John Updike, escritor prolífico e versátil americano

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John Updike (Reading, Pensilvânia, 18 de março de 1932 – Beverly, Massachusetts, 27 de janeiro de 2009), um dos maiores escritores dos Estados Unidos, nascido em Reading, pequena cidade da Pensilvânia. Escritor prolífico e versátil, foi o cronista das frustrações da classe média americana.

“Eu gosto do meio. É no meio que os extremos colidem e a ambiguidade governa implacavelmente”, disse John Updike certa a revista Life. Por “meio”, entenda-se a classe média americana, cujas ambições e frustrações ele dissecou na série de quatro romances protagonizados por Harry Angstrom, vencedor de carros apelidado de “Coelho” – Coelho Corre (1960), Coelho em Crise (1971), Coelho Cresce (1981) e Coelho Cai (1990). O exame ao mesmo tempo irônico e compassivo da confortável mediocridade dos subúrbios e pequenas cidades americanas foi a marca fundamental da obra de Updike.

 

Escritor John Updike na biblioteca pública de Boston em foto de maio de 2006 (Foto: NYTIMES)

Escritor John Updike na biblioteca pública de Boston em foto de maio de 2006 (Foto: NYTIMES)

Sua contribuição a literatura dos Estados Unidos, porém, não se esgota aí. Updike foi um dos escritores mais prolíficos de sua geração: escreveu críticas, ensaios, poesia, contos e memórias, publicando mais de sessenta livros.
Updike pensou em ser cartunista. Ainda desenhava quando entrou na Universidade Harvard. A definitiva conversão a literatura se deu em 1954, quando publicou seu primeiro poema na revista The New Yorker, dando início a uma série de colaborações que se estenderia pela vida toda. Nas resenhas publicadas na New Yorker e em outros jornais e revistas Updike exibia uma refinada sensibilidade crítica. Minucioso na análise do livro resenhado, e sempre elegante na sua prosa, era um crítico respeitado, não temido.

 

John Updike | (Foto: Posfácio/Reprodução)

John Updike | (Foto: Posfácio/Reprodução)

Seus ensaios, recolhidos em livros como Bem Perto da Costa, não se limitavam apenas a literatura: escrevia sobre beisebol, golfe, cinema, cultura pop – e até sobre suas aflições pessoais de saúde, como a gagueira e a psoríase. Tentou imprimir a mesma versatilidade de temas á sua ficção, com menor sucesso.
Seus melhores romances são aqueles que se mantêm na vizinhança da classe média americana, como a série “Coelho” e Casais Trocados, livro que causou certo frisson em 1968, pelo tratamento desassombrado do sexo e do adultério (Updike figurou então na capa da revista Time, sob o título “A sociedade adúltera”). Quando se afastava desse terreno familiar, Updike era menos feliz. Sua tentativa de entender a mentalidade de um fundamentalista muçulmano em Terrorista, de 2006, não foi muito convincente.
Updike não cultivava a polêmica, como seu turbulento companheiro de geração Norman Mailer. Mas envolveu-se em algumas querelas próprias de seu tempo. Remando contra a corrente dominante da intelectualidade americana dos anos 60, deu apoio – parcial, tímido – a Guerra do Vietnã. Também foi muito atacado pelas patrulhas feministas, que consideravam machista sua abordagem das personagens mulheres –“As Bruxas de Eastwick”, romance que foi adaptado para o cinema com Jack Nicholson e Michele Pfeiffer, uma espécie de sátira a emancipação feminina.
Com frases sonoras e imagens precisas, ele é reconhecidamente um estilista da língua inglesa.
John Updike morreu na terça-feira, dia 27 de janeiro de 2009, em Danvers, Massachusetts, de câncer pulmonar, aos 76 anos.

(Fonte: Veja, 4 de fevereiro de 2009 -– ano 42 -– n° 5 –= edição 2098 =– Editora Abril – Memória/ Por Jerônimo Teixeira =– pág; 130/131)

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