Jacobo Timerman, jornalista argentino cuja detenção e tortura por forças militares nos anos 70 gerou protestos ao redor do mundo

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Jornalista argentino cuja detenção e tortura por forças militares nos anos 70 gerou protestos ao redor do mundo

 

 

Jacobo Timerman

Jacobo Timerman

 

 

Jacobo Timerman (Bar, Ucrânia, 6 de janeiro de 1923 – Buenos Aires, 11 de novembro de 1999), judeu ucraniano e diretor, desde a fundação, em 1971, do jornal La Opinión – uma contrafação portenha do Le Monde francês, que sobreviveu como astucioso órgão de oposição a quatro presidentes argentinos, mas não ao regime militar inaugurado por Jorge Rafael Videla, em 1976. 

 

Na tarde de 15 de abril de 1977, cerca de vinte policiais à paisana invadem um apartamento no centro de Buenos Aires, algemam seu morador, jogam um capuz sobre seu rosto e o arrastam até um carro, para uma viagem de seis meses pelos porões de prisões clandestinas. Uma cena que se repetiu inúmeras vezes, com os mais diversos protagonistas e vítimas, nas últimas décadas, nos países do Cone Sul.

 

A acusação dos militares é de que ele faria parte de uma conspiração judeu-marxista contra o regime.

 

Esta viagem durou dois anos e meio. Foram seis meses em celas estreitas, onde conviveu com a tortura. E dois anos em prisão domiciliar, apesar de nenhum tribunal jamais ter declarado qualquer culpa e nem mesmo especificado qualquer acusação.

 

Desta longa viagem pelo terror totalitário Timerman saiu com vida – A prisão do jornalista durante a chamada “guerra suja” levou-o a escrever o livro Prisioneiro sem Nome, Cela sem Número,  – pioneiro em seu retrato da Argentina dos anos 1976/1979, o que apressou o fim do regime que assumiu o controle da Argentina em 1976.

 

Timerman, fundador e diretor do único jornal argentino de grande circulação que publicava listas destes mesmos desaparecidos – além do Herald Tribune, um jornal em língua inglesa, e de diários religiosos e de província -, sempre foi conhecido como um moderado.

 

Sionista, e liberal professo, combateu o peronismo e os militares da linha dura e engrossou as fileiras daqueles que clamaram, em 1976, por uma intervenção de força que eliminasse o caos em que havia mergulhado o país – o “erotismo da violência” em que a direita sindical, parcelas da juventude e grupos paramilitares iam somando seus cadáveres.

 

Seu apoio ia para os setores moderados das Forças Armadas – representados pelos generais Jorge Rafael Videla e Roberto Viola, seu sucessor deposto em dezembro de 1981 – ambos indiretamente homenageados, em seu livro, como responsáveis pela sua sobrevivência.

 

Timerman queria uma mão de ferro, mas com vocação legalista. O terrorismo e a violência desordenada de uma sociedade sem governo, que ele combatia, transformara-se em terrorismo oficial, legitimado por razões de Estado e organizado nas casernas. Os militares que haviam tomado o poder no país chegaram a pôr em curso uma verdadeira política de extermínio, comparado aos métodos nazistas dos anos 30.

 

Aos 5 anos de idade, em 1923, Timerman havia sido obrigado a abandonar a Ucrânia, país onde nasceu, para escapar dos campos de segregação forçada de judeus, os pogroms. 

Jacobo Timerman faleceu em 11 de novembro de 1999, de ataque cardíaco, em sua casa em Buenos Aires, aos 76 anos.

(Fonte: http://www.terra.com.br/istoegente/16/tributo – TRIBUTO – 22 de novembro de 1999)

(Fonte: Veja, 10 de março de 1982 – Edição 705 – Livros – Pág: 115)

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