Jomo Kenyatta, grande libertador e patriarca, legendário libertador e presidente do Quênia.

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Kenyatta: apaga-se para sempre a “Lança Flamejante do Quênia”

Jomo Kenyatta (Ichaweri, Kiambu, 20 de outubro de 1894 – 22 de agosto de 1978), grande libertador e patriarca, legendário libertador e presidente do Quênia (1964-1978), próspero pró-ocidental país da África oriental.

Nascido em algum momento entre 1890 e 1895 em Ichaweri, no remoto distrito de Kiambu, filho de um feiticeiro dos kikuyu, Jomo Kenyatta – cujo nome verdadeiro era Kaman Wa Ngangi – foi educado numa missão escocesa no interior do país, onde recebeu o nome cristão de Johnstone Jamau. Depois de deixar a escola ele foi para Nairóbi, onde mais tarde iniciaria sua carreira política, à frente de uma associação cultural kikuyu, que aos poucos, sob sua orientação, começou a ganhar contornos de partido, até se transformar no embrião do que mais tarde foi a União Nacional Africana do Quênia, o único partido permitido no país até então.

“TRAPO RIDÍCULO” – Em Londres, onde passou os dezesseis anos seguintes de sua vida, Kenyatta estudou economia e antropologia e chegou a publicar um livro dedicado ao estudo dos costumes de sua tribo. A obra, “Facing Mount Kenya” (“Frente ao Monte Quênia”), primeiro ensaio antropológico africano escrito por um africano, marcou profundamente a posição de Kenyatta na defesa das culturas africanas, e contra o imperialismo dos costumes ocidentais.

São dessa época algumas frases célebres de Kenyatta, como aquela onde ele defende o hábito africano do adorno com colares coloridos, contra o estranho costume ocidental de usar em volta do pescoço “ridículos trapos” como sinal de responsabilidade.

Ainda na Inglaterra, Kenyatta organizou, em 1945, a primeira conferência de líderes negros africanos, inaugurando um conceito novo na polícia de seu continente: o pan-africano, ideia que desembocaria, nos anos seguintes, numa tempestade de movimentos de libertação na África Negra. De volta a seu país, Kenyatta integrou-se decisivamente nos movimentos de libertação, até que sua atuação levou-o à prisão, de onde só saiu em 1961.

A independência da colônia, nessa época, parecia estar próxima – o então primeiro-ministro britânico, Harold MacMillan, anunciava que “novos ventos começam a soprar sobre a África”. Em dezembro de 1963, finalmente, esses ventos bafejaram o Quênia, trazendo a ansiada independência ao país. Kenyatta tornou-se então primeiro-ministro, para no ano seguinte, com a proclamação da República, ser eleito presidente, cargo no qual permaneceu por quinze anos, até sua morte.

CORRUPÇÃO – Nos últimos anos de seu governo, é preciso que se diga, a imagem heróica de Kenyatta foi sofrendo um perigoso desgaste. Para isso contribuiu, sobretudo, a insacia´vel cupidez de sua família – que conseguiu, através das mais escandalosas negociatas, atrair para si as maiores riquezas do país. Dos incontáveis membros da dinastia Kenyatta, sobressai-se, com grande vantagem sobre os demais, a figura de Mama Nginga, sua quarta esposa e todo-poderosa prefeita de Nairóbi.

Dotada de uma formidável ambição, aliada a uma providencial ausência de escrúpulos, Mama Nginga, de 44 anos, conseguiu, em pouco tempo, elevar-se à condição de mulher mais rica do país, e talvez uma das mais ricas do mundo. Sua história está pontilhada dos mais sombrios episódios. Em 1974, por exemplo, ela obrigou um geólogo americano chamado John Saul a deixar o país. Motivo: Saul havia se recusado a aceitá-la como sócia majoritária na riquíssima mina de rubis que havia descoberto no Quênia. Mais tarde a mina pertencia a Mama Nginga sozinha.

Os incontáveis casos de corrupção e nepotismo, além do protecionismo de que gozam os membros da tribo kikuyu, detentores da maior parte das terras férteis do Quênia, são fatores que, aliados à presença ostensiva do capital estrangeiro em todos os setores da vida econômica da nação, geraram nestes últimos anos uma considerável escalada no descontentamento popular.

Em 16 de agosto, quando Kenyatta, convocou sua numerosa família para uma reunião em sua residência de verão em Mombasa, junto ao oceano Índico, todos ficaram apreensivos. Estaria o velho Kenyatta de 83 anos presumíveis – nem ele próprio sabia com exatidão sua idade – sentindo a proximidade da morte? Havia motivos para pensar assim: segundo um antigo costume tribal, quase perdido nos tempos e observado principalmente pela tribo dominante do país, os kikuyu – à qual Kenyatta pertencia -, quando um velho patriarca sente que está perto da morte reúne em torno de si os principais membros de seu clã, para uma espécie de “conselho famíliar de despedida”.

foi presidente do Quênia, próspero pró-ocidental país da África oriental.

(Fonte: Veja, 30 de agosto de 1978 – Edição 521 – QUÊNIA – Pág: 38/39)

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