Henry Robinson Luce, um idealista que renovou os padrões do jornalismo mundial.

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Luce: intransigente com a linha editorial

Henry Robinson Luce (Dengzhou, China, 3 de abril de 1898 – Nova York, 28 de fevereiro de 1967), magnata da comunicação mundial, empreendedor do ramo editorial, um idealista que renovou os padrões do jornalismo mundial, inventou uma maneira de veicular notícia e foi o ponto de partida de uma editora que se notabilizou pela publicação de revistas de qualidade.

Henry Luce e Briton Hadden são ícones da imprensa americana. Cursaram Direito, não Jornalismo. Foram colegas de classe em Yale. Tinham por volta de 25 anos de idade quando fundaram a revista Time, em 1923. Naquele tempo, já existiam cursos de Jornalismo nos EUA (o de Columbia já tinha pouco mais de dez anos de vida), mas eles preferiram estudar Direito.

A Time teve origens modestas e pioneiros arrojados

Nascida na década de 20 do idealismo de dois jovens jornalistas, Henry Luce e Briton Hadden, a Time renovou os padrões do jornalismo mundial, inventou uma maneira de veicular notícia e foi o ponto de partida de uma edtora que se notabilizou pela publicação de revistas de qualidade.

A Life, primeira grande revista ilustrada, foi um sucesso mundial até que os altos custos de sua produção a inviabilizaram. A Fortune disputa com a Forbes a condição de bíblia dos homens de negócios americanos – e assim é também com Sports Illustrated e People em suas áreas de atuação.

O jornalismo foi o veio principal da empresa pelo menos até a morte de Luce, em 1967 – Hadden falecera em 1929. A partir daí, o grupo Time, que já se lançara na edição de livros, acelerou seu processo de diversificação.

Começou a investir pesado em produção para a TV e na própria exploração de TVs a cabo.

A Time, a maior revista semanal do mundo, com uma circulação de milhares de exemplares publicou o anúncio, no dia 4 de março de 1989, do mais colossal negócio do ramo de comunicação já ocorrido nos Estados Unidos: a fusão entre a Time Inc., que entre outras múltiplas atividades edita a própria revista, e a Warner Communications, da qual resultou a Time Warner, o maior conglomerado de jornalismo e entretenimento dos Estados Unidos.

O estúdio cinematográfico Warner Bros, foi criado em 1920, em Hollywood, por quatro irmãos, filhos de um sapateiro polonês. O líder do estúdio, Jack Warner, foi capaz de intuições como querer produzir Casablanca – cujo roteiro havia sido rejeitado por todos os figurões de Hollywood – e lutar para que uma desconhecida atriz sueca interpretasse o papel principal no filme, Ingrid Bergman. Em 1967, Jack Warner vendeu suas ações da empresa por 32 milhões de dólares e o grupo começou a se diversificar.

A revolução dos recrutas

Time nasceu em conversa de quartel

Numa noite de verão de 1918, no Estado da Carolina do Sul, dois recrutas americanos trocaram os comentários sobre a rotina do serviço militar por uma conversa de várias horas, na qual o assunto era um sonho que, algum dia, realizariam juntos. Quatro anos depois, Briton Hadden (1898-1929) e Henry Robinson Luce, ambos com 24 anos e já jornalistas, encontraram-se em Nova York para colocar o sonho em prática.

Com 86 000 dólares levantados através da venda de ações da empresa que fundaram, a Time Inc., lançaram em 3 de março de 1923 o primeiro número da revista Time. Não foram bem-sucedidos: amargaram uma venda de apenas 9 000 exemplares, contra uma projeção de 25 000 para o primeiro mês. No final daquele ano, a Time já contabilizava um prejuízo de pouco mais de 39 000 dólares. Mas não desistiram e, graças a sua persistência, a Time circula mundialmente com milhares de exemplares toda semana, e a Time Inc. contabiliza um lucro anual de cerca de 1,2 bilhão de dólares.

Se dependesse da opinião dos críticos da época, a Time de Hadden e Luce estava condenada a morrer no nascedouro. Mas os prognósticos pessimistas subestimaram o conteúdo da ideia que constava do prospecto divulgado por Hadden e Luce e que serviria de alicerce para a edificação da revista. “O povo é mal informado porque nenhuma publicação se adaptou ao tempo de que as pessoas ocupadas podem dispor para se manterem informadas”, dizia a peça publicitária.

Os editores prometiam que a Time organizaria e dividiria as notícias da semana em seções, sendo que os artigos seriam escritos não para quem já tivesse conhecimento dos assuntos, mas para o homem ocupado. Com essa ideia, Hadden e Luce reformularam o jornalismo americano, injetando-lhe um novo ânimo.

SEM INTERFERÊNCIA – O projeto editorial da Time também mexeu com outros dogmas da imprensa na época. Hadden e Luce não hesitavam em marcar as reportagens com suas opiniões, desafiando o clássico conceito da objetividade e da imparcialidade jornalísticas, uma regra de ouro da imprensa americana. Os críticos acusavam os editores da Time de “pensarem” pelo leitor, quando, na verdade, o que a revistas fez foi apelar para a inteligência do leitor, através de reportagens claras.

A regra de ouro era a de publicar o que interessasse ao leitor, com total independência em relação a governos e pressões econômicas ou políticas. O importante para Luce, que com a morte de Hadden, em 1929, passou a tocar a empresa sozinho, era que o jornalismo viesse sempre em primeiro lugar. Hedley Donovan (1914-1990), seu sucessor no comando da revista, entronizou a doutrina da independência em documento, especificando que o editor-chefe tinha poderes para alertar o Conselho Administrativo da empresa sobre atividades da área comercial que pudesse depor contra o nome da revista.

(Fonte: Veja, 15 de março de 1989 – ANO 22 – N° 11 – Edição 1071 – IMPRENSA – Pág; 78/79/80)
(Fonte: http://veja.abril.com.br/blog – Política & Cia/ Por Ricardo Setti – Artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo/ Por Eugênio Bucci – 27/08/2012)

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