Jimmy Sangster, roteirista e diretor da Hammer Films

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Foi roteirista e diretor da Hammer Films

Jimmy Sangster (2 de dezembro 1927 – Londres, 19 agosto de 2011)roteirista, produtor e diretor britânico

Seu legado é especialmente representativo para os fãs do horror, sendo indissociável do lendário estúdio Hammer, que revitalizou o gênero gótico nos anos 1960.

Sangster foi um dos mais importantes roteiristas/diretores da Hammer Films ao longo dos anos 50 a 70 e ajudou a transformar o estúdio num dos principais do gênero de terror da época.

Foi Sangster quem escreveu “A Maldição de Frankenstein” (1957), “O Vampiro da Noite” (1958) e “A Múmia” (1959), os filmes que repaginaram os famosos monstros da Universal Pictures em enredos sangrentos e colocaram a Hammer no radar dos cinéfilos de todo o planeta. Seus textos também transformaram em astros a dupla – eternamente antagonista – formada por Christopher Lee (Drácula e a Múmia) e Peter Cushing (Dr. Van Helsing e Dr. Frankenstein).

Com a atriz Susan Strasberg, no set de Um Grito de Pavor

Com a atriz Susan Strasberg, no set de Um Grito de Pavor

Ele escreveu filmes clássicos como A Maldição de Frankenstein (1957), O Vampiro da Noite (1958), Blood of the Vampire (1958), As Noivas de Drácula (1960), entre outros.

Como todos os grandes, porém, Sangster não compartilhava da mítica em torno de si mesmo. E demonstrava enorme surpresa sempre que alguém demonstrava interesse exacerbado por seu trabalho. Segundo o roteirista Peter Atkins (“Hellraiser II”), Sangster foi “um escritor muito melhor do que achava ser e alguém que deu a todos nós, eu acho, momentos de prazer genuíno”.

Mas o trabalho de Sangster nem sempre esteve inclinado ao horror. Sua meta, desde o princípio, foi apenas se tornar parte da indústria do cinema. Nota-se que ele nasceu e foi criado na Grã-Bretanha, e que a engrenagem hollywoodiana jamais foi a sua prioridade – embora ele também tenha desempenhado uma sucessão de trabalhos nos EUA.

O Monstro Radioativo

O Monstro Radioativo

Ele também foi o diretor de The Horror of Frankenstein (1970), Luxúria de Vampiros (1971), entre outros.

Os longas escritos ou dirigidos por Sangster ajudaram a redefinir o terror no cinema e injetaram sexo, violência e muito horror. Era uma receita bem diferente dos clássicos da Universal dos anos 30 e isso fez da Hammer um grande sucesso.

 

Começou por baixo no cinema britânico, aos 16 anos, como assistente de produção. Ao final dos anos 1940, foi diretor assistente de algumas das produções dos estúdios Ealing e, em 1949, migrou para o Exclusive, o estúdio que se tornaria o Hammer, onde trabalhou como assistente em mais um punhado de filmes. Entre 1949 e 1954, Sangster auxiliou em mais de 20 fitas B do Hammer (nesse caso, o estigma de “filme B” estava proporcionalmente direcionado à baixa qualidade, sem o charme e o poder de culto que a categoria veio a adquirir).

Seu primeiro roteiro foi o de um curta-metragem, “A Man on the Beach”, de 1955. Em seguida veio o script do longa “O Monstro Radioativo”, uma ficção científica que refletia o terror atômico. Mas já de sua terceira experiência surgiu “A Maldição de Frankenstein”, que mudou o paradigma da produtora.

A Maldição de Frankenstein

A Maldição de Frankenstein

 

Os méritos do filme são devidamente compartilhados com o diretor Terence Fisher e os astros Peter Cushing e Christopher Lee. Mas é inegável que sua clara superioridade em relação às produções anteriores da Hammer partiu do roteiro. Sangster fez muito mais do que simplesmente transportar o famoso romance de Mary Shelley para as páginas do roteiro.

Foi opção do roteirista se distanciar do romance gótico original e do filme clássico de James Whale que já havia transformado o personagem em ícone cinematográfico. Ele inseriu o Dr. Frankenstein e a sua criação em uma história completamente nova, retratando o cientista como charmoso, mas imoral, e um sujeito capaz de lançar a sua criatura contra aqueles que podem prejudicá-lo (como uma empregada que engravidou). O Dr. Frankenstein era, na versão de Sangster, um sociopata perfeitamente identificável em uma realidade em que a ascensão social era a palavra de ordem.

O Vampiro da Noite

O Vampiro da Noite

 

O público não demorou a sacar que estava diante de algo atípico – e o estúdio também chegou à mesma conclusão, reunindo o exato mesmo time para uma nova versão “Drácula” – lançada no Brasil com o título “O Vampiro da Noite”. Dessa vez, Cushing interpretaria Van Helsing e Lee seria o Conde Drácula – a missão do primeiro seria aniquilar o segundo, e não “construí-lo”, como em “A Maldição de Frankenstein”.

Mais uma vez, foram as leituras do roteiro que fizeram a diferença: os personagens foram inseridos em um contexto palpável, rodeados de mesquinhez e preconceito. Drácula não era mais um nobre charmoso, como na versão de Bela Lugosi, mas um monstro sanguinário, que mal pronunciava palavras, usando gestos e o olhar para comandar a destruição.

As Noivas de Drácula

As Noivas de Drácula

 

“A Maldição de Frankenstein” e “O Vampiro da Noite” foram sucessos instantâneos de público, mas precisaram do distanciamento do tempo para se firmarem como clássicos entre a crítica. À época, as produções do Hammer eram vilipendiadas pelos visuais chinfrins – os mesmos que, em uma recapitulação, tornam os filmes tão especiais. De fato, o estúdio era regido pela norma implícita de que suas produções teriam altos valores de produção, mas orçamentos baixíssimos.

Em entrevistas, Sangster atestava que o cenógrafo fazia milagres para construir uma Transilvânia do zero. Outro detalhe das produções é que, mesmo se passando no século 19, traziam mulheres longilíneas em camisolas de cores vívidas, modernas e esvoaçantes – que Francis Ford Coppola fez questão de homenagear em seu “Drácula de Bram Stoker” (1992).

A Múmia

A Múmia

Mesmo com a relutância dos críticos, o estilo gótico de Sangster inspirou diversas imitações e paródias em sua época. Ao final dos anos 1950, o roteirista era uma commodity valiosa. Trabalhou também por fora do Hammer, ao escrever o clássico “Jack, o Estripador” (1959), a sci-fi “The Trollenberg Terror” (1958) e até mesmo um drama – “O Cerco da Rua Sydney” (1960), onde também teve a sua primeira e única experiência como ator (faz uma aparição muda como um Winston Churchill que fuma como uma chaminé).

Foi por seus thrillers góticos que Sangster se fez conhecido, mas, pessoalmente, ele admitiu que preferia, de seu repertório, os thrillers psicológicos que realizou no início dos anos 1960, tal como “Maniac” (1963), “Paranoiac” (1963), “Nightmare” (1964) e “Hysteria” (1965).

Paranoiac

Paranoiac

Nessa fase de sua carreira, Sangster escreveu e produziu “Nas Garras do Ódio” (1965), estrelado pela lendária Bette Davis (“A Malvada”). Apesar do temperamento nada maleável de Davis, que vivia a dar palpites – melhor dizendo, ordens – nos filmes em que se envolvia, ambos se tornaram bons amigos e repetiram a parceria profissional em “O Aniversário” (1967).

Diante dos novos rumos de sua carreira, Sangster foi perdendo o interesse no horror gótico – assinou só duas das muitas continuações de “O Vampiro da Noite”: “As Noivas de Drácula” (1960) e “Drácula: O Príncipe das Trevas” (1966), este com um pseudônimo. Assim, a Hammer lhe fez uma oferta diferenciada para atrai-lo de volta: dirigir seu próprio texto.

O Aniversário

Sangster fez sua estreia como diretor em “Horror de Frankenstein” (1970), uma nova revisão do monstro clássico. Desta vez, Ralph Bates interpretava Victor Frankenstein quase em tom paródico, numa encarnação ainda mais imoral que a de Peter Cushing.

Repetiu a parceria com Bates em “Luxúria de Vampiros” (1971), o segundo filme da trilogia Karnstein, que levava às telas a vampira lésbica Carmilla, de Sheridan Le Fanu. A direção de Sangster transformou a trama num clássico camp, com garotas colegiais do século 19 se refestelando em camisolas baby doll e trocando carícias à meia-luz.

Horror de Frankenstein

As vampiras lésbicas explodiram como subgênero após as cenas da loirinha dinamarquesa Yutte Stensgaard revirando os olhinhos de prazer. Mas Sangster queria ousar mais e lamentou a interferência do estúdio. Não estava acostumado a dar satisfações aos produtores, e sim a cobrar satisfações dos outros.

Talvez por isso, após “Grito dentro da Noite” (1972), tenha preferido se dedicar quase inteiramente à televisão. Seu romance “Private I”, publicado em 1967, foi adaptado dois anos depois pela TV americana no telefilme “The Spy Killer”, o que, somado à reputação conquistada no Hammer, lhe abriu as portas de uma nova indústria.

Luxúria de Vampiros

Nos EUA, Sangster escreveu episódios de algumas das séries mais relembradas do período, como “Cannon”, “Ironside”, “S.W.A.T.”, “Mulher Maravilha”, “Cyborg – O Homem de Seis Milhões de Dólares” e “Kolchak e os Demônios da Noite”, além de assinar capítulos arrepiantes da antologia de horror “Estórias Extraordinárias”. Escreveu ainda uma quantidade expressiva de telefilmes, incluindo “Um Grito de Terror” (1973), “O Bem Contra o Mal” (1977) e “Era Uma Vez Um Espião” (1980).

Seus feitos se tornaram mais e mais espaçados ao longo da década de 1980, após mais de 30 anos na ativa. Em anos recentes, fez raras aparições para discutir a própria obra, que cada vez desperta maior reverência. Ao invés de correr o risco de prescrever, o seu trabalho, nem sempre apreciado na época em que foi concebido, apenas cresce a cada nova análise, homenagem e recordação.

O Vampiro da Noite

O britânico Jimmy Sangster de 83 anos morreu dia 19 de agosto de 2011.

(Fonte: http://blogtvpeloespectador.blogspot.com.br/2011/08 – Postado por Carlos Roberto – 23 de agosto de 2011)

(Fonte: http://pipocamoderna.com.br/jimmy-sangster-1927-%E2%80%93-2011 – Publicado em: 22 ago 2011 por Louis Vidovix)

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