Joaquim Roriz, ex-governador do Distrito Federal, comandou o executivo da capital federal por quatro vezes, em uma longeva carreira política marcada pelo populismo, escândalos e um antagonismo ferrenho com o PT

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Político governou o Distrito Federal por quatro mandatos, e renunciou ao Senado para evitar cassação após escândalo da ‘Bezerra de Ouro’.

 

 

 

Joaquim Roriz em discurso na tribuna do Senado Federal, em 2007. (Foto: CELSO JUNIOR / Estadão Conteúdo)

 

 

 

Joaquim Roriz (Luziânia (GO), 4 de agosto de 1936 – Brasília, 27 de setembro de 2018), ex-governador do Distrito Federal

 

 

Tendo iniciado a vida política nos anos 1960, Roriz comandou o executivo da capital federal por quatro vezes, em uma longeva carreira política marcada pelo populismo, escândalos e um antagonismo ferrenho com o PT.

 

 

Curiosamente, Roriz foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores em Luziânia, cidade goiana do entorno de Brasília, mas logo rompeu com a legenda.

 

 

Ele se firmou na política no MDB e passou por outros partidos. Sua última filiação foi ao PRTB. Antes de assumir o primeiro de seus quatro mandatos no comando da capital federal, Roriz foi vereador em Luziânia (sua cidade natal), deputado estadual, deputado federal, prefeito interventor em Goiânia e vice-governador de Goiás.

 

 

Nessa gestão, enfrentou a primeira grande acusação de corrupção, tendo sido um dos focos do escândalo dos Anões do Orçamento. Apesar das fortes suspeitas de superfaturamento e outras irregularidades em sua gestão, ele conseguiu completar o mandato, mas não fez o sucessor, perdendo a disputa para o petista Cristovam Buarque, hoje senador pelo PPS.

 

 

Roriz enfrentou Cristovam quatro anos depois e conseguiu se eleger para o terceiro mandato, novamente com um leque de propostas assistencialistas, numa apertada disputa. Nos oito anos em que permaneceu no poder (ele se reelegeu em 1998), fez obras de vulto, como a ponte JK, uma sas que atravessam o Lago Paranoá, continuou o processo de doação de lotes e impantou programas como a distribuição de pão e leite em áreas pobres da capital federal.

 

 

 

Roriz governou o Distrito Federal por quatro mandatos (1988-1990, 1991-1995, 1999-2003 e 2003-2006).

 

No primeiro mandato, foi indicado pelo presidente, já que na época o Distrito Federal não podia eleger seus governadores.

 

No mesmo dia em que deixou a prefeitura de Goiânia, em 17 de outubro de 1988, Roriz se tornou governador do Distrito Federal, indicado pelo então presidente do país, José Sarney. Na época, o DF não tinha o direito de eleger seu governador pelo voto direto.

Ele permaneceu no cargo até março de 1990, quando assumiu o Ministério da Agricultura nas duas primeiras semanas do governo de Fernando Collor. Nos quase 18 meses em que foi governador biônico do DF, ele foi acusado pelos adversários políticos de ter distribuído lotes a eleitores, já de olho na disputa direta pelo cargo em outubro de 1990.

 

Antes de atuar como político no Distrito Federal, Roriz foi deputado estadual, federal e vice-governador de Goiás, onde nasceu.

Roriz nasceu em 4 de agosto de 1936, em Luziânia (GO), e iniciou a carreira política na cidade goiana, onde foi vereador. Antes de iniciar a vida em Brasília, foi eleito deputado estadual (1978), deputado federal (1982) e vice-governador do estado de Goiás (1986). De 1987 a 1988, foi prefeito da capital, Goiânia, como interventor.

Joaquim Roriz durante entrevista em sua residência ao lado da esposa, Weslian Roriz, que disputou as eleições em seu lugar – (Foto: Sergio Lima – 24.set.2010/Folhapress)

 

 

Em 1991, foi o primeiro governador eleito da região.

 

 

Roriz voltou ao Palácio do Buriti em março de 1991 – desta vez, como o primeiro governador eleito da nova capital. A vice na chapa era Márcia Kubitschek, filha de Juscelino.

O político também foi eleito governador do Distrito Federal nas eleições de 1998 e 2002. Nesse período, inaugurou a primeira linha de metrô da capital federal e a Ponte JK, um dos principais cartões postais da cidade.

Importância política

Em 2015, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) – antigo opositor político – prestou homenagem a Roriz, a quem chamou de “governador que mais marcou a vida de Brasília”. Naquele momento, Roriz já estava em uma cadeira rodas e, em razão da saúde frágil, fez apenas um breve discurso ao receber o título de cidadão honorário de Brasília.

“Eu me sinto muito emocionado quando vejo essa casa, construída em homenagem a JK, cheia de gente. A emoção de me tornar cidadão de Brasília, essa cidade que me acolheu e que me permitiu viver os melhores momentos da minha vida. Não tenho muito o que falar.”

“O que consegui realizar, os amigos que fiz ao longo dos anos, falam por mim”, disse Roriz, amparado por aliados históricos do clã.

Trajetória conturbada

Paralelo ao sucesso nas urnas, Roriz protagonizou uma sucessão de escândalos na política do DF. Já no quarto mandato, após a eleição de 2002, Roriz deixou o governo para se candidatar ao Senado.

Eleito com 113 mil votos, ele renunciou após cinco meses no cargo, em julho de 2007, para evitar um processo de cassação por quebra de decoro no Conselho de Ética do Senado.

De acordo com as investigações da Polícia Civil na operação Aquarela, Roriz foi gravado ao telefone com o ex-diretor do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura, negociando a partilha de R$ 2,2 milhões sacados em uma agência da instituição.

O episódio ficou conhecido como “Bezerra de Ouro” porque Roriz afirmou que o valor se referia à compra do embrião de uma bezerra de raça, em São Paulo.

Durante a operação, Moura e outros citados foram presos pela Polícia Civil. O grupo foi acusado de lavagem de dinheiro e fraude em licitações, entre outros crimes.

Em 2017, Roriz deixou de ser réu por formação de quadrilha e peculato porque os crimes prescreveram. Além da demora para a conclusão do caso, Roriz recebeu o direito à atenuação de pena por ter mais de 80 anos.

Candidatura derrubada

No último movimento político como protagonista, em 2010, Joaquim Roriz chegou a lançar candidatura ao governo do Distrito Federal, buscando um quinto mandato no cargo. A tentativa foi vetada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com base na lei da Ficha Limpa.

A coligação “Esperança Renovada” indicou como substituta a mulher dele, Weslian Roriz. Ela disputou o segundo turno contra o candidato do PT, Agnelo Queiroz, mas recebeu 33,9% dos votos e foi derrotada.

No último dia de campanha, o clã Roriz empregou todos os minutos do programa eleitoral em direitos de resposta.

Caixa de Pandora

Joaquim Roriz também foi investigado na Operação Caixa de Pandora. A ação foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) em 2009, com base na delação do ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa. O escândalo também ficou conhecido como “Mensalão do DEM”.

Em fevereiro de 2016, Joaquim Roriz e Arruda foram condenados por improbidade administrativa pelo envolvimento no esquema de corrupção. As defesas recorreram, e um pedido de perícia nos gravadores usados por Barbosa travou o processo por dois anos. Em agosto, a suspeita de fraude foi descartada.

Legado político

Já fora da vida pública, Roriz deixou como principais herdeiras do legado político duas das três filhas: Liliane e Jaqueline. Atualmente, os três estão inelegíveis com base na Lei da Ficha Limpa.

Jaqueline foi flagrada, em vídeo, recebendo dinheiro das mãos de Durval Barbosa no mensalão do DEM. Eleita deputada federal em 2010, foi denunciada por quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara – o plenário rejeitou o processo em votação secreta.

Em 2014, no entanto, Jaqueline foi condenada por improbidade administrativa ligada ao caso, e virou “ficha suja” junto com o pai. Naquele ano, oito membros do clã Roriz se inscreveram nas eleições, mas apenas Liliane Roriz foi eleita.

Como distrital, Liliane denunciou um suposto esquema de propina na Câmara Legislativa do DF para privilegiar empresas de saúde que tinham faturas a receber do governo. Atualmente, cinco distritais são réus na operação Drácon, ligada à denúncia – Liliane não é acusada.

A deputada, no entanto, está inelegível porque foi condenada por compra de votos e falsidade ideológica na campanha de 2010. Liliane recorreu, mas não se candidatou para as eleições de 2018.

Joaquim Roriz morreu às 7h50 de 27 de setembro, em Brasília. Ele tinha 82 anos e estava internado no Hospital Brasília desde o dia 24 de agosto com quadro de pneumonia. A doença teve uma piora na noite de 26 de setembro. Roriz era diabético e tinha problemas renais crônicos, tendo que se submeter a hemodiálises periódicas.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil – BRASIL / Por CATARINA ALENCASTRO – 27/09/2018)

(Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica – BRASIL / POLÍTICA – 27 SET 2018)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09 – PODER – 27.set.2018)

(Fonte: Zero Hora – ANO 55 – N° 19.205 – 28 de setembro de 2018 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 35)

(Fonte: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2018/09/27 – DISTRITO FEDERAL / Por G1 DF – 27/09/2018)

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