Mario Moreno Reyes, o Cantinflas, comediante mexicano. O maior ator cômico de língua espanhola

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Alcançou fama mundial nas décadas de 1940 e 50.

Mario Moreno Reyes (Cidade do México, 12 de agosto de 1911 – Cidade do México, 20 de abril de 1993), comediante mexicano conhecido como o “Cantinflas”. Com quase meia centena de filmes, consagrou-se como o maior ator cômico de língua espanhola. O eterno bigodinho nos cantos da boca, as calças caídas e o lenço que sempre usava no pescoço marcaram tanto seus personagens quanto a louca verborragia, que originou no México o verbo “cantinflar”, ou seja, falar muito e sem nenhum sentido.

Vinte filmes coloridos, 33 filmes em preto e branco, milhares de admiradores mundo afora e apenas um elogio que realmente importa. Charles Chaplin, ao ver o mexicano Mario Moreno no cinema, disse: “Ele é o maior comediante vivo”.

Assim como Chaplin, a quem era frequentemente comparado, Moreno foi mais conhecido por seu principal personagem. Enquanto o primeiro foi Carlitos, o segundo foi Cantinflas, nome que por décadas serviu como sinônimo de humor para os países de língua espanhola. O impacto do trabalho de Moreno foi tão grande que o verbo “cantinflear” foi oficialmente incorporado ao vocabulário espanhol em 1992 — significa algo como “falar muito sem querer dizer nada”.

Cantinflas percorreu diversos momentos em sua carreira, do início incerto em palcos de periferia à atuação política em defesa da classe artística, mas se concentrou numa época em especial, quando ele chegou a Hollywood. 

Já famoso e milionário, o ator foi a estrela de “A Volta ao Mundo em 80 Dias” (1956), adaptação da obra de Júlio Verne para o cinema, sob direção de Michael Anderson. Pelo trabalho, Moreno recebeu o Globo de Ouro de ator de comédia ou musical, e “A volta ao mundo…” acabou ganhando o Oscar de melhor filme.

 

“ELE ERA NATURAL E ESPONTÂNEO”

 

Depois, o ator ainda protagonizou em Hollywood o musical “Pepe” (1960), mas nada comparado ao sucesso das dúzias de filmes mexicanos que fez, como “Nem Sangue, Nem Areia” (1941), “Romeu e Julieta” (1943), “O Sabichão” (1948) e “Sua Excelência” (1967).

Foi de tudo em seus filmes, de carteiro a fotógrafo, mas seus personagens sempre retrataram um tipo de malandro ingênuo, vivo e simplório ao mesmo tempo, repleto da chamada sabedoria popular. Seu sucesso foi tão grande que o próprio Charles Chaplin o definiu como “o melhor comediante do mundo”.

Estrela da estatal mexicana do cinema, fez apenas dois filmes em Hollywood: Volta ao Mundo em 80 dias, de 1956, em que viveu o criado Passepartout em memorável dupla com o elegantíssimo David Niven, e Pepe, de 1960.

De origem pobre, Moreno começou a vida de artista trabalhando num circo, alcançou a fama internacional na década de 40 e arrebanhou uma considerável fortuna, avaliada em 1990, em 52 milhões de dólares. Há doze anos longe das telas, dedicava-se discretamente a obras de caridade.

— Cantinflas foi um inovador. Ele teve sua origem no teatro de variedades, quando se montavam palcos pequenos em bairros pobres, e o contato dos atores com o público era muito próximo. Quando ele chegou ao cinema, fazia tudo diferente do que os outros atores faziam. Ele era natural e espontâneo.

Muito do sucesso de Moreno veio de sua capacidade gigante de improvisação. Tanto no teatro quanto no cinema, ele alterava os diálogos dos roteiros para construir personagens mais naturais à cultura mexicana.

O visual típico de Cantinflas incluía calças velhas caídas, uma corda como cinto e um chapéu curto sobre os cabelos mal penteados. Ele usava um bigode fino, ralo embaixo do nariz, com os pelos concentrados nas pontas. Era mulherengo, apesar de ter tido apenas um casamento, com Valentina Ivanova Zuvareff, uma bailarina russa radicada no México que ficou com Moreno de 1934 até a morte dela, em 1966.

 

PADRINHO DE LIZ TAYLOR

Mas, fora Moreno, o personagem que mais se destaca em “Cantinflas” é Mike Todd, o produtor responsável por “A Volta ao Mundo em 80 Dias”. Se a ideia de adaptar a obra de Júlio Verne já parecia megalomaníaca, a proposta de Todd era ainda mais insana. Com uma carreira sólida na Broadway, mas iniciante no cinema, ele queria que seu primeiro longa-metragem tivesse dúzias de estrelas internacionais em pequenas participações. Assim, “A volta ao mundo…” teve gente do porte de Frank Sinatra, Marlene Dietrich, Buster Keaton, Cesar Romero e Noël Coward.

“Cantinflas” mostra, ainda, como Todd conheceu Elizabeth Taylor. O produtor e a atriz se casaram em 1957, um ano após o lançamento de “A volta ao mundo…”, mas ele morreu em 1958, quando seu avião particular caiu no estado do Novo México. Tragicamente, o avião fora batizado pelo próprio Todd em homenagem à mulher: “Lucky Liz” (“Liz sortuda”).

Todd foi, então, o único dos sete maridos de Liz Taylor de quem ela não se divorciou. Cantinflas, aliás, foi padrinho do casamento.

Seus filmes O Analfabeto, Entrega Imediata e O Varredor foram lançados em vídeo em 1992.

Moreno morreu no dia 20 de abril de 1993, aos 81 anos, de câncer no pulmão, na Cidade do México.

A comoção foi imediata, com milhares de pessoas indo às ruas debaixo de chuva para seu funeral, na Cidade do México. Na ocasião, o então presidente, Carlos Salinas de Gortari, disse que “Cantinflas glorificou a sabedoria e a dignidade de nosso povo”.

 

(Fonte: Veja, 28 de abril de 1993 – ANO 26 – Nº 17 – Edição 1285 -– Datas – Pág: 87)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/filmes/cantinflas- -14329146#ixzz3GyD4At8s – CULTURA – FILMES/ POR ANDRÉ MIRANDA – 23/10/2014)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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