Harry Markowitz, economista laureado com um Nobel e pioneiro da teoria moderna do portfólio, criou uma revolução no mundo financeiro, ao mexer com a tradicional abordagem de comprar ações – o que lhe valeu o Nobel da Economia em 1990

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Harry Markowitz, pai da teoria moderna do portfólio

O economista revolucionou a abordagem tradicional da compra de ações ao analisar a relação entre risco e recompensa.

Harry Markowitz: estudos formaram a base sobre teoria moderna de portfólio. (Foto: divulgação San Diego University)

 

 

Harry Max Markowitz (Chicago, 24 de agosto de 1927 – San Diego, 2 de junho de 2023), economista laureado com um Nobel e pioneiro da teoria moderna do portfólio, criou uma revolução no mundo financeiro, ao mexer com a tradicional abordagem de comprar ações – o que lhe valeu o Nobel da Economia em 1990.

Markowitz é amplamente reconhecido como um dos pioneiros da moderna teoria de carteiras e gestão de investimentos. Nascido em 24 de agosto de 1927, em Chicago, nos Estados Unidos, se destacou por suas contribuições fundamentais na área de finanças. Sua pesquisa revolucionou a forma como os investidores avaliam e constroem carteiras de investimento, introduzindo o conceito de diversificação e o cálculo do risco sistemático.

Recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1990, juntamente com Merton Miller e William F. Sharpe. Seu trabalho foi fundamental para o desenvolvimento da economia financeira moderna e continua a influenciar a teoria e a prática de investimentos até os dias de hoje. Markowitz também se destacou como professor e mentor, inspirando gerações de acadêmicos e profissionais em finanças.

A sua teoria – conhecida como teoria moderna do portfólio ou teoria de Markowitz – foi apresentada em 1952, num artigo publicado no Journal of Finance, e mudou a forma como se cria uma carteira de investimento, tendo como foco gerar o maior retorno possível, com o menor risco possível.

Basicamente, Markowitz rompeu com a tradicional análise de investimento, centrando-se na combinação de ativos em vez de se focar nos títulos de forma individual. Ele demonstrou que o risco, em qualquer carteira, está menos dependente do grau de risco das ações e outros ativos que compõem o portfólio do que com a forma como se relacionam entre si. Foi a primeira vez que os benefícios da diversificação foram codificados e quantificados, explica o The New York Times. E, para isso, o economista recorreu a estatística e matemática avançada – de modo a calcular correlações e variações (desvios) a partir da mediana.

A sua teoria assenta em três pontos principais: retornos esperados, risco e correlação dos ativos. Ou seja, o foco está na diversificação.

Para Markowitz, os investidores que colocavam todo o seu dinheiro numa qualquer ação que tivesse o mais alto valor esperado estavam errados. Em vez disso, o economista via como melhor opção aquilo a que chamava de portfólio eficiente, que equilibrava os retornos (a recompensa) e o risco.

Com base na correlação entre os ativos, Markowitz comprovou que existem carteiras com os maiores retornos possíveis para determinados níveis de volatilidade – e que essas carteiras estão presentes na chamada fronteira eficiente (ou seja, são carteiras com uma otimização do risco e do retorno), sublinha o grupo de “research” Suno.

A sua solução de diversificação dos ativos numa carteira de investimento não agradou a todos. Nassim Nicholas Taleb, autor de “O cisne negro”, disse que os investidores que perderam dinheiro na crise financeira de 2008 podiam “agradecer” ao comité do Prémio Nobel por prestar honras a Markowitz e a outros economistas que criaram equações que fazem as ações parecer menos arriscadas do que aquilo que de facto são, refere a Bloomberg. Já Markowitz não concordava com esta visão e em 2008 chegou a dizer que o verdadeiro problema estava nas “camadas de produtos fruto de engenharia financeira dos últimos anos, a par com elevados níveis de endividamento”.

Em 2009, recorda a Bloomberg, Markowitz afirmou que a forte queda dos mercados acionistas ocorrida no ano precedente [na sequência da crise do “suprime” nos EUA, quando estorou a bolha do mercado imobiliário e se percebeu que tinha sido concedido crédito hipotecário a muitas famílias sem grande qualidade creditícia]só vinha reforçar a sua convicção de que as ações se movimentam de forma imprevisível, como um “rebanho em debandada”.

 

A teoria criada por Markowitz até hoje influencia a elaboração de carteiras de investimentos.

Markowitz é o criador da teoria moderna do portfólio, também conhecida como teoria de Markowitz em sua homenagem. Esta teoria revolucionou o método de elaboração de carteira de investimentos. Por esta criação, ele recebeu o prêmio Nobel de Economia em 1990.

Ele dedicou seus estudos sobretudo a qual seria a melhor maneira de criar uma carteira com o maior retorno e o menor risco possível.

Se baseando na correlação entre os ativos, Markowitz conseguiu de forma empírica comprovar que existem carteiras com os maiores retornos possíveis para certos níveis de volatilidade (considerada como medida de risco).

Essas carteiras estão todas presentes na chamada “fronteira eficiente“. Ou seja, todas as carteiras presentes na fronteira eficiente são carteiras otimizadas pela teoria de Markowitz. Portanto, possuem uma otimização de risco e retorno.

Teoria Moderna do Portfólio

A Teoria Moderna do Portfólio, desenvolvida por Harry Markowitz na década de 1950, é um conceito fundamental em finanças que busca otimizar a relação entre risco e retorno em um portfólio de investimentos. Markowitz ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 1990 por sua contribuição nesta área. A teoria é frequentemente referida como a Teoria da Carteira de Markowitz.

Diversificação e Otimização

O princípio central da Teoria Moderna do Portfólio é a diversificação, que envolve a alocação de recursos em diferentes ativos para reduzir o risco. Markowitz argumentou que ao combinar ativos que não estão perfeitamente correlacionados, um investidor pode obter um portfólio com menor risco do que a média ponderada dos riscos dos ativos individuais.

Fronteira Eficiente

Outro conceito-chave da teoria é a Fronteira Eficiente. A Fronteira Eficiente representa o conjunto de portfólios que oferece o máximo retorno esperado para um determinado nível de risco, ou o menor risco para um determinado nível de retorno esperado. Portfólios que estão na Fronteira Eficiente são considerados otimizados.

Risco e Retorno

Markowitz distinguiu dois tipos de risco: risco sistemático e risco não sistemático. O risco sistemático, também conhecido como risco de mercado, é inerente a todo o mercado e não pode ser eliminado através da diversificação. O risco não sistemático, por outro lado, é específico de um ativo individual e pode ser reduzido através da diversificação.

Aplicação Prática

Na prática, a Teoria Moderna do Portfólio envolve a utilização de técnicas de otimização matemática para encontrar a alocação de ativos que maximiza o retorno esperado para um determinado nível de risco. Isso é frequentemente feito através de modelos de otimização de portfólio que levam em consideração as expectativas de retorno, a volatilidade e a correlação entre os ativos.

Fatores levados em conta por Markowitz

A elaboração do estudo de Markowitz leva em consideração complexas fórmulas matemáticas.

No entanto, a sua base teórica é acessível de entender mesmo para os investidores iniciantes.

Os 3 principais pontos levados em conta na elaboração da teoria moderna do portfólio são:

  • Retornos esperados
  • Risco (Desvio padrão)
  • Correlação

Retornos esperados

Cada ativo possui um retorno esperado. Isto é, o quanto o investidor espera ganhar ao comprar aquele ativo.

Este retorno esperado é diferente para cada ativo. E ele costuma variar diretamente com o risco esperado.

Ou seja, ativos com menores riscos possuem retornos esperados pequenos.

Enquanto ativos com maiores riscos possuem retorno esperado também maiores.

Por exemplo, suponha que um investidor resolva investir na poupança, a aplicação mais popular no Brasil.

Esta é uma aplicação considerada de baixíssimo risco. Visto que, além de contar com a segurança do crédito de um banco conta também com a garantia do FGC, o fundo garantidor de crédito.

Porém, este baixo risco vem acompanhado com uma má noticia para o investidor: O retorno esperado também é baixíssimo.

Em 2018, por exemplo, a poupança rendia apenas 0,37% ao mês, ou 4,44% ao ano. Ou seja, abaixo até do centro da meta de inflação do governo brasileiro.

Agora compare o investimento na poupança com o investimento em ações.

As ações possuem um retorno esperado muito acima da poupança. O retorno médio do índice de ações brasileiro, por exemplo, é de 7,5% acima da inflação. Considerando uma inflação de 4,5%, isto da um retorno absoluto de 12% ao ano.

Este maior retorno, porém, vem acompanhado de uma maior volatilidade. O retorno das ações podem variar bastante, oscilando anos negativos e anos muito positivos.

Risco

Como visto, o risco está diretmente associado ao retorno esperado. Quanto menor o risco, menor o retorno, e vice-versa.

Este risco é medido pelo desvio padrão.

O desvio padrão mede qual o desvio médio do centro da média de retornos. Este desvio pode ser para mais ou para menos.

Um alto desvio padrão está associado a uma maior volatilidade, ou seja, uma maior incerteza.

As ações, por exemplo, apresentam um desvio padrão muito alto. Portanto, os seus retornos no curto prazo podem oscilar bastante da sua média de 7,5% mais inflação ao ano.

Por exemplo: Em 2015 o Ibovespa rendeu -13,3%. Enquanto que em 2016 rendeu +38,9%.

Já a poupança possui rendimentos que apresentam variações mínimas. Em 2015, por exemplo, a aplicação rendeu 8,15%, e em 2016 8,3%.

Correlação

No tema da correlação é onde acontece a revolução representada pela fronteira eficiente.

A correlação de ativos mede o quanto estes ativos se movem conjuntamente e varia de +1 a -1.

+1 são os ativos que se movem de forma exatamente iguais. Na prática isto é muito difícil de ocorrer, mas ocorrem correlações muito próximas a 1.

Por exemplo, as ações ordinárias da Petrobras se movem de maneira muito similar às suas ações preferencias, possuindo uma correlação quase igual a +1.

Já os ativos que se movem de maneira completamente oposta possuem a correlação igual a -1. Na prática isto é também muito difícil de ocorrer, mas existem ativos que se movem de maneira oposta, embora não perfeitamente.

Um exemplo é o Ibovespa e o dólar. Quando o Ibovespa cai, o dólar sobe, e vice-versa.

Ou seja, estes dois ativos possuem uma correlação negativa.

A teoria moderna do portfólio revolucionou ao comprovar os benefícios de acrescentar ativos que se movem de forma diferente em um só portfólio.

Através de modelos matemáticos ficou comprovado que o melhor portfólio não seria um composto apenas de renda fixa, ou apenas de ações, mas sim de uma composição mista entre essas duas classes de ativos.

Obviamente que o portfólio também deve se adequar ao perfil de risco do investidor.

Lição de Markowitz

O principal legado da fronteira eficiente foi demonstrar para todos o poder da diversificação.

Pode-se dizer que do estudo de Markowitz se deriva uma máxima popular dos investimentos: Não coloque todos os seus ovos em uma cesta só.

Harry Markowitz faleceu na quinta-feira, 22 de junho, com 95 anos. A notícia foi anunciada pelo The New York Times, que diz que o economista morreu num hospital de San Diego devido a uma pneumonia e septicémia.

(Créditos autorais: https://www.jornaldenegocios.pt/mercados/bolsa/detalhe – MERCADOS/ BOLSA/ NEGÓCIOS/ por Carla Pedro – 26 de Junho de 2023)

(Créditos autorais: https://www.suno.com.br/tudo-sobre/harry-markowitz – BIOGRAFIA DE HARRY MARKOWITZ)

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