O pintor e gravurista japonês Katsushika Hokusai fez muito mais do que a famosa onda de Kanagawa
Artista é um dos maiores pintores da história
Katsushika Hokusai (Edo, atual Tóquio, 31 de outubro de 1760 – 10 de maio de 1849), gênio japonês do desenho, da gravura e da pintura.
Em 1637, ao publicar Discurso sobre o Método, o filósofo francês René Descartes pavimentou o caminho do racionalismo e da modernidade, pregando uma ideia que marcaria a história do Ocidente: a visão de um homem “mestre e senhor da natureza”.
No Oriente, porém, a noção de que a grande força é ela, a natureza, e não o homem, ainda imperaria por pelo menos mais dois séculos. Uma das provas dessa cultura é a obra magistral de Hokusai.
Nascido em Edo, atual Tóquio, em outubro de 1760, Katsushika Hokusai, “o louco pela pintura”, foi um desenhista, pintor e artista popular. Filho de pais desconhecidos, depois adotado aos quatro anos de idade, começou a estudar xilogravura na adolescência, entre 1773 e 1774, e no ano seguinte publicou suas primeiras ilustrações, um total de seis páginas em um romance cômico. Em 1778, passou a membro do ateliê do mestre das estampas e Katsukawa Shunsho, quando desenvolveu a arte dos retratos e evoluiu como artesão desenhista, mas sem que seu valor artístico fosse reconhecido.
A partir de 1794, após adotar o nome de Sori – um dos inúmeros que usaria ao longo da carreira -, a obra de Hokusai ganhou em complexidade e em riqueza. Seu trabalho passou a integrar publicações mais refinadas, o que o fez mais conhecido. Seu destaque então cresceu entre 1805 e 1810, quando sua obra tornou-se referência em livros de leitura, os yomihon, pelo talento expresso no traço firme, mas delicado, e pela técnica precisa no manuseio do nankin. Então ficou mais clara a beleza de suas ilustrações, que consolidavam um estilo marcante: arte refinada sobre temas ordinários, como a vida cotidiana, a mulher e as tradições do Japão, não raro com humor.
O período seguinte, iniciado em 1814, quando adotou o nome de Hokusai manga, marcou sua consolidação como artista admirado e seguido por discípulos, que o elevaram ao status de mestre. É dessa época uma de suas obras mais impressionantes, os Hokusai manga, um conjunto de 15 livros e 3,9 mil desenhos que são em si uma antologia de sua produção artística no período.
Seu talento e sua capacidade de se reciclar como artista e explorar novas fronteiras técnicas ainda o levariam a produzir a sequência mais célebre de seu trabalho. Aprofundando-se nas ukiyo-e, as “estampas do mundo flutuante”, Hokusai desenvolveu suas Trinta e seis vistas do monte Fuji, obras inconfundíveis pelo tema e pela complexidade técnica, que contrasta com sua beleza simples, ressaltada pela força das cores, do vermelho profundo ao azul marinho.
Sua obra-prima, A Grande Onda de Kanagawa, desperta fascínio, de uma peça original, inexistente em suas reproduções. Ali está toda a potência de uma obra que mostra o apogeu de um gênio, com a mesma firmeza e delicadeza do traço de seus primeiros trabalhos, somadas a uma sensibilidade primorosa na escolha das cores, nos dégradés de azul do mar violento ou no céu neutro que completa a paisagem.
É no período Litsu, entre 1820 e 1834, que está a chave para compreender a riqueza da obra de Hokusai. Muito além da beleza de seus traços e de suas formas e cores, há uma mensagem poderosa: a de que a natureza é a força irresistível, a potência avassaladora e incomparável ao poder do homem – um coadjuvante, e não seu “mestre e senhor.”
Hokusai é, ao lado de Hiroshige e Utamaro, o expoente do “Japonismo”, como o colecionador Philippe Burty denominou em 1872 a onda de influência exercida pela arte japonesa sobre pintores, escultores e scritores da França e, a seguir, de todo o Ocidente. Inaugurada por Félix Bracquemond, primeiro artista europeu a reivindicar a influência, em 1856, quando reproduziu sobre porcelana figuras animais presentes nos Hokusai manga, a tendência se alastrou pelo meio artístico europeu.
Nomes como Van Gogh, Gauguin, Monet, Manet, Degas, Renoir, Pissarro, na pintura, Rodin, na escultura e no desenho, ou ainda Baudelaire, Mallarmé, Victor Hugo, Proust, Goncourt e Zola foram influenciados, seja por técnicas e estilos, seja pela sensibilidade e pela estética nova, pela busca da perfeição e do sublime na arte.
É uma oportunidade por meio do artista, como o século 19 representou, a exemplo do Renascimento, um novo momento de internacionalização e trocas estéticas entre diferentes países. Assim como Hokusai foi fonte de inspiração para artistas franceses, em particular o japonês também absorveu em seu trabalho traços e técnicas da arte europeia.
As influências de Hokusai sobre os mestres europeus e sua genialidade de seu trabalho em si, dá lugar a um percurso inédito do japonês que, morto aos 78 anos, queria viver até os 110 para cumprir sua missão odsedante: transformar em arte “o menor ponto, os menores traços vivos”.
(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes – 1585037 – CULTURA – ARTES/ Por ANDREI NETTO – PARIS – O ESTADO DE S.PAULO – 30 de outubro de 2014)
O pintor e gravurista japonês Katsushika Hokusai fez muito mais do que a famosa onda de Kanagawa
Você provavelmente já viu a mais famosa do pintor japonês Katsushika Hokusai, embora talvez nem saiba disso. Estamos falando da xilogravura A Grande Onda de Kanagawa (foto em destaque), a primeira da sua série que ficou conhecida como Trinta e seis vistas do monte Fuji. Mas ela não é a única expressão da genialidade do artista.
Katsushika realizou milhares de cópias da gravura usando o molde e elas estão hoje espalhadas por diversos países. Natural de Edo (onde hoje se encontra Tóquio), o artista viveu entre os anos 1760 e 1849. Durante o período, sua produção chegou a mais de 30 mil obras, incluindo gravuras, pinturas, desenhos e livros. Ele faz parte do movimento estético Ukiyo-e, bastante famoso no Japão entre os séculos 17 e 19.
Foi com apenas 6 anos que o artista começou a pintar. Ao longo da vida, ele assinou suas obras com ao menos 30 nomes diferentes. A mudança não era apenas uma excentricidade sua, mas uma prática comum entre artistas japoneses durante o período. Mesmo assim, estima-se que Katsushika tenha sido o pintor que mais nomes usou durante sua vida.
Suas principais obras mostram paisagens e a vida cotidiana no Japão da época. Durante um período, o artista também se dedicou a criar obras eróticas. Independente do período ou do nome utilizado por ele, todas as suas criações apresentam a mesma delicadeza e atenção aos detalhes que o tornaram um dos grandes representantes da arte japonesa no período.
(Fonte; http://www.hypeness.com.br/2017/06 – VIDA E ESTILO/ por Redação Hypeness – 26/06/2017)