João Sattamini, dono de uma das mais importantes coleções particulares de arte brasileira contemporânea, com 1.200 obras de arte

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João Sattamini, colecionador que levou à construção do MAC, em Niterói

Foi um dos mais importantes colecionadores do país

Economista deixa 1.250 obras dos grandes nomes da arte brasileira contemporânea
João Sattamini (Niterói, 1933 – Botafogo, no Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2018), colecionador de arte, dono de uma das mais importantes coleções particulares de arte brasileira contemporânea, com 1.200 obras de arte.
João Sattamini, descobriu a arte em seus anos na Europa como diretor internacional do Instituto Brasileiro do Café, mas focou no Brasil suas aquisições. Com olhar apurado, Sattamini soube como ninguém reconhecer talentos em ascensão, especialmente entre as décadas de 1960 e 1980, resultando em uma seleção de obras invejável.
O economista era dono de uma das maiores coleções de arte do país, com cerca de 1.200 obras, cedidas em comodato para o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, construído em 1996 por Oscar Niemeyer para recebê-la.
A coleção tem ênfase em artistas contemporâneos brasileiros, com especial destaque para a pintura. Estão representados tanto clássicos como Helio Oiticica, Lígia Clark, Milton Dacosta e Alfredo Volpi, como nomes da Geração 80 (Daniel Senise) e da Casa 7 (Rodrigo Andrade, Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa).
Sattamini começou a sua coleção quando morava em Milão, em meados dos anos 1960, época em que era funcionário do Instituto Brasileiro do Café. No período, era próximo do artista Antonio Dias, morto em agosto deste ano e representado por 27 obras na coleção.
Voltou ao Brasil em 1969 e se concentrou em adquirir artistas locais. Na coleção, há também esculturas de Franz Krajcberg, Ivens Machado e João Goldberg.

 O homem de hábitos simples e muito bom de conversa conservou um acervo de quase 1.250 obras de arte, avaliado em cerca de US$ 100 milhões. Depois de colecionar bolinhas de gude e revistas em quadrinhos de heróis, foi a partir dos anos 1950 que o  economista e ex-funcionário do extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC) ao longo de 30 anos (depois, construiu sua riqueza com a exportação do produto) começou a se dedicar ao mundo das artes.

“Faço uma aquisição porque gostei, não pela importância da peça ou por seu valor financeiro”, disse ao GLOBO, também em 2004. E assim o dr. Sattamini, como era conhecido, montou uma das mais importantes coleções particulares de arte brasileira contemporânea (menor apenas que a de Gilberto Chateaubriand, no MAM). Só de Antônio Dias, morto em agosto deste ano, são 27 obras . Mas há outros conjuntos de nomes célebres: 22 peças de Lygia Clark, 22 de Ivan Serpa, 20 de Rubens Gerchman, 14 de Iberê Camargo e sete de Cildo Meireles, entre outros nomes que marcaram a história da arte no país.
Também fazem parte do acervo instalações de Helio Oiticica, obras de Maria Leontina da Costa, Milton Dacosta, Alfredo Volpi, Aluísio Carvão, Daniel Senise, Tomie Ohtake, Ana Bella Geiger, Leonilson, Djanira, Aluísio Carvão, Leda Catunda, Frans Krajcberg… Entre as raridades estão uma natureza-morta de Iberê Camargo, telas de Helio Oiticica da década de 50 e a pintura “Encontro”, considerada referência do movimento concretista brasileiro.

Foi graças à busca por um lugar que pudesse abrigar sua coleção que foi construído o Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói. Ele procurou o então prefeito, Jorge Roberto da Silveira, amigo de infância de sua mulher, quando soube que havia prédios públicos na cidade que estavam desocupados e poderiam servir tanto como depósito quanto como local de exposição.

Mas Silveira propôs a construção de um novo prédio para esta finalidade. E, com a intermediação de Ana Maria Niemeyer, filha de Oscar Niemeyer, o arquiteto saiu por Niterói em busca de um terreno. E se apaixonou pela parte central do mirante da Boa Viagem, onde idealizou o projeto do museu, inaugurado em 1996.
A grande maioria das peças da coleção de Sattamini está cedida em comodato (empréstimo por contrato) ao MAC. Mas o colecionador mantinha algumas dezenas de importantes obras — como um Jorge Guinle, um grande Iberê Camargo e sete telas de Volpi, que têm preços estimados entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão, cada uma — em seu apartamento, no Jardim Botânico, “por segurança”. “Aqui eu tenho cuidado, eu olho, tenho extintores de incêndio escondidos em vários locais da casa, e espero que nenhum outro apartamento pegue fogo”, explicava.
Há alguns anos, já havia desistido do hobby de colecionar qualquer que fosse o item: “isso não é hobby, é defeito”.
João Sattamini morreu em 20 de novembro de 2018, aos 85 anos. Ele estava internado havia dois meses e teve falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado há dois meses no hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, no Rio de Janeiro, e teve um infarto.
Sattamini costumava dizer que montar uma coleção é como falar com as pessoas: “É uma questão de se dialogar com um monte de gente”, contou certa vez em entrevista do GLOBO, em 2004.
(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura- CULTURA / Por O Globo – 20/11/2018)
(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/11- ILUSTRADA / SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – 20/11/2018)

(Fonte: Zero Hora – ANO 55 – N° 19.251 – 21 de novembro de 2018 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 35)

Um dos mais importantes acervos do país

(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais – CULTURA / ARTES VISUAIS / Por Audrey Furlaneto – 01/08/2014)
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