Henry James, ensaísta e crítico, figura entre os mais influentes autores da virada do século 19

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James: pouco sexo e muito talento

 

Henry James (Nova York, 15 de abril de 1843 – Londres, 28 de fevereiro de 1916), escritor, dramaturgo, ensaísta e crítico, figura entre os mais influentes autores da virada do século 19.

Henry James foi naturalizado britânico em 1915.

 

Henry James foi um dos grandes escritores da virada do século 19 para o 20, e em seus romances (como “Outra volta do parafuso”, “Washington Square”, “Pelos olhos de Maisie”, “Retrato de uma dama”) a atividade mental dos personagens (sinuosa, contraditória, imprevisível) é recriada com uma prosa elegante e cheia de nuances.

 

 

Nenhuma palavra é melhor para descrever Henry James, como personagem e como escritor, do que “ambiguidade”. Sua vida privada continua sendo uma incógnita.

 

 

Com exceção de algumas cartas levemente comprometedoras, endereçadas a um jovem escultor inglês, não há evidência de que ele se tenha envolvido amorosamente com quem quer que seja: até onde se sabe, pode ter passado a vida quase “em branco”. Na literatura, o americano James tem um dos estilos mais cavilosos e retorcidos de que se tem notícia.

 

 

Não gosta de dizer nada às claras e é amigo dos duplos, triplos e até quádruplos sentidos. Essas características ficam evidentes sobretudo em sua trinca final de obras-primas, Os Embaixadores, As Asas da Pomba e O Vaso Dourado.

 

 

Na obra As Asas da Pomba, mostra como o autor, agudo observador da vida na virada do século 20, soube retratar as novas relações entre os sexos, as novas relações entre as classes e aquele mundo de transformações no qual, segundo disse o sapo barbudo Karl Marx, “tudo que é sólido desmancha no ar”.

 

 

Como revelou James no prefácio para a edição nova-iorquina de As Asas da Pomba: (os prefácios de James são verdadeiras aulas sobre como compor e azeitar a trama de um romance), o livro foi escrito em memória de uma sobrinha “apaixonada pela vida”, que morreu muito cedo. Na trama, Merton e Kate são jovens londrinos que se apaixonam e assumem um compromisso secreto.

 

 

Mas eles são pobres e decididos a não se casar sem dinheiro. Nesse ponto, entra em cena um personagem típico de James, a americana jovem e ingênua: ela é Milly Theale, herdeira de milhões, que veio desbravar a Europa acompanhada de uma amiga.

 

 

É ela a personagem inspirada na sobrinha de James. Milly e Kate se tornam amigas. Esta última descobre que a imaculada “pomba” americana tem uma doença incurável e também que se enamorou de Merton. Kate arma seu plano: Merton cortejará Milly, se casará com ela e receberá seu legado quando a moça morrer. Assim, criará as condições para que ela mesma, Kate, se transforme na segunda, e agora rica, senhora Merton.

 

 

Como se vê, a trama é um clássico melodrama sobre a inocência traída. Nas mãos de James, entretanto, a história ganha muitos níveis de leitura. Transforma-se numa reflexão sobre como até mesmo as características humanas que o sentimentalismo burguês insistia em chamar de inestimáveis — como generosidade ou compaixão — se haviam transformado rapidamente, por obra da mesma burguesia, em mercadorias.

 

 

As Asas da Pomba é um livro sobre dinheiro, ou, melhor dizendo, sobre comércio. Kate não é uma bruxa. É também uma heroína trágica, tentando escapar, com todas as armas de que dispõe, da posição social subalterna em que era obrigada a viver.

 

Na construção dessa personagem poderosa, James foi capaz de usar, mais uma vez, a ambiguidade que é sua principal característica como escritor.

(Fonte: Veja, 8 de abril de 1998 –Ano 31 – N° 14 – Edição 1541 – LIVROS/ Por Carlos Graieb – “As Asas da Pomba”, de Henry James – Pág; 128)
(Fonte: http://www.musarara.com.br/henry-james- Por Braulio Tavares – 23/08/2012)

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