberdade, a que Sartre já havia pertencido. Esse grupo era para Sartre um grupo de pequenos burgueses intelectuais, entusiásticos, mas não coerentes nem dinâmicos. A partir daqui, Merleau-Ponty e Sartre tornaram-se mais próximos, filosoficamente e politicamente. As palavras chave eram: fenomenologia e existência. De 1945 a 1952 foi co-editor (com Jean-Paul Sartre) do jornal “Les Temps Modernes”, considerada a mais importante consequência da colaboração entre eles. O objetivo da revista era publicar artigos de politica, filosofia e literatura. Politicamente, era consensual a ideia de acabar com as injustiças do nazismo e criar uma sociedade mais humana. Como na época a União Soviética não tinha sido ocupada pelos nazis e tinha uma alternativa de regime político econômico, estes intelectuais pensaram no comunismo como uma opção. Foi aí que Merleau-Ponty se aproximou, mas sempre com reservas, devido aos campos de trabalho soviéticos. “Humanisme et Terreur” (Humanismo e Terror) foi um artigo escrito sobre estas questões em “Les Temps Modernes”, publicado em 1947.

Em 1948, Merleau-Ponty e Sartre ajudaram a fundar um partido político: o Partido de Renovação Democrática, que tal como o nome indica, tinha como objetivo criar as condições para uma revolução socialista na Europa, e que a tornasse na “terceira força”. No artigo de 1950, URSS et les champs, Merleau-Ponty afasta-se e critica o comunismo soviético. No entanto, isso não significou uma aproximação para com os americanos. A guerra da Coreia, em 1950, foi decisiva para Merleau-Ponty, pois viu o imperialismo agressivo dos soviéticos. Ao contrário, Sartre viu essa guerra como um capricho norte-americano que queria manter o seu poder de influência na zona, e por essa razão Sartre manteve-se afeto aos soviéticos. A partir daqui a relação de ambos começou a “esfumar-se”. Em uma edição de “Les Temps Modernes”, com Sartre ausente, Merleau-Ponty tomou uma decisão controversa relativamente a um artigo sobre as contradições do capitalismo, inserindo nessa edição um prefácio sobre a falha do autor em não ter referido também as contradições do socialismo. Sartre, quando voltou, não permitiu que isso acontecesse. E durante 3 anos, a relação de ambos esteve caótica. No entanto, ambos se reconciliaram depois de 1956. A diferença fulcral, entre ambos, estava ainda em Sartre manifestar as suas simpatias com o comunismo soviético, escrevendo artigos: “Les comunistes el la paix”, em 1954. Merleau-Ponty respondeu com o seu livro “Les aventures de la dialetique”, publicada em 1955. A crítica de Merleau-Ponty a Sartre é que este deixou de olhar para a evolução histórica do conceito de dialética, para olhar apenas o presente comunista. Há aqui uma querela entre objetivismo e subjetivismo. Ambos terroristas, para Merleau-Ponty. As criticas de Merleau-Ponty referem-se também à questão da consciência e da história, onde ele encontra a contradição de Sartre negar a história e isso é, precisamente, anti-marxista.

Em 1945 foi nomeado professor de filosofia da Universidade de Lyon e em 1949 foi chamado a lecionar na Sorbonne, em Paris. Em 1952 ganhou a cadeira de filosofia no Collège de France.

Entre suas obras destacam-se: “La Structure du comportement” (A estrutura do Comportamento), em 1942 e “Phénoménologie de la perception” (Fenomenologia da Percepção), em 1945.

“La Structure du Comportement”, sua dissertação de mestrado em 1938, mas apenas publicada em 1942, revela, tal como diz na Introdução, a intenção de estudar as relações da consciência com a natureza: orgânica, psicológica e social. A obra é claramente uma crítica à metodologia e aos princípios da psicologia clássica e comportamental (behaviorista). Mas nela podemos encontrar já algumas referências à fenomenologia que mais tarde seria anunciada. O método era analisar o comportamento, e mostrar que ele não se pode reduzir aos movimentos puramente fisiológicos. Vemos então aparecer noções essenciais da reflexão merleaupontyana, como “forma”, “estrutura”, “intenção” e “sentido”.

“Phenomenologie de la Perception”, sua tese de doutoramento, publicada em 1945, é considerada a sua principal e obra, na qual crítica a psicologia clássica, a fisiologia mecanicista e principalmente o cogito racionalista cartesiano.
Merleau-Ponty publicou também as coletânea “Sens et Non-Sens”, em 1948, e “Signes”, em 1960. Em “Signes”, aproxima-se do estruturalismo do seu amigo Claude Levi-Strauss, e que mais tarde o aproximou também de Ferdind de Sausurre.
Merleau-Ponty morreu repentinamente de embolia a 3 de maio de 1961, com apenas 53 anos, e no esplendor de sua carreira. Em “Les Temps Modernes”, Sartre escreveu um tributo a Merleau-Ponty. “Merleau-Ponty vivant”.

Depois da sua morte, foram publicados alguns trabalhos encontrados em meio a seus escritos. Um foi “La prose du monde”, que parece ter sido abandonado pelo próprio autor. Tal obra parece querer levar-nos para o mundo da percepção referido na “Phenomenologie de la Perception”, em que a comunicação e os outros são necessários no caminho para a verdade. Na base do conceito de sujeito encarnado. “L Origine de la Verité” é outro texto publicado, que nos fala dos fundamentos filosóficos da verdade e da intersubjetividade.

Quanto à definição de filosofia, Merleau-Ponty considera-a uma reflexão humana radical sobre a sua própria situação. Sua filosofia revela o ser humano como ser-ao-mundo; a consciência (que é sempre de alguma coisa) somente é percebida pelo corpo em movimento: somos ativos no mundo.

Faleceu em 3 de maio de 1961, em Paris, vítima de embolia.

(Fonte: Informações extraídas dos sites:
http://www.cobra.pages.nom.br/fc-ponty.html
http://olhaquedois.weblog.com.pt/arquivo/157374 – 28/04/2005)
(Fonte: http://www.ufscar.br)

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