J. T. Meirelles, foi um dos principais nomes do samba-jazz, gênero que surgiu no Brasil na década de 1960

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Disco de estreia do maestro J.T. Meirelles consolidou o gênero e criou estatutos do samba-jazz

João Theodoro Meirelles (Rio de Janeiro, 10 de outubro de 1940 – Rio de Janeiro, 3 de junho de 2008), mais conhecido como J. T. Meirellessaxofonista, arranjador e compositor brasileiro, foi um dos principais nomes do samba-jazz, gênero que surgiu no Brasil na década de 1960. Tocou com João Donato e criou o lendário conjunto instrumental “Os Copa 5”, que teve em uma de suas formações Eumir Deodato, Roberto Menescal, entre outros grandes nomes.

 

Maestro, saxofonista e flautista, Meirelles escreveu o arranjo original de Mas que Nada, de Jorge Ben Jor – aquele com piano elegantíssimo, a cargo de Luiz Carlos Vinhas, e um solo de sax tenor inspirado do próprio Meirelles.

Primeiro grande sucesso de Ben Jor (que à época assinava apenas Jorge Ben, mas trocou de nome, no final dos anos 1980, para evitar o repasse de direitos autorais seus para o guitarrista George Benson) Mas que Nada foi registrada no clássico disco de estreia Samba Esquema Novo (1963). Impulsionada pelo sucesso mundial da versão do pianista Sérgio Mendes e seu grupo Brazil 66’, a irresistível canção levou o Babulina (apelido de Jorge) a excursionar em várias capitais dos EUA, nos anos 1960. A canção também ganhou dezenas de outras versões, no Brasil e mundo afora – como as releituras da cantora sul-africana Miriam Makeba e do organista americano Odell Brown.

 

Tamanho êxito e o reconhecimento de que Meirelles arquitetava novas possibilidades para a música popular brasileira (e não utilizo aqui a desgastada sigla MPB, pois ela ainda não existia naquele início de anos 1960, tempo de defesa de certa MPM, a Música Popular Moderna) fez a Philips apostar em um merecido álbum solo de J.T. Meirelles. Lançado no início de 1964, com produção de Armando Pittigliani, o biscoito fino ganhou o assertivo nome de O Som. Para quem nunca teve o prazer de ouvir o disco, o título pode parecer superlativo e pretensioso, mas os nove temas instrumentais, todos compostos por Meirelles, justificam as quatro letras grandiloquentes, pois ajudaram a consolidar um novo subgênero da Bossa Nova, o chamado Samba-Jazz.

Apesar de seu protagonismo, não seria justo dizer que Meirelles “inventou” sozinho tal sonoridade, visto que desde o surgimento da Bossa Nova dezenas de grandes músicos cariocas praticavam temas embrionários do Samba-Jazz (no lendário Beco das Garrafas, em Copacabana) e também instrumentistas paulistanos (no perímetro boêmio da Praça Roosevelt, região central). Justo dizer também que, antes mesmo da estreia luminar de João Gilberto (Chega de Saudade, 1959), o flautista Altamiro Carrilho lançou, em 1957, A Turma da Gafieira – álbum capital para os novos horizontes instrumentais perseguidos por músicos brasileiros, pautados, então, pela liberdade de improviso e o cruzamento de matrizes americanas do jazz (como o be bop, o hard bop e o west coast jazz), com ritmos tipicamente brasileiros, como a própria gafieira (presente no título do álbum de Carrilho), o samba e o maracatu (celebrado na letra de Mas que Nada).

 

O Som foi gravado com um time de craques reunidos sob o codinome Copa 5. Todos eles emergentes dos inferninhos esfumaçados do Beco das Garrafas. A cozinha ficou a cargo do baterista Dom Um Romão e do baixista Manuel Gusmão (integrantes do Copa Trio, do pianista Dom Salvador); os sopros executados por Meirelles e o trompetista Pedro Paulo Siqueira (também conhecido como Pedro Paulo Trompete); ao piano, Luiz Carlos Vinhas, egresso do Bossa Três, um dos trios mais quentes do samba-jazz carioca e o primeiro a gravar nos EUA pelo selo Audio Fidelity, em 1963. Entre os clássicos temas reunidos em O Som, estão NordesteSerelepeBlue Bottle’s e Quintessência, standard instantâneo do Samba-Jazz, que ganhou regravações primorosas, como as do energético baterista Edison Machado e do supergrupo Os Cobras.

 

Com o Copa 5 reformulado (Edison Machado no lugar de Dom Um, e Eumir Deodato substituindo Vinhas), e também acrescido dos violonistas Waltel Branco e Roberto Menescal, Meirelles lançou, em 1965 também pela Philips, um segundo álbum O Novo Som (tão essencial quanto o antecessor) e depois desmantelou o grupo. Nos anos 1970, assinando como Meirelles, lançou a série, em quatro volumes, Brazilian Beat e o experimental Brasilian Explosion (1974). Na Suécia, onde viveu na primeira metade dos anos 1970, Meirelles lançou um novo grupo, The Gimmicks (nitidamente inspirado no Brasil 66 de Sergio Mendes, especialmente pelo recurso das duas vozes femininas).

 

Começou os estudos musicais aos 8 anos, e a tocar saxofone profissionalmente aos 17, no conjunto do pianista acreano João Donato. Logo depois, foi estudar composição e arranjos, na renomada Berklee School of Music, em Boston, nos EUA. Pelo selo americano Battle, lançou com o grupo João & His Bossa Kings, em 1962, um disco raro e cultuado Cool Samba. Meirelles havia retomado as atividades com o Copa 5, no início dos anos 2000, com novos músicos, com os quais lançou os álbuns Samba Jazz!! (2002) eEsquema Novo (2005). Em 2001, O Som e O Novo Som foram relançados pelo selo Dubas, que depois lançaria os novos registros.

J.T. Meirelles partiu subitamente em 2006, aos 67 anos, sem ter tempo de diagnosticar corretamente um problema de estômago que ceifou sua vida.

 

(Fonte: http://www.gorockbee.com/2013-10-11)

(Fonte: http://www.revistabrasileiros.com.br/2013/08/15/- Marcelo Pinheiro – 15 de agosto de 2013)

 

 

 

 

 

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