Jacobo Arbenz, ex-presidente da Guatemala, o primeiro pró-comunista a chegar ao poder nas Américas, foi eleito em 1950 e deposto em 1954 por forças direitistas comandadas pelo coronel Castillo Armas

0
Powered by Rock Convert

 

 

 

Jacobo Arbenz (nasceu em Quetzaltenango, Guatemala, em 14 de setembro de 1913 – faleceu em Cidade do México, em 27 de janeiro de 1971), ex-presidente da Guatemala, o primeiro pró-comunista a chegar ao poder nas Américas, foi eleito em 1950 e deposto em 1954 por forças direitistas comandadas pelo coronel Castillo Armas (1914-1957).

O Governo Jacobo Arbenz na Guatemala, um exemplo do intervencionismo dos EUA na América Central na década de 1950.

A partir do final da década de 1950, no contexto da Guerra Fria, observou-se na América Latina uma crescente ampliação das intervenções do governo dos EUA na política dos países latino americanos. Preocupados com a crescente influencia da esquerda junto aos governos nacionalistas da região, o Governo dos EUA sustentou diversos golpes militares que visavam afastar a ameaça comunista na região, nesse contexto a Agência Central de Inteligência (CIA), teve papel central ao servir como órgão de apoio do governo dos EUA aos setores da elite reacionária da América Latina.

Já em 1954, a CIA protagonizou o golpe de Estado que derrubou o governo progressista de Jacobo Arbenz, na Guatemala, militar nacionalista apoiado pelos comunistas do Partido Guatemalteco dos Trabalhadores (PGT). Arbenz chegou ao poder ao vencer as eleições de 1950, quando teve cerca de 65% dos votos.

Historicamente subordinado aos interesses do governo e das empresas estadunidenses, sobretudo a United Company Fruit, multinacional que atuava na produção e comércio de frutas e que exercia grande poder de influencia nos países da América Central com o apoio das oligarquias nativas, dominavam a politica na região, daí a origem da famosa expressão “Republica das Bananas”, para nomear os países centro-americanos.

Já em 1944, a Guatemala após a Revolução de Outubro que deu fim a ditadura do General Ubico passa por um processo de transformações democráticas e anti-imperialistas.

Ao tomar posse na presidência, Arbenz, promete romper o modelo de dependência econômica, pregando a modernização do capitalismo guatemalteco, processo este que já havia sido iniciado no governo Arévalo, coube ao novo governo aprofundar as transformações, realizando a reforma agraria, a nacionalização das riquezas naturais, expropriação das terras de empresas estadunidenses, entre outras medidas.

A United Fruit Company detinha cerca de 7% do total de terras agricultáveis do país que estavam ociosas, e foi o maior alvo das desapropriações do governo, a multinacional tinha estreitas relações com o governo Eisenhower e, portanto a resposta de Washington veio imediatamente, e começa a ser articulado pela UFC e a CIA um plano para desestabilizar o governo, usando o artificio de classificar o governo como fantoche do comunismo internacional e da URSS.

Se valendo de artifícios como esse os EUA consegue isolar o governo guatemalteco dos demais países da América Central. A partir desse momento um exercito de mercenários treinados pela CIA começa a articular o golpe – foi a primeira intervenção direta da CIA na América Latina – invadindo o país através da fronteira com Honduras e sustenta o inicio do golpe de estado, a resistência foi inócua e logo setores do exercito que supostamente apoiavam lealmente o governo se aliaram aos imperialistas e a oligarquia local, em 27 de junho de 1954 o governo constitucional é derrubado e sob a liderança do Coronel Castillo Armas é instituída uma brutal ditadura que segundo estimativas foi responsável por 200 mil mortes e desaparecimentos políticos, esse novo governo golpista pró imperialismo, como não poderia deixar de ser, logo foi reconhecido pelos Estados Unidos, de acordo com documento do PGT de 1955.

Possivelmente, Arbenz e o PGT poderiam conter a ofensiva imperialista, entretanto cometeram erros que inviabilizaram a resistência, como a de confiar demasiadamente nos setores da burguesia nacional, em detrimento da mobilização popular, fazendo uma autocritica o PGT declara no documento de 1955:

“O PGT não estimou corretamente a pouca capacidade de resistência a burguesia nacional e nem sempre levou em conta seu caráter conciliador perante o imperialismo e as classe reacionárias; por isso, ele se iludiu com relação ao patriotismo, à lealdade e à firmeza da burguesia nacional em face das investidas do imperialismo norte-americano”.

Pouco antes do Golpe, o trotskista Ismael Frias criticando o imobilismo do PGT diante a postura moderada da burguesia nacional e o exercito, frente a ameaça imperialista afirma:

“A única garantia eficaz contra as insurreições reacionárias é democratizar o exercito e armar o povo. Deve-se constituir comitês de classes e soldados para a depuração dos oficiais antidemocráticos e proceder a eleição dos oficiais pela tropa. É preciso armar os operários e trabalhadores do campo, organizando-os em milícias, sob a direção exclusiva dos sindicatos.”

A experiencia de Arbenz na Guatemala foi positiva na medida que apontou uma série de caminhos que alguns anos mais tarde inspirarão diversos governos democráticos na América do Sul e Central, no entanto os erros cometidos, sobretudo em relação a exacerbada confiança nos setores democráticos burgueses e no exército e o aspecto geopolítico do momento despertou a contraofensiva dos EUA na sua estratégia de impedir uma possível onda vermelha no continente americano, impedindo assim, um processo de mudanças importantes, que poderia romper com o atraso econômico, politico e social na região.

Jacobo Arbenz faleceu em 27 de janeiro de 1971, afogado na banheira de sua residência, na Cidade do México, onde estava asilado, aos 57 anos.

(Fonte: Revista Veja, 3 de fevereiro de 1971 – Edição 126 – DATAS – Pág: 62)
(Fonte: http://marxcio.wordpress.com/2011/03/27 – 27 de março de 2011)

Powered by Rock Convert
Share.