Maria Eva Duarte de Perón, mito político e mais célebre personalidade argentina.

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Evita Perón: o mito que continua vivo 60 anos depois de sua morte

Maria Eva Duarte de Perón (1919 – 1952),mito político argentino.

Maria Eva Duarte de Perón morreu há 60 anos, mas permanece influente no cotidiano dos argentinos. A futura primeira-dama do país nasceu em meio à pobreza na cidade de Los Toldos e, aos 15 anos, foi a Buenos Aires tentar realizar seu sonho de se tornar uma celebridade – status que já tinha alcançado nos anos 1940.

Tornou-se famosa nas radionovelas e foi protagonista de uma meteórica ascensão social até chegar ao poder. Conheceu o coronel Juan Domingo Perón durante um evento de caridade em 1944, um ano depois do golpe de Estado que instaurou no país um governo militar. Ela aparece ao lado do marido e presidente da Argentina em 1947, durante uma visita a Milão.

Eva Peron foi uma extravagante primeira-dama da Argentina. Aparecia sempre coberta de joias e vestida por estilistas

Bastante ativa na política, Eva Perón supervisionou grande variedade de projetos: construiu escolas, asilos e hospitais para crianças. Na foto, ela lê um dos jornais de que era dona, o Democrazia

Evita Perón lê uma mensagem para o povo argentino durante as celebrações do quarto ano do governo Perón. Ao seu lado direito está o general Juan Domingo Perón

A primeira-dama, ao lado do marido e presidente, acena para a multidão em frente à Casa Rosada. Evita era adorada pelo povo, que se sentia próximo dela

Em 1950, Eva Perón recebe uma insígnia em retribuição a seu trabalho voluntário na Argentina

Excelente oradora na sacada da Casa Rosada, Evita conquistou o direito feminino ao voto, fundou o Partido Peronista Feminino e, após sua morte, tornou-se um mito comparável a Che Guevara

As demonstrações em homenagem a Juan Perón (D) e a sua esposa, Evita, eram frequentes nas ruas argentinas: exemplo do apreço do povo por seus então governantes

Evita, como era conhecida, em um diminutivo que expressa o carinho de que era alvo especialmente nas classes mais baixas, ainda serve de inspiração no país e é lembrada por muitos como um ícone

Como forma de reconhecimento por sua renúncia à nomeação à vice-presidência, Evita Perón recebeu a recém-criada Grande Medalha Peronista em 1951

Ministro da Síria cumprimenta Eva Perón ao entregá-la um prêmio por seus “méritos extraordinários” no palácio do governo argentino em Buenos Aires

Evita morreu em 26 de julho de 1952, vítima de um câncer de útero – mesma doença que matou a primeira mulher de Perón – diagnosticado em 1947, do qual ela decidiu não se tratar. Uma morte prematura, aos 33 anos

Tumba de Evita Perón foi projetada em 1953: seria construída toda em prata e colocada dentro de um grande mausoléu em Buenos Aires

Seu corpo embalsamado foi removido após a queda de Perón em 1955. Evita foi enterrada em segredo em Milão (Itália), antes de ser devolvida a Perón em 1971. Depois de inúmeros percalços, apenas em 1976 seu corpo repousou em Buenos Aires
(Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias – MUNDO – AMÉRICA LATINA – 26 de julho de 2012)

Roubado, corpo de Evita enfrentou odisseia até ser enterrado 20 anos depois

Roubado 3 anos após morte de mito político argentino, cadáver embalsamado passou por vários lugares de Buenos Aires e por Itália e Espanha antes de ser sepultado na Recoleta

Três anos após a morte de Eva Perón, tinha início um capítulo macabro envolvendo o destino do corpo embalsamado do maior mito político da Argentina. Na noite de 22 de novembro de 1955, os restos mortais de Evita desapareceram, meses após o levante militar que derrubou o governo de seu marido, o general Juan Domingo Perón.

O corpo foi levado no meio da noite da sede em Buenos Aires da CGT, o maior sindicato peronista da Argentina, onde estava desde que o processo de embalsamamento havia sido concluído

Para os partidários de Perón, a remoção do corpo de Eva era uma tentativa de apagar o peronismo e seu símbolo mais forte na Argentina. Quando viva, Evita acumulou uma enorme popularidade, sobretudo por causa de seu trabalho junto às classes trabalhadoras.

Investigações indicaram, depois, que o corpo foi mantido em um veículo estacionado nas ruas de Buenos Aires e chegou a ser guardado dentro do sistema de abastecimento de água da cidade. Por um tempo, o cadáver ficou escondido atrás de uma tela de cinema. Acredita-se, também, que o corpo passou um tempo dentro dos escritórios da Agência Secreta Militar.

Mas, para onde quer que o corpo fosse levado, flores e velas apareciam e, por isso, era necessária uma solução de longo prazo. Em 1957, com a ajuda secreta do Vaticano, os restos de Eva Perón foram levados para a Itália e sepultados em um cemitério de Milão, com um nome falso.

Símbolo de resistência

Assim que correu a notícia do desaparecimento do corpo, começou a aparecer pichada nos muros de Buenos Aires a frase: “Onde está o corpo de Eva Perón?”

O corpo, então uma lembrança incômoda do regime peronista, transformou-se em um símbolo de resistência ao novo regime militar que comandava o país. Em 1970, os Montoneros, grupo guerrilheiro peronista, sequestraram e mataram o ex-presidente Pedro Eugenio Aramburu. Uma das razões foi o fato de o general Aramburu ter coordenado o roubo do corpo.

Em 1971, em um país marcado pela crise econômica, houve uma tentativa de “normalização” da política. O Partido Justicialista (Peronista) foi legalizado, o corpo de Evita foi desenterrado e transferido da Itália à Espanha, onde Perón vivia no exílio com a terceira mulher, Isabelita.

Uma das testemunhas da transferência do corpo foi o empresário argentino Carlos Spadone, amigo de confiança de Perón. Ele foi um dos primeiros a ver o corpo de Evita. “O general Perón, o jardineiro e eu tiramos o corpo de dentro do caixão. Colocamos em uma mesa com tampo de mármore. Nossas mãos ficaram sujas de terra, o corpo tinha de ser limpo”, contou em entrevista à BBC.

“Isabelita fez isso cuidadosamente, com algodão e água. Ela penteou o cabelo, limpou (…) e então usou um secador. Levou vários dias.” Um dos dedos da mão estava faltando. Acredita-se que os militares o tenham removido depois do golpe de 1955 para verificar se era mesmo de Evita.

Spadone também relata outros danos no corpo: havia um afundamento no nariz, sinais de golpes no rosto e no peito, marcas nas costas e uma marca maior no joelho. “Mas não acredito que ela foi pendurada ou chicoteada como alguns falam”, disse.

O retorno

Em 1973, Perón e Isabelita voltaram para a Argentina. Perón foi eleito presidente e Isabelita, vice. Um ano depois, Perón morreu e deixou na presidência sua então esposa, que supervisionou a volta do corpo de Evita de Madri para Buenos Aires.

Domingo Tellechea, especialista em restauração, foi encarregado de tornar o corpo apresentável para o público. O trabalho começou na cripta da residência presidencial Los Olivos, como Tellechea contou à BBC. “Os pés estavam ruins, pois o corpo foi escondido na posição vertical. Ela tinha uma ferida. Mas eu não saberia dizer se foi feita com uma arma ou não”, conta.

Tellechea acredita que os restos foram forçados para caber dentro de um caixão pequeno demais para o corpo. Apesar das marcas externas, ele disse que o embalsamento original resistiu bem ao tempo e que o corpo estava bem conservado.

Durante a restauração do corpo, Isabelita começou a planejar um monumento grandioso para abrigar os restos de Evita e Perón. Mas o plano nunca foi executado. Quando a restauração estava completa, o cadáver foi novamente mostrado ao público, ao lado do caixão de Perón.

Fotos da época mostram a fila do lado de fora de Los Olivos, mas nada foi igual aos 2 milhões que acompanharam o funeral, em 1952.

Recoleta

Em 1976, outro levante militar atingia a Argentina. O governo de Isabelita Perón foi deposto, e o país mergulhou em uma nova era de violência, com a morte e o desaparecimento de milhares de opositores.

Isabelita partiu para o exílio em Madri, onde vive até hoje. Já o corpo de Evita foi levado, em outubro de 1976, de Los Olivos para o mausoléu de sua família no cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, em uma operação supervisionada pelos militares.

O corpo foi colocado em uma cripta a cinco metros de profundidade, semelhante a um abrigo nuclear, para que ninguém voltasse a perturbar os restos da mais célebre personalidade argentina.

(Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/bbc/2012-07-26 – MUNDO – BBC Brasil – 26 de julho de 2012)

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