John Taylor, pianista de jazz

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John Taylor no Porto, em 2002 (Foto: PAULO PIMENTA)

John Taylor no Porto, em 2002 (Foto: PAULO PIMENTA)

John Taylor , pianista de jazz, consolidou o seu prestígio, ao lado de Wheeler, como membro do Azimuth – aquele pequeno combo de jazz camerístico completado por Norma Winstone (então sua mulher) – em que tocava piano, sintetizador e órgão.

O importante músico e compositor nascido em 1942, em Manchester, foi co-fundador do Azimuth trio, tocou com Norma Winstone, Kenny Wheeler ou com os Soft Machine e Charlie Haden.

Na condição de líder e solista, deixou uma respeitável discografia, sobretudo nos selos ECM e CAM Jazz, na qual perpetuou um estilo derivado de Bill Evans, em termos de sofisticada concepção harmônica, mas de fluxo rítmico sempre em suspense.

John Taylor aprendeu quase sozinho (ouvia o piano de Oscar Peterson ou Bill Evans quando criança) a tocar piano e é unanimemente descrito como um homem discreto, modesto e mesmo auto-depreciativo. O ano de 1969 é aquele que é apresentado como um dos marcos evidentes da música de Taylor –  surgem os primeiros registos da sua música, integrando álbuns dos saxofonistas Alan Skidmore e John Suman. O seu primeiro álbum em nome próprio, Pause, and think again, de 1971, conta por seu turno com o baterista Tony Levin e o baixista Chris Laurence. Ao longo da sua carreira, trabalhou com o trompetista canadiano Kenny Wheeler (participa também em Pause, and think again), com o compositor e saxofonista americano Lee Konitz ou com o clarinetista John Ruocco, entre muitos outros.

Wheeler seria um grande amigo ao longo da vida e um dos membros do Azimuth, que fundaram em 1977 com Norma Winstone. Taylor e Wheeler apresentaram-se em Portugal em Novembro de 2002, no Festival de Jazz do Porto no âmbito de um concerto do Kenny Wheeler Trio. A sua estreia em Portugal terá acontecido, segundo disse ao PÚBLICO o histórico divulgador do jazz em Portugal José Duarte, em 2001 no seu programa na RTP2, Jazz a Preto e Branco, no qual se apresentou com a cantora Norma Winstone. Taylor foi também professor do compositor e pianista de jazz e música contemporânea António Pinho Vargas, acrescenta José Duarte.

Os anos 1980, destaca o Le Monde, foram a década de grande popularidade de Taylor, compondo proficuamente (tem mais de 80 álbuns), participando em vários discos com o Azimuth e com outros intérpretes europeus. Foi logo em 1981 que participou no último álbum dos Soft Machine, Land of Cockayne, ao piano eléctrico.

A década seguinte e a meia-idade do músico, como assinala Fordham, serviram para alargar ainda mais o âmbito do seu trabalho, com encomendas para coros e orquestras e o ensino tanto em Inglaterra (Universidade de York) quanto na Alemanha (Conservatório de Colónia). Gravou inúmeras vezes para a conceituada editora ECM Records e gravou dois dos seus mais bem recebidos álbuns, Angel of the presence (2006) e Whirlpool (2007) nos últimos anos com nomes como Charlie Haden e os correligionários Palle Danielsson (baixista sueco) e Martin France (baterista). Esse trio com France e Danielsson esteve em Portugal para concertos em Março de 2008 (Braga Jazz) e de 2009 (em Lisboa e Viseu).

Na nota que o pianista deixou escrita para o CD gravado com Wheeler em 2005, e só agora revelada, lê-se: “Foi um privilégio e uma alegria tocar com você durante a maior parte de minha vida, e desejo que ainda estivesse aqui para ouvir comigo esta música novamente”.

On the way to two reúne 10 faixas de troca de ideias, de perguntas e respostas – além de exclamações – entre o trompete (ou flugel) de Wheeler e o piano de Taylor. As mais breves são três scketches (1m40, 2m40 e 2m50) bemfree, inclusive com o manuseio direto das cordas do piano. Todas as peças são originais, com destaque para Fedora(5m50) e Close to Mars (5m). A única exceção é a interpretação da mais fascinante balada escrita por Billy Strayhorn:A flower is a lovesome thing (8m20).

John Taylor faleceu aos 72 anos, estava no palco a tocar no Saveurs Jazz Festival, na cidade francesa de Segré, quando sofreu um ataque cardíaco. Morreu sábado em França um autodidacta a quem já chamaram “o gentleman do jazz” e cuja carreira se aprimorou com o trio Azimuth, do qual foi co-fundador e onde ganhou espaço para compor.

Este membro distinto da geração do jazz britânico do final da década de 1960 “tornou-se um soberbo compositor para improvisadores”, escreve o crítico de jazz John Fordham no Guardian, emparelhando o agora desaparecido músico John Surman, Alan Skidmore, Mike Westbrook, Mike Gibbs ou a vocalista Norma Winstone. Segundo a revista All About Jazz, Taylor era um dos mais importantes pianistas dos últimos 40 anos.

Na noite de sexta-feira, tombou sobre o teclado quando começava o seu dueto com o contrabaixista Stéphane Kerecki – encetavam a interpretação da banda-sonora de Alphaville, de Jean-Luc Godard e Taylor terá colapsado, para choque e consternação do público e dos técnicos e músicos que o acompanhavam. A audiência deixou a sala enquanto o pianista era assistido já fora do palco, relata o diário francês Le Monde. As equipas de emergência terão conseguido reanimar John Taylor, que no entanto viria a morrer no hospital de Angers já no sábado.

A sua morte foi confirmada pela sua mulher, Carol, que segundo a AFP incentivou o festival a continuar – “A sua família disse-nos que a música ocupava um lugar essencial na sua vida e que os concertos que estão a decorrer no Saveurs Jazz Festival são em si o melhor tributo que lhe poderia ser prestado”, informou por seu turno a organização.

(Fonte: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia – CULTURA ÍPSILON/ Por  – 20/07/2015)

(Fonte: http://www.jb.com.br/jazz/noticias/2015/11/14  –  JORNAL DO BRASIL – JAZZ/ Por Luiz Orlando Carneiro – 14/11/2015)

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