Manuel Mujica Láinez, o primeiro ex-guerrilheiro a chegar à presidência de um país na América do Sul

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Transformou-se no primeiro ex-guerrilheiro que chega à presidência de uma república sul-americana

Mujica é o primeiro ex-guerrilheiro a chegar à presidência de um país na América do Sul.
José ‘Pepe’ Mujica, ex-guerrilheiro tupamaro, ex-ministro da agricultura e senador, ex-preso político da ditadura (1973-85). Nascido em Montevidéu no dia 20 de maio em 1935 no seio de uma família de classe média austera, Mujica aderiu na juventude ao conservador Partido Nacional. Mas, nos anos 60 passaria para a esquerda e fundaria, junto com outros colegas de origens comunistas e anarquistas, o Movimento de Liberação Nacional-Tupamaros. Ali conheceu Lucia Topolanski, ex-guerrilheira, uma bela militante que transformou-se em senadora e sua esposa. Na juventude militou por partido Nacional (Blanco). Mas, nos anos 60 optou pelos movimentos de esquerda e integrou o Movimento de Liberação Nacional-Tupamaros.

Rapidamente tornou-se um dos principais líderes do grupo que protagonizou as principais ações da guerrilha armada no Uruguai. Em 1969, durante algumas horas, os tupamaros tomaram a cidade de Pando. Durante confrontos com as forças de segurança, Mujica foi ferido com seis balas, várias das quais ainda estão dentro de seu corpo. Preso várias vezes, na última etapa de detenção, o então guerrilheiro sofreu treze anos de cárceres, ao longo dos quais foi torturado.
Em 1985, com a volta da democracia, recuperou a liberdade. Mujica aproveitou os novos tempos e transformou o grupo de ex-guerrilheiros em um coeso partido político que posteriormente integrou a coalizão Frente Ampla, uma colcha de retalhos de sucesso que aglutina socialistas, comunistas e democratas-cristãos.

Mujica foi eleito senador e em 2005, com a posse do socialista Tabaré Vázquez, foi designado ministro da agricultura. Nesse posto, indicou – com uma metáfora pecuarista – que não pretende mais combater a “burguesia”, mas sim, usá-la a favor da economia: “não quero esmagar a burguesia…eu quero é ordenhá-la”.

Em 1972 foi detido no meio de um confronto com as forças de segurança. Foi ferido com seis balas, várias das quais ainda estão dentro de seu corpo. Sua prisão foi prolongada. Um total de 14 anos, ao longo dos quais foi torturado físicamente com intensidade pelos militares no final do governo civil e ao longo da Ditadura (1973-85).
Sua psique também foi alvo de terrorismo. Mujica, nos dias de bom humor dos guardas, só podia ir ao banheiro uma vez a cada 24 horas. Mas, com um capuz na cabeça que o impedia ver e com as mãos algemadas.

Nos dias de má vontade de seus carcereiros, Mujica não podia ir no banheiro. Sem alternativa, suas fezes e urina escorriam pelas pernas.
Seu colega de guerrilha, Eleuterio Fernández Huidobro, num comício, indicou que Mujica, em diversas ocasiões, quando os guardas passavam dias sem lhe dar água, precisou recorrer ao próprios fluídos corporais. “Talvez tenhamos pela primeira vez um presidente que teve que beber sua urina”, ilustrou. Mujica é eleito candidato da coalizão de governo Frente Ampla à presidência do Uruguai.

Em 1985, com a volta da democracia, Mujica recuperou a liberdade. Adaptado aos novos tempos, deixou de pregar a luta armada e transformou o grupo de ex-guerrilheiros em um coeso partido político que integra a coalizão Frente Ampla.
Eleito senador, posteriormente, no governo do socialista Tabaré Vázquez, foi designado ministro da Agricultura.

Ali, começou a planejar sua conquista da presidência. Para não assustar a classe média e alta, indicou – com uma metáfora bovina – que não pretendia mais combater a burguesia: “não quero mais esmagá-la. Não. Eu quero é ordenhar a burguesia!”.

(Fonte: www.estadao.com.br – Política e temperamento /por Ariel Palacios – Os Hermanos – 30 de novembro de 2009)

Manuel Mujica Láinez (1910-1984), nasceu no dia 11 de setembro de 1910, Manuel “Manucho” Mujica Láinez, o dândi pop. Nos deixou dezenas de livros nos quais podemos apreciar sua elegante e sutilmente irônica prosa. Deixou de escrever – e simultaneamente também de viver – em 1984, no dia 21 de abril.

Nos quase 74 anos em que esteve vivo, Manucho desfrutou cada dia. Com calma ou intensamente. Mas os desfrutou. Seu joie de vivre fica claro em suas entrevistas, cartas aos amigos, conversas com seus conhecidos e nos livros que escreveu.

Mujica Láinez teve uma vida social intensa. Dândi, vestia-se com coletes chamativos, gostava de usar monóculo e bengalas ricamente ornamentadas. Mostrava um look frívolo, enquanto sua obra tinha grande profundidade.

Apesar da significativa dedicação de tempo à pose e aparecer, encontrou horas para escrever mais de 30 livros, além de centenas de ensaios sobre literatura e arte. Sua forma ‘dândi’ de ser acabou sendo mais conhecida que sua própria obra. Mas, atualmente está sendo redescoberto.

Generoso e aberto às novas tendências, Mujica Láinez respaldou escritores e artistas dos pop anos 60, embora não fosse integrante dessa corrente.

Admirador de Proust, Mujica Láinez, tal como o autor de “Em busca do tempo perdido”, apreciava os detalhes. Simultaneamente, era capaz de descrever cenas monumentais, embora de forma sóbria. ‘Manucho’ preocupava-se pela beleza de cada frase que escrevia.

Sua obra-prima foi “Bomarzo”, novela histórica que relata a história do nobre corcunda Pier Francesco Orsini.

Mujica Láinez também é conhecido pelos contos de seu livro “Misteriosa Buenos Aires”, onde explora lendas da cidade ao longo dos séculos.
Em 1967 foi alvo da censura do ditador e general Juan Carlos Onganía, que proibiu a versão operística de seu livro “Bomarzo”.
A ópera, composta por um dos grandes compositores eruditos do século XX na Argentina, Alberto Ginastera, teve grande sucesso em Nova York.
Mas, foi considerada demasiado “erótica” pelo católico “La Morsa” (A Morsa), como era chamado o ditador.

Especialistas argumentam que, mais do que a ópera em sim, Onganía estava incomodado pela personalidade ambígua e bissexual de Mujica Láinez.

(Fonte: www.estadao.com.br – CULTURA /por Ariel Palacios – Os Hermanos – 12 de setembro de 2010)

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