Powered by Rock ConvertJacqueline Roque Picasso, professora de dança, viúva do pintor espanhol Pablo Picasso, que morreu em abril de 1973, aos 92 anos. Conheceu Picasso em 1954, numa corrida de touros em Vallauris, no sul da França, quando ainda era professora. Sete anos depois, ela se tornava sua segunda mulher – a primeira foi a dançarina russa Olga Koklova, que morreu em 1955. Picasso se casou apenas duas vezes. Durante os vinte anos em que estiveram juntos, Jacqueline dedicou-se totalmente ao marido. Cuidava da casa e fazia de tudo para garantir o completo isolamento exigido por ele para pintar, no derradeiro jorro criativo de sua vida.
Transformou-se na grande musa inspiradora de Picasso, cujo rosto ele reproduziria em inúmeras obras. Em 1962, contavam-se setenta cabeças de Jacqueline entre os quadros do pintor, o que a tornou uma das mais retratadas mulheres de gênios da pintura. Seu rosto aparece em quadros como Mulheres de Argel e na série intitulada Jacqueline de Vauvenargues, nome do castelo no qual o casal morou no início do romance. “Como ser a viúva de Picasso se ele ainda vive?”, costumava dizer. Desde a sua morte, vivia trancada na casa onde moravam, cercada de seus desenhos, esculturas e telas, que nunca vendeu. Nos últimos anos assessorava a montagem de exposições sobre a obra de Picasso. Atualmente organizava uma mostra retrospectiva que seria apresentada no mês de outubro em Madrid.
Apesar de ter herdado a maior parte da fortuna do pintor – avaliada em cerca de 600 milhões de cruzados -, levava uma vida quase monástica. Raramente saía e padecia de constantes crises de depressão. Em uma de suas declarações declarou: “Prefiro morrer a prosseguir com essa dor”. Dois dias depois, no dia 15 de outubro de 1986, Jacqueline suicidou-se com um tiro na cabeça, aos 59 anos em sua casa de Mougins, conhecida como Mansão Notre Dame de Vie, na França.
(Fonte: Veja, 22 de outubro, 1986 Edição 946 Datas Pág; 111)
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