Karl Marx, foi um revolucionário que procura mudar a sociedade por dentro, liberal reformador e moralista

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Dr. Marx, jornalista

Os escritos de um tempo em que o marxismo ainda não era sinônimo de censura estatal

 

 

O pensador prussiano Karl Marx, o pai da bases teóricas do socialismo. (Foto: DeAgostini/Getty Images)

 

Karl Marx, o teórico das bases socialistas

 

Karl Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março de 1883), filósofo, jornalista, idealizador de uma sociedade com uma distribuição de renda justa e equilibrada, o economista, cientista social e revolucionário socialista alemão.

Karl Heinrich Marx, o pai da bases teóricas do socialismo, o filósofo prussiano nasceu em 5 de maio de 1818, cursou Filosofia, Direito e História nas Universidades de Bonn e Berlim e foi um dos seguidores das ideias de Hegel.

Aos 24 anos, com um PhD pela Universidade de Iena e a cabeça cheia de ideias liberais, o Dr. Karl Marx resolveu começar a vida como jornalista. Foi parar, em 1842, na redação da Gazeta Renana para a Política, o Comércio e a Indústria, um jornal financiado pela burguesia de Colônia, na Alemanha, que se opunha moderadamente ao governo da região – considerado muito reacionário para seu gosto.

Jornalista competente, Marx tornou-se editor-chefe da publicação em menos de um ano e conseguiu subir o número de assinantes de 800 para 3 400 em poucos meses.

A outra face da moeda do sucesso do Dr. Marx como jornalista foi o conflito permanente com os censores e o governo local. Essa briga terminou em outubro de 1843, quando ele resolveu desistir e tomou o trem de Colônia para Paris, onde deixaria crescer a barba e começaria a armar a imensa confusão que seus escritos, livres de censura, provocam até hoje.

Essa primeira encarnação de Karl Marx como jornalista é pouco conhecida, sobretudo porque o Marx da Gazeta Renana é um revolucionário que procura mudar a socidade por dentro, esgrimindo muito mais como um liberal reformador e moralista do que como um radical. São dessa época diversos escritos de Marx sobre a liberdade de imprensa. Apesar do título, o livro inclui dez trabalhos, mas só dois tratam efetivamente da liberdade de expressão. Os outros oito mostram Marx como um competente analista da Guerra Civil Americana, travada entre 1860 e 1865.

O primeiro trabalho (“Debates sobre a liberdade de imprensa e comunicação”) é o primeiro ensaio político de Marx. Trata-se, sem dúvida, de um dos mais brilhantes textos já produzidos pelo pensamento humano a respeito da questão da imprensa. Esse Marx liberal é muito mais inteligente que Thomas Jefferson, ou o próprio Milton, no tratamento filosófico da liberdade de expressão.

Talvez, precisamente por serem liberais, esses textos são pouco conhecidos, pois o tempo fez com que o marxismo se confundisse com o exercício de uma censura de Estado bem pior que a utilizada contra a Gazeta Renana.

MINAR E MIGRAR – Marx apontou, por exemplo, que, “na terra da Censura, certamente, o Estado não tem liberdade de imprensa, mas um membro do Estado, o governo, a tem.” Em outra observação quase óbvia, ele mostra que “nenhuma pessoa luta contra a liberdade; no máximo, luta-se contra a liberdade dos outros.” O jornalista que luta contra a lei de censura argumenta que “a lei de imprensa é um voto de confiança que a imprensa dá a si mesma.”

O segundo texto, em que Marx, já processado pelo governo, defende a crítica aos funcionários públicos, é um retrato da evolução do autor em direção a posições mais revolucionárias, sobretudo quando ele diz que “o primeiro dever da imprensa é mirar todas as bases do sistema político existente.”

Incapaz de minar, Marx migrou. Sua proclamação a respeito do “primeiro dever da imprensa” é quase uma mudança de jornalista-meio-jornalista para revolucionário-meio-jornalista. Coisa que seria pelo resto da vida. O Marx barbudo está competentemente estudado. Já o Marx glabro, hegeliano, é menos divulgado. Basta lembrar que mal se conhece a carta de Marx a seu amigo Arnold Ruge, em 1842, quando trabalhava na Gazeta Renana, condenando “o contrabando de dogmas socialistas e comunistas em ocasionais críticas de teatro.”

Marx o jornalista se traz alguma luz sobre as críticas e a pratica um condenável ato de apropriação do trabalho alheio, referente aos trabalhos sobre a liberdade de imprensa.

(Fonte: Veja, 13 de fevereiro de 1980 – Edição 597 – LIVROS/ Por Elio Gaspari – A LIBERDADE DE IMPRENSA, de Karl Marx – Pág; 93)

(Fonte: https://epoca.globo.com/politica/expresso/noticia/2018/06 – POLÍTICA – EXPRESSO / Por MURILO RAMOS – 04/06/2018)

 

 

 

 

André Gide disse uma vez que não conseguia ler Marx, que nas páginas do filósofo alemão sentia, literalmente, uma sensação de sufoco. Já o marxista oficial da época stalinista lia Marx. Entre esse comportamento extremo pode-se ver a obra de Marx, como um vasto oceano, frequentado pelos mais diversos tipos de pescadores. E ninguém conseguiu até hoje, felizmente, transformá-la num mar territorial privativo de qualquer potência.
(Fonte: Veja, 3 de setembro de 1980 – Edição 626 – LIVROS/ Por Leandro Konder – Pág; 90)

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