Joseph Safra, banqueiro e fundador do Grupo Safra, o homem mais rico do Brasil

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Joseph Safra, o homem mais rico do Brasil

 

Joseph Yacoub Safra (Beirute, no Líbano, em 1938 – São Paulo, 10 de dezembro de 2020), banqueiro e fundador do Grupo Safra. Ao longo de sua vida profissional, Safra surpreendeu o mercado com aquisições de peso.

 

Em 2012, anunciou a compra do banco suíço Sarasin por US$ 1,1 bilhão, adicionando US$ 107 bilhões em carteira de clientes da Europa, Ásia e Oriente Médio.

 

Além disso, comprou um prédio de escritórios na famosa Madison Avenue, em Nova York, nos Estados Unidos, por US$ 285 milhões e o icônico edifício Gherkin em Londres, no Reino Unido, por cerca de US$ 1,15 bilhão.

 

Em 2014, adquiriu a Chiquita, uma das maiores produtoras de banana do mundo, junto com a Cutrale, líder na produção de laranja no Brasil.

 

Mas nem todos seus lances foram precisos.

 

Uma de suas piores apostas aconteceu durante a onda de privatizações da telefonia brasileira no fim da década de 1990, quando Safra, aliando-se à tele americana BellSouth, criou a BCP, primeira empresa a receber a permissão de explorar um espectro da rede de celular no Brasil, pondo fim ao então monopólio do sistema Telebrás.

 

Os primeiros anos foram de estrondoso sucesso, mas as receitas caíram e a empresa errou ao apostar numa tecnologia diferente da que se tornaria predominante no mercado de telefonia celular.

 

Operando no vermelho, a BCP acumulou dívidas e acabou vendida por cerca de US$ 650 milhões para o grupo do bilionário mexicano Carlos Slim, controlador da Claro, que viu nela uma oportunidade de entrar no mercado paulista.

 

Segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg, atualizado diariamente pela agência de notícias financeiras de mesmo nome, Safra era o homem mais rico do Brasil e o 101º do mundo, com fortuna avaliada em US$ 17,6 bilhões (R$ 90 bilhões). Também era o banqueiro mais rico do mundo.

 

O banqueiro é considerado o homem mais rico do Brasil, de acordo com o último ranking de bilionários brasileiros da revista Forbes Brasil, com uma fortuna estimada em R$ 119,08 bilhões.

 

Em 2020, segundo a revista Forbes, Safra superou o empresário Jorge Paulo Lemann e se tornou o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em R$ 119,08 bilhões. Ainda de acordo com a publicação, ele era a 63º pessoa mais rico do mundo.

 

De origem libanesa, Joseph era filho de Jacob Safra. A família se mudou para o Brasil nos anos 1950, época em que Jacob começou a criar um conglomerado financeiro. Joseph, que nasceu em Beirute, no Líbano, em 1938, e veio para o Brasil em 1962, com sua família já inserida no mercado financeiro nacional. Judeu, Safra imigrou para o Brasil na década de 60, para dar continuidade aos negócios de seu pai. A família tinha mais de um século de experiência no setor bancário. Ao lado do irmão Moise Safra, morto em 2014, Joseph liderou um dos principais grupos financeiros do Brasil.

 

Sob seu comando e de seu irmão, Moise, o Banco Safra se tornou o sexto maior banco do Brasil. Em 2006, comprou as ações que pertenciam ao irmão e passou a controlar a instituição financeira sozinho.

 

A cultura que Joseph impôs nos negócios da família imprimiu na marca Safra uma imagem de solidez e de que o banco é blindado a crises. Ao mesmo tempo, também fez com que o grupo demorasse mais do que os concorrentes para se ajustar às inovações do mercado. Enquanto fazia negócios mundo afora, Joseph Safra também se dedicou à filantropia.

 

Foi um dos maiores doadores dos hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, em São Paulo. À Pinacoteca, ele doou esculturas de Rodin e ao Museu de Israel, em Jerusalém, o manuscrito original da Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Durante a pandemia da covid-19, o banco doou cerca de R$ 40 milhões para hospitais e Santas Casas.

 

A dinastia Safra

 

Joseph Safra é da quarta geração de uma tradicional família de banqueiros, com origem na Síria, que começou financiando o comércio entre as cidades de Aleppo, Constantinopla e Alexandria. Jacob, pai de Joseph, mudou-se para o Líbano depois da Primeira Guerra Mundial e abriu o Jacob Maison de Banque em Beirute. Foi lá que Joseph nasceu, em 1938.

 

A vinda para o Brasil, na década de 1950, tem relação com a perseguição aos judeus no Oriente Médio, após a criação do Estado de Israel. Joseph contou certa vez que seu pai migrou com a família buscando um refúgio, porque acreditava que a terceira guerra não demoraria a começar.

 

Antes de se juntar aos pais e irmãos em São Paulo, Joseph Safra concluiu os estudos na Inglaterra e chegou a trabalhar no Bank of America, nos EUA. Edmond, o mais velho dos nove irmãos, assumiu os negócios da família no exterior, enquanto Moise e Joseph ajudavam Jacob no Brasil.

 

Em 1999, Edmond Safra foi assassinado no apartamento onde vivia com a mulher Lilly, em Mônaco, após um incêndio criminoso provocado por um de seus enfermeiros. A morte desencadeou uma briga familiar em torno da herança.

 

Sem chegar a um acordo para que Moise vendesse sua participação no banco, Joseph fundou o J. Safra, com as mesmas características e para atender aos mesmos clientes. Os dois só chegariam a um acordo em 2006.

 

A essa altura, perto de completar 70 anos, Joseph já começava a colocar em curso seu plano de sucessão, para entregar o comando dos negócios aos filhos Jacob, Alberto e David (Esther chegou a trabalhar durante um ano do banco, e hoje é dona da escola judaica Beit Yaacov, em São Paulo). A troca de bastão, no entanto, acabou sendo adiada por causa da crise financeira global.

 

Mesmo nas grandes crises financeiras, o banco nunca precisou de socorro do governo. Mas, nos bastidores, o banqueiro sempre esteve perto do poder.

 

Expansão sem estardalhaço

 

Nos anos seguintes à crise global, com a discrição que lhe é peculiar, Joseph surpreenderia o mercado com o anúncio de grandes negócios. Em 2012, comprou o banco suíço Sarasin, dobrando o volume de recursos sob sua administração. Dois anos depois, junto com o empresário brasileiro José Luís Cutrale, entrou na disputa (e ganhou) por uma das maiores produtoras de bananas do mundo, a americana Chiquita Brands International, adquirida por US$ 1,3 bilhão.

 

Hoje, o conglomerado da família Safra inclui, além de bancos na Suíça, no Brasil e em Nova York, mais de 200 imóveis ao redor do mundo, entre eles o famoso Gherkin Building em Londres.

 

A área internacional está sob o comando de Jacob, o filho mais velho de Joseph. No Brasil, David e Alberto dividiram a gestão do banco por seis anos até o fim de 2019. Por desentendimentos com o irmão, Alberto deixou a instituição e abriu a gestora de recursos ASA Investments.

 

Denúncias

 

Em 2015, o sobrenome Safra foi arranhado ao ser citado na operação Zelotes da PF (Polícia Federal) — que investigava suposto esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) —, no SwissLeaks e na lista de clientes da empresa de consultoria do ex-ministro Antônio Palocci, que seria alvo da operação Lava Jato. Palocci acusou o Banco Safra de pagamento de ‘caixa dois’ (repasses para fora da contabilidade oficial) em campanhas eleitorais.

 

Em abril de 2016, Safra acabou denunciado por corrupção ativa pelo Ministério Público Federal (MPF), mas a Justiça arquivou a ação penal contra ele em dezembro do mesmo ano.

 

O banqueiro Joseph Safra, de 82 anos, faleceu em 10 de dezembro de 2020 em São Paulo. Safra morreu de “causas naturais”.

 

“É com imenso pesar que comunicamos o falecimento, nesta data, do Sr. Joseph Safra, aos 82 anos, de causas naturais. Seu José, como era chamado pelos mais próximos, nasceu em 1938 no Líbano e imigrou para o Brasil na década de 60, para dar continuidade aos negócios de seu pai, construindo os sólidos alicerces do Grupo Safra, mais conhecido no Brasil como Banco Safra”, diz nota oficial divulgada pelo banco.

 

“Em 1969, casou-se com Vicky Sarfaty, com quem teve 4 filhos e 14 netos. Foi um grande banqueiro, um verdadeiro empreendedor que construiu o Grupo Safra no mundo, obtendo sucesso por sua seriedade e visão de negócios. Foi um grande líder e muito respeitado dentro e fora da organização. Viveu uma vida exemplar, simples e reservada, sem ostentação, longe da exposição geral. Sempre dizia ter muito orgulho da cidadania brasileira e de torcer pelo Corinthians”, acrescenta o comunicado.

 

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por BBC NEWS / Da Redação – 10/12/2020)

(Fonte: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/12/10 – ECONOMIA / por Andréia Martins e Carlos Padeiro Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo – 10/12/2020)

*Com informações da Agência Estado 

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